O Sistema Estadual de Meio
Ambiente (Sisema), por meio do Instituto Estadual
de Florestas (IEF) e do Instituto Mineiro
de Gestão das Águas (Igam),
assinou, nessa quarta-feira (8), com o Instituto
Terra, um acordo que representa um avanço
nas ações de recuperação
da bacia do rio Doce.
O termo de cooperação
técnica prevê ampliação
do viveiro de mudas existente na Reserva Particular
de Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda
Bulcão, pertencente ao Instituto, em
0,5 hectares para produção,
em três anos, de 1,5 milhão de
mudas de espécies nativas da Mata Atlântica.
As mudas serão utilizadas para o plantio
em áreas degradadas, possibilitando
a formação de microcorredores
ecológicos de recuperação
ambiental, com o objetivo de inibir a desertificação
na bacia do rio Doce.
O termo foi assinado no
âmbito do Projeto Produtor de Água:
Produção de Mudas de Mata Atlântica
para Recuperação e Preservação
de Nascente e Áreas de Preservação
Permanente (APPs) no Médio Rio Doce.
Com a assinatura, técnicos do IEF irão
supervisionar e acompanhar a ampliação
do viveiro, de modo que a produção
de mudas aumente de 600 mil unidades por ano
para, pelo menos, 1 milhão de mudas.
Serão também realizados cursos
de educação e recuperação
ambiental no médio Doce com objetivo
de capacitar técnicos e esclarecer
os produtores rurais sobre a importância
da recuperação ambiental.
"A parceria com o Instituto
Terra busca otimizar o aproveitamento da experiência
bem sucedida desenvolvida na Fazenda Bulcão.
Queremos também replicar essa experiência
para outros projetos de recuperação
no rio Doce", esclarece o secretário
de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável, José Carlos Carvalho.
"Através da cooperação
técnica entre o Instituto Terra e o
IEF, com apoio do Igam, e aproveitando a experiência
de plantio desenvolvida pelo Instituto, será
montado um trabalho de extensão e assistência
técnica para apoiar produtores rurais
ligados ao processo", completa.
O fotógrafo Sebastião
Salgado, fundador e vice-presidente do Instituto
Terra, avalia que as ações desenvolvidas
em parceria com o Sisema na região
de Aimorés formam um quadro do que
acontece no mundo. "O aquecimento global
é um tema que está em discussão
em todos os países. Nesse contexto,
existe uma real e urgente necessidade de conscientização
da importância da recuperação
das bacias. Os convênios assinados são
o que de mais moderno está acontecendo
no mundo", relata. Para o Secretário
José Carlos Carvalho, a iniciativa
tem grande valor. "Estamos dando um grande
passo para reverter a situação
histórica de degradação
da bacia hidrográfica do rio Doce.
Essa iniciativa é fundamental para
mostrar que a sociedade mobilizada pode perfeitamente
mudar o curso dos acontecimentos e, assim,
mudar o rumo da história", declara.
Fazenda Bulcão
O projeto de recuperação
da Mata Atlântica é desenvolvido
na Reserva Particular do Patrimônio
Natural (RPPN) Fazenda Bulcão desde
1999. Com o início dos trabalhos, foram
plantadas 1,08 milhão de mudas de 293
espécies nativas, em 334,3 hectares
de áreas anteriormente ocupadas por
pastos ou áreas degradadas na unidade
de conservação. Esses números
representam 47,1% da área total da
fazenda, que possui 709,84 hectares, sendo
608,6930 ha destinados à Reserva Particular
do Patrimônio Natural - RPPN Fazenda
Bulcão - para reflorestamento. A unidade
de conservação está localizada
no município de Aimorés, no
leste de Minas Gerais, e insere-se no domínio
de Mata Atlântica, sendo reconhecida
como RPPN pela Portaria do IEF nº 81,
de 07 de outubro de 1998.
A Reserva é administrada
pelo Instituto Terra, uma associação
civil, sem fins lucrativos, fundada em 1998
pelo fotógrafo Sebastião Ribeiro
Salgado e Lélia Deluiz Wanick Salgado.
A área de influência do Instituto
abrange sete municípios, compreendendo
cerca de 150 mil pessoas. Durante a solenidade
do último dia 08, os proprietários
doraram, oficialmente, a RPPN ao Instituto
Terra.
O principal objetivo do
Instituto Terra é promover, executar
e apoiar programas e ações concretas
de conservação, recuperação,
gestão e educação ambiental
na Mata Atlântica da Bacia do Vale do
Rio Doce, através de quatro componentes:
recuperação ambiental, pesquisa,
educação e desenvolvimento sustentável.
As atividades do Instituto Terra contribuirão
para a ampliação das áreas
de conservação e uso sustentável
da biodiversidade da Mata Atlântica
no município de Aimorés e região
do médio rio Doce.
10/08/2007
Fonte: Ascom/Sisema