02/08/2007 - A recuperação
das matas ciliares do Vale do Ribeira, entre
São Paulo e Paraná, é
o objetivo maior da campanha "Cílios
do Ribeira", que será lançada
nos dias 10 e 11 de agosto. O nome da campanha
foi selecionado a partir de concurso promovido
em 29 escolas públicas da região,
em um processo de mobilização
que envolveu cerca de dois mil alunos.
“Cílios do Ribeira”
é o nome da campanha de recuperação
da mata ciliar do Vale do Ribeira que será
lançada nos próximos dias 10
e 11 de agosto, em Registro (SP). O batismo
da campanha foi realizado por meio de um processo
participativo que envolveu aproximadamente
2 mil alunos de 29 escolas públicas
de 14 municípios da região.
O nome escolhido foi criado
pela estudante Raquel Hellen do Nascimento,
17 anos, que cursa a 3ª série
do ensino médio na escola estadual
Prof. Luiz Darly Gomes de Araújo, no
município de Barra do Turvo. Raquel
e sua professora, Lenisa Maria dos Passos,
receberão como prêmio pela vitória
no concurso um computador cada uma. “Recebemos
a notícia hoje e toda a escola ficou
muito feliz, mal acreditamos”, diz a professora.
“As novas gerações estão
muito conscientes em relação
aos temas ambientais e acho que a campanha
vai contar com o apoio de muitos jovens da
região”, acredita ela.
A campanha “Cílios
do Ribeira” surgiu a partir de uma parceria
entre o Instituto Ambiental Vidágua
e o Instituto Socioambiental (ISA) e hoje
envolve mais de 40 instituições
públicas e segmentos sociais do Vale
do Ribeira. A iniciativa pretende desenvolver
nos próximos dois anos um conjunto
de ações estratégicas
para garantir a proteção das
águas da Bacia Hidrográfica
do Rio Ribeira de Iguape, região que
abriga o maior e mais conservado remanescente
contínuo de Mata Atlântica do
Brasil. Veja abaixo as metas da campanha.
A campanha também
tem como objetivo reverter o quadro de degradação
atual das Áreas de Preservação
Permanente (APPS). Nos últimos 20 anos,
o Vale do Ribeira perdeu mais de 10.500 campos
de futebol de mata ciliar, somente na porção
paulista de sua bacia. Sem suas margens cobertas
pela vegetação, o rio Ribeira,
bem como seus principais afluentes, sofre
com o assoreamento de seu leito, com a erosão
de suas margens e com a queda da qualidade
de suas águas. O processo afeta negativamente
toda a população da região,
pois a ausências das matas ciliares
provoca o aumento e o agravamento de cheias
e enchentes, diminui a quantidade de peixes
nos rios e compromete a pesca comercial e
tradicional.
Uma campanha construída
coletivamente
A seleção
do nome da campanha entre as sugestões
de estudantes do Vale do Ribeira não
é o único exemplo da forma participativa
na qual a campanha vem sendo construída.
O processo de mobilização começou
com a realização de seminários
em cinco sub-regiões do Vale do Ribeira
entre novembro de 2006 e maio passado, quando
pesquisadores, técnicos, gestores públicos
e moradores dos respectivos municípios
puderam identificar as áreas prioritárias
para recuperação e produzir
um mapa com estas informações.
Os seminários também foram importantes
para esclarecer e sensibilizar os diferentes
setores da sociedade sobre a necessidade de
ações integradas para a reversão
do quadro atual de degradação
das florestas ciliares.
O processo de mobilização
para envolver o maior número possível
de pessoas em torno dos objetivos da campanha
também incluiu a realização
de uma expedição pelo rio Ribeira.
No começo de maio, a “Expedição
de Educação Ambiental e Levantamento
de Campo no Rio Ribeira de Iguape”, percorreu
o rio desde seu alto curso, na região
de Cerro Azul, no Paraná, até
o município de Iporanga, já
em São Paulo. A descida de barco pelo
rio serviu para a equipe da campanha documentar
em foto e vídeo a situação
das margens e para sensibilizar as comunidades
ribeirinhas sobre a importância delas
colaboraram na conservação das
matas ciliares. A expedição
também exibiu projeções
cinematográficas em locais públicos,
nas cidades pelas quais ela passou, para informar
e ao mesmo tempo oferecer um momento de lazer
às populações.
A Campanha Cílios
do Ribeira pretende:
• Reforçar os conhecimentos
sobre a necessidade de recuperação
das florestas ciliares de forma a demonstrar
a possibilidade de melhoria da qualidade dos
recursos hídricos e naturais da região;
• Estimular a discussão
de novas relações e parcerias
entre os poderes públicos e as comunidades
locais;
• Qualificar a participação
das comunidades nos processos de gestão
dos recursos hídricos;
• Desenvolver novas alternativas
sustentáveis de uso racional da terra;
• Construir modelos replicáveis,
eficientes e participativos de reflorestamento,
com possibilidade de geração
de trabalho e renda;
• Conservar e proteger a
biodiversidade.
Suas metas gerais são:
• Ampliar os estudos técnicos
sobre a situação das APPs, em
especial das matas ciliares, da porção
paranaense da Bacia do Ribeira;
• Prospectar novos fundos
de financiamento para projetos de proteção
das florestas ciliares e mananciais da região;
• Mobilizar e engajar os
setores públicos e sociais para participação
nas ações de recuperação
ambiental da Bacia;
• Produzir e disponibilizar
informações técnicas
para proteção, manutenção
e recuperação das matas ciliares.
Suas metas específicas
são:
• Recuperar 120 hectares
de mata ciliar, divididos pelos 30 municípios
entre São Paulo e Paraná;
• Produzir 230 mil mudas
de essências florestais nativas;
• Geração
de trabalho e renda para as comunidades locais
nos processos de reflorestamento e produção
de mudas;
• Capacitar 250 técnicos
locais em atividades de produção
de mudas e sementes;
• Envolver diretamente 93
escolas públicas do Vale do Ribeira
nas ações de educação
ambiental.