10 de
Agosto de 2007 - Obra, que deveria custar
2,5 bilhões de euros, já consumiu
mais de 4 bilhões em investimentos
Os atrasos na construção
do reator número 3 da usina nuclear
de Olkiluoto, na Finlândia, anunciados
nesta sexta, comprovam novamente que a energia
nuclear é uma opção cara,
perigosa e divergente das reais soluções
no combate às mudanças climáticas.
Os atrasos são resultantes de problemas
no reforço da estrutura do reator –
exigido para que este possa resistir a impactos
como o de queda de um avião. Olkiluoto
é o único exemplo de um Reator
de Água Pressurizada (EPR), símbolo
do renascimento da energia nuclear.
“A indústria nuclear
diz que se modificou e que o EPR é
um símbolo da capacidade de se fornecer
uma energia de baixo-custo que não
emite CO2. Os atrasos na construção
de Olkiluoto demonstram que esse novo formato
carrega consigo os mesmos velhos problemas:
complicações, custos progressivos,
questões crônicas de segurança
e a falta de transparência”, disse o
coordenador da campanha de Nuclear do Greenpeace
Internacional, Jan Beránek. Os projetistas
do reator sabiam, desde 2001, que ele deveria
ser resistente a ataques aéreos. E
quando a construção do reator
foi autorizada, a população
finlandesa foi falsamente informada de que
o projeto já estava dentro dessas normas.
A companhia responsável
pela construção, TVO, também
estimou que o reator de 1600 MW custaria 2,5
bilhões de euros e levaria quatro anos
para ser finalizado. Os custos já superam
4 bilhões de euros e as obras estão
atrasadas em dois anos, pelo menos. A proposta
era não utilizar subsídios públicos,
mas, na realidade, a construção
está sendo paga por impostos de contribuintes
franceses e suecos, além de um pequeno
percentual vindo de bancos estatais.
A proposta de Revolução
Energética do Greenpeace mostra claramente
que as necessidades energéticas mundiais
podem ser supridas por meio de renováveis
e medidas de eficiência, sem que seja
necessário recorrer à energia
nuclear. “Os outros governos precisam dar
atenção aos avisos do fiasco
de Olkiluoto. O poder nuclear é um
caro desvio das reais soluções
contra as mudanças do clima. Não
devemos gastar mais tempo nem dinheiro nessa
aventura mortal do século 20”, afirmou
Beránek.
O Greenpeace reivindica
que as companhias envolvidas, TVO e STUK façam
imediatamente a lista de problemas de qualidade
e de segurança na construção
do reator de Olkiluoto. Existem até
agora 1500 defeitos listados e muitos componentes
cruciais para a segurança da usina
foram remanufaturados ou reparados.