06/08/2007 - Líderes
de nove etnias do Parque Indígena do
Xingu, localizado no nordeste do Mato Grosso,
estão circulando uma carta em que protestam
mais uma vez contra a construção
de hidrelétricas, a derrubada da floresta
e o uso descontrolado de agrotóxicos
na região das
cabeceiras do Xingu. A maior parte das nascentes
do rio está fora da Terra Indígena
e em uma área em processo acelerado
de uso e ocupação do solo. Já
há alguns anos, os índios vêm
se manifestando contrariamente à construção
de hidrelétricas na região.
Denominado Carta Aberta
dos Povos Xinguanos à Nação
Brasileira, o documento foi elaborado durante
um encontro entre várias comunidades
do Parque ocorrido na aldeia Ipatse, do povo
Kuikuro, em julho. O texto cobra a paralisação
imediata da construção de todas
as barragens na região dos formadores
do Xingu, uma moratória para as licenças
de novas obras, o reconhecimento e a preservação
de locais sagrados que estão fora dos
limites da TI, entre outros pontos.
Existem pelo menos nove
Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH)
previstas ao redor do Parque. A Paranatinga
II, no Rio Culuene, município de Paranatinga,
já está pronta e foi alvo de
uma intensa disputa judicial entre a empresa
responsável, a Paranatinga Energia
SA, e as comunidades indígenas. A obra
chegou a ser paralisada algumas vezes. Os
índios alegam que a usina vai prejudicar
a migração dos peixes, sua principal
fonte de alimento, e que a barragem vai alcançar
alguns de seus sítios sagrados. Reclamam
ainda do desmatamento das matas ciliares,
que já chegou a 300 mil hectares na
região e é responsável
pelo assoreamento dos cursos de água.