7 de Agosto
de 2007 - Nielmar de Oliveira - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro -
A interferência do Ministério
Público e a demora na concessão
do licenciamento ambiental necessário
para a construção de usinas
hidrelétricas está modificando
o perfil da matriz energética brasileira
e propiciando o avanço de outras fontes
energéticas – principalmente as térmicas
movidas a óleo diesel e carvão.
A opinião é
do presidente da Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), Maurício Tolmasquim, que durante
o encontro Energy Summit 2007 previu hoje
(7) que a continuidade desse quadro poderá
levar, já em 2009, a uma queda no volume
de energia proveniente das hidrelétricas
– hoje responsáveis pela quase totalidade
da matriz energética – a um terço
da oferta atual.
O país, disse, vive
hoje um “paradoxo ambiental", porque
a demora na concessão de licenças
leva à construção de
usinas térmicas, em sua maioria muito
mais poluentes. "Com as restrições
ambientais cada vez mais presentes, haverá
mais demora em se construir hidrelétricas
e a opção pelas térmicas
vai poluir ainda mais o meio ambiente. Será
paradoxal se o movimento ambiental ajudar
a sujar a matriz energética brasileira",
alertou.
Tolmasquim também
apontou a redução na oferta
de energia de origem hídrica nos leilões
para 2011: "Isso não é
condizente com as necessidades do país,
que poderia estar ofertando mais dessa energia
se os licenciamentos ambientais estivessem
sendo liberados com mais rapidez. Constroem-se
mais térmicas a carvão e óleo
e vai-se poluindo mais o meio ambiente”.
E defendeu redução
nos prazos para a liberação
de licenças ambientais de projetos
hidrelétricos, a fim de permitir maior
participação dessa fonte na
oferta de energia a partir de 2012. "O
primeiro passo é o Conama [Conselho
Nacional de Meio Ambiente] cumprir o prazo
de nove meses. O segundo, seria acelerar os
projetos que já tiveram ampla análise
ambiental. A prioridade número um é
a segurança, mas não podemos
nos acomodar, uma vez que a qualidade da matriz
já não é tão interessante
como era antes", avaliou.