1 de Agosto de 2007 - Amanda
Mota - Repórter da Agência Brasil
- Manaus - A captura de animais silvestres
persiste irregularmente em todo o país,
segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), que reintegrou hoje (1º) 26
deles à natureza: três jacarés
da espécie tinga, sete cobras adultas,
sendo seis jibóias e uma sucuri, sete
bichos-preguiça,
um pássaro da espécie socó-boi,
sete quelônios e uma paca mantidos irregularmente
no interior do Amazonas. Quelônios são
tartarugas, cágados e jabutis.
O órgão afirma
que esta prática gera dois problemas
imediatos: desequilíbrio ecológico
no hábitat natural do animal e crescimento
do índice de abandono – quando ele
cresce, o dono o larga em algum lugar.
"No começo,
eles são bichinhos pequenos, docéis
e frágeis. Depois que crescem e não
podem ser domesticados, fazendo bagunça
demais, causando doenças ou incomodando
a vizinhança, são abandonados
de qualquer jeito. O problema é que
aí pode ser tarde demais para serem
recolocados na natureza. Isso sem falar do
desequilíbrio ambiental gerado pela
função ecológica que
o animal deixa de cumprir no habitat",
explica o analista ambiental Marcelo Dutra,
do Ibama.
Com exceção
da paca, os animais estavam sendo utilizados
como "atrativos" turísticos.
No último fim de semana, após
receber uma denúncia formalizada pelo
Ministério Público Federal,
os fiscais do Ibama estiveram em um restaurante
na região dos lagos Janauary e Salvador,
no Amazonas, e descobriram que mais de 50
pessoas, entre elas crianças menores
de dez anos, ofereciam os bichos para que
os turistas pegassem e fotografassem, cobrando
de R$ 5 a R$ 20.
"Apenas dois adultos
foram flagrados durante a operação.
A maioria dos animais estava com as crianças
ribeirinhas. Nas casas dos 'bicheiros', as
preguiças estavam amarradas em banheiros
de madeira improvisados, os macacos, amarrados
em botijões de gás, e três
das jibóias encontradas se apertavam
em uma caixa de madeira totalmente inadequada",
revela Dutra.
No dia da apreensão,
segundo relatório do Ibama, estavam
no local diversas embarcações
com mais de 200 turistas, que eram abordados,
na maioria dos casos, pelas crianças.
Foram apreendidos 45 animais, incluindo 15
periquitos e duas araras, que foram levados
para o Centro de Tratamento de Animais Silvestres
do Ibama, em Manaus, para atendimento emergencial.
Segundo Dutra, os animais são avaliados
em todos os sentidos, até mesmo como
garantia de que vão sobreviver caso
sejam recolocados na floresta.
"Somente 26 animais
foram liberados pelos veterinários
para retorno à natureza. O restante
não está em condições.
Os periquitos, por exemplo, tem muito pouco
tempo de vida. Ainda não sabemos o
que vai acontecer, mas existem casos de animais
que jamais retornam ao habitat natural por
terem perdido as origens selvagens. Nesse
caso, são enviados para zoológicos
ou criatórios preservacionistas legalizados",
explica o analista.
De acordo com a Lei de Crimes
Ambientais (9.605/98), a pena para quem mata,
persegue, caça, apanha, mantém
em cativeiro ou utiliza espécies da
fauna silvestre sem autorização
do Ibama é de R$ 500 por animal. O
valor pode ficar até R$ 5 mil mais
caro se for uma espécie ameaçada
de extinção. Em caso de maus
tratos, a multa pode chegar a R$ 10 mil, com
pena de até 18 meses de prisão.