O governador Aécio
Neves anunciou, nesta quarta-feira (8), em
Aimorés, no Vale do Rio Doce, investimento
de R$ 5,2 milhões do Governo de Minas,
para revitalização da bacia
hidrográfica do Rio Doce e de áreas
de abrangência de Mata Atlântica
no Estado. Os recursos serão aplicados
na elaboração do Plano Integrado
de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica
do Rio Doce e dos planos das bacias dos afluentes
do rio em Minas. Os projetos serão
realizados em parceria com o Governo do Espírito
Santo e o Instituto Terra, associação
civil fundada pelo fotógrafo Sebastião
Salgado.
"Pela primeira vez
na nossa história está existindo
um trabalho planejado entre os governos do
Espírito Santo e de Minas, com a participação
do terceiro setor, que poderá permitir
à toda a região da Bacia do
Rio Doce, dentro de algum tempo, ter um projeto
de desenvolvimento sustentável que
garanta não só a essa, mas como
as futuras gerações, um caminho
de geração de renda e de emprego
e, sobretudo, de prosperidade", afirmou
o governador, em entrevista.
Durante a solenidade, realizada
na sede do Instituto Terra, localizada na
fazenda Bulcão, em Aimorés,
Aécio Neves assinou convênio
com o governador do Espírito Santo,
Paulo Hartung, e o diretor-presidente da Agência
Nacional das Águas (ANA), José
Machado, que permitirá a elaboração
do plano diretor do Rio Doce. O rio corta
os dois estados, numa extensão de 853
quilômetros.
O governo mineiro investirá R$ 1,8
milhão via Fundo de Recuperação,
Proteção Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável das Bacias Hidrográficas
do Estado de Minas Gerais (FHIDRO). O Governo
do Espírito Santo participará
com R$ 300 mil e a ANA com mais R$ 600 mil,
num total de R$ 2,7 milhões. Previsto
para ser concluído em dois anos, o
plano diretor será utilizado para fazer
o diagnóstico e o plano de ações
para a proteção, a recuperação
e a preservação dos mananciais.
Parceria
Aécio Neves destacou
a importância da participação
da sociedade junto à parceria acertada
entre os dois estados e a ANA. Segundo ele,
a participação principalmente
dos produtores rurais das regiões situados
ao longo da bacia será fundamental
para resolver a situação de
degradação da Bacia do Rio Doce.
Com uma área de 83,4 mil metros quadrados,
a bacia abrange 230 municípios (202
de Minas e 28 do Espírito Santo), onde
vivem 3,5 milhões de pessoas.
"É preciso que
os proprietários rurais, que buscam
na terra o seu sustento, estejam, em primeiro
lugar, convencidos da necessidade de preservar
ali as suas nascentes, seus mananciais. Ao
mesmo tempo, o Estado tem o dever de criar
as condições para que as suas
atividades sejam também sustentáveis.
Portanto, o esforço é esse de
agregar a comunidade produtiva de toda a região,
a partir das vias definidas de todo o plano
diretor", disse.
Corredores ecológicos
Durante a solenidade, o
governador assinou também outros dois
convênios, no valor de R$ 3,4 milhões,
que possibilitarão a recuperação
de áreas degradadas do Médio
Rio, compreendidas entre os municípios
de Governador Valadares e Aimorés,
na divisa com o Espírito Santo.
No primeiro convênio,
assinado pelo Instituto Estadual de Florestas
(IEF), Instituto Mineiro de Gestão
de Águas (Igam) e o Instituto Terra,
o Governo de Minas investirá R$ 2,3
milhões para a produção
de 1,5 milhão de mudas espécies
da Mata Atlântica em áreas degradadas
às margens do rio. O plantio permitirá
a formação de microcorredores
ecológicos e contribuirá para
inibir a desertificação na bacia.
Essas mudas serão produzidas no viveiro
da Fazenda Bulcão.
Recuperação
florestal
O governador também
autorizou o investimento de R$ 1,1 milhão,
por meio de convênio entre a Secretaria
de Estado de Meio Ambiente, IEF e Instituto
Terra, no Projeto Piloto de Recuperação
Florestal de Áreas Degradadas da Região
do Médio Rio Doce, desenvolvido desde
2004, em parceria com a instituição
japonesa Organização Internacional
de Madeiras Tropicais (ITTO). O projeto contará
ainda com investimento de R$ 272 mil do Instituto
Terra.
Desde o lançamento
do projeto, em 2005, já foram investidos
R$ 1,5 milhão na produção
230 mil mudas de espécies nativas,
em viveiros do IEF na região do médio
Rio Doce. A meta para 2007 é a produção
de 100 mil mudas. Oito municípios são
contemplados (Aimorés, Divino das Laranjeiras,
Governador Valadares, Alpercatas, Mutum, Resplendor,
São Geraldo do Baixio e Taparuba),
beneficiando 200 famílias.
Desenvolvimento sustentável
O governador ressaltou a
importância do desenvolvimento econômico
sustentável com a preservação
ambiental. Segundo ele, a parceria realizada
na recuperação da bacia do Rio
Doce poderá servir de exemplo para
todo o país.
"Nós temos que
superar definitivamente aquela máxima
de que o desenvolvimento de um lado se opunha
à preservação ambiental.
Temos de construir, na verdade, a cultura
da complementaridade. O desenvolvimento econômico
é importante, gera renda e desenvolvimento
para as famílias, mas pode ser feito
com melhores resultados, se respeitada a questão
ambiental porque aí será perene
e definitivo. O modelo da bacia do Rio Doce
com essas parcerias é algo que vai
irradiar-se por outras regiões do nosso
estado e eu tenho certeza também por
todo Brasil", disse.
Novas bacias
Durante a solenidade, Aécio
Neves também assinou protocolo de compromisso
entre o Governo de Minas e o Instituto Bioatlântica
para implantação do Projeto
Piloto de Restauração Florestal
e Promoção de Atividades Rurais
Sustentáveis nas bacias do Ribeirão
do Boi, pertencente à bacia do Rio
Caratinga, em Minas, e da bacia do Guandu,
no Espírito Santo. Esse projeto dá
continuidade ao acordo assinado em 2005 entre
os dois estados para realizar programas de
revitalização da bacia do Rio
Doce.
A primeira fase de ações
visa atender medidas exigidas pelo Protocolo
de Kyoto, programas sociais, comunidades rurais
integradas, plantio de florestas e proteção
dos aqüíferos e matas ciliares.
Todo o projeto consumirá R$ 7 milhões,
maior parte dos recursos da iniciativa privada,
e será realizado pela Bioatlântica,
organização da sociedade civil,
sem fins lucrativos, que visa à conservação
da Mata Atlântica.
Na solenidade, o governador
do Espírito Santo assinou decreto de
criação da bacia do Rio Guandu,
afluente do Rio Doce naquele estado. Os proprietários
da Fazenda Bulcão, o fotógrafo
Sebastião Salgado e sua esposa Lélia
Deluiz Wanick Salgado, também fizeram
a doação oficial da propriedade
ao Instituto Terra, presidido por Lélia
Salgado.
Sebastião Salgado
e Instituto Terra
Durante a visita à
Fazenda Bulcão, Aécio Neves
e Paulo Hartung, acompanhado do secretário
de Estado de Meio Ambiente, José Carlos
Carvalho, visitaram sala de exposição
onde estão registros do fotógrafo
Sebastião Salgado pelo mundo e o viveiro
de mudas do Instituto Terra, destinado ao
projeto de recuperação da Mata
Atlântica desenvolvido a partir de 1999.
Aécio Neves ainda plantou uma muda
de Jacarandá de Minas no terreno da
fazenda.
Desde 1999, o Instituto
Terra plantou 1,08 milhão de mudas
de 293 espécies florestais nativas
em 334,3 hectares em áreas anteriormente
ocupadas por pastos ou áreas degradadas
na Fazenda Bulcão, reconhecida Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
A área de influência do instituto
abrange sete municípios, compreendendo
cerca de 150 mil pessoas.
Durante seu discurso no
auditório do Instituto Terra, Aécio
Neves destacou a iniciativa de Sebastião
Salgado na recuperação da Mata
Atlântica em Minas. Segundo ele, a iniciativa
do fotógrafo pode ser vitrine nacional
para que o projeto se amplie pelo país.
"O que está
sendo assinado aqui hoje nos dará,
de um lado, a segurança de que temos
um caminho a percorrer que pode trazer resultados
como aqueles que já demonstrou aqui
o Instituto Terra, mas que poderá servir
de vitrine e poderá ecoar por outras
regiões de Minas e do Espírito
Santo, e acredito por outras regiões
do Brasil", afirmou.
09/08/2007
Fonte: Agência Minas