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CAMPANHA CÍLIOS DO RIBEIRA É LANÇADA OFICIALMENTE

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2007

15/08/2007 - O lançamento da campanha pela recuperação das matas ciliares do Vale do Ribeira”, nos dias 10 e 11 de agosto, em Registro (SP), contou com 281 participantes representando os mais diversos segmentos dos municípios do Vale do Ribeira, tanto da porção paulista quanto paranaense.

Nem o frio e a garoa da manhã de sábado último (11/8), impediram que centenas de pessoas fossem ao auditório do Centro de Educação e Cultura Kaigai Kogyo Kabukushi Kaisha (KKKK), da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp), em Registro, SP, para participar do lançamento oficial da Campanha Cílios do Ribeira, pela recuperação das matas ciliares do Vale do Ribeira. No palco, uma mesa com nada menos de 23 pessoas. Prefeitos da região, o bispo da Diocese de Registro, representantes das diversas comunidades que habitam o Vale, da Unesp, do Ministério Público Federal do Paraná, do Ministério do Meio Ambiente, dos produtores rurais e empresários, além de outros órgãos municipais e estaduais, levaram seu apoio e expressaram seus compromissos com o futuro do movimento.

Fruto da parceria entre o Instituto Socioambiental (ISA) e o Instituto Ambiental Vidágua, o objetivo principal da campanha é garantir a sustentabilidade dos recursos hídricos da Bacia Hidrográfica do rio Ribeira, essenciais para a qualidade de vida da população que habita o Vale do Ribeira, região que concentra a maior área contínua de Mata Atlântica do País. O espaço do KKKK foi cedido pela Unesp, campus de Registro, que também é parceira da campanha.

O seminário regional

O evento começou no dia 10 de agosto, com um seminário regional que reuniu 281 representantes dos diversos segmentos do Vale. Seu objetivo foi promover ampla articulação regional para definir e propor ações e estratégias para a implementação da campanha. Nilto Tatto, do ISA, um dos coordenadores da campanha, lembrou que o movimento começou em 2004 com um seminário no qual as duas organizações se comprometeram a construir a campanha. Em sua avaliação, o Vale não é reconhecido pela sua riqueza socioambiental mas pelos seus problemas. "Com a campanha, queremos nos antecipar, antever o futuro, não só correr atrás do prejuízo e demonstrar que a população está fazendo a sua parte".

Clodoaldo Gazzetta, do Vidágua, também coordenador da campanha, explicou que nos últimos 20 anos, o Vale teve 11 mil hectares de florestas destruídas, causando perda da biodiversidade, assoreamento dos rios e comprometimento da renda das comunidades locais, principalmente devido à redução dos estoques pesqueiros. Para ele, o evento foi de extrema importância porque pela primeira vez no Vale do Ribeira, praticamente todas as instituições envolvidas com a temática socioambiental se reuniram para discutir propostas e soluções. "Todos nós saímos vitoriosos daqui".

Comunidades tradicionais, produtores rurais e setores empresariais, prefeituras, Ongs, pesquisadores e academia, diretorias de ensino e educadores, e órgãos governamentais se dividiram em seis GTs, e debateram questões específicas sobre atividades de recuperação em curso que conheciam na região, sugeriram os próximos passos para a continuidade da campanha, relacionaram outras entidades que poderiam engrossar as fileiras do movimento e chegaram a um consenso sobre qual a ação que seu grupo considerava fundamental para ser incorporada à carta de princípios, a ser mais tarde firmada e aprovada por todos. Assim foi redigida na noite da sexta-feira a carta de princípios, na seqüência lida e aprovada em plenário. (veja a íntegra da carta abaixo)

O lançamento oficial

Histórico da campanha, apresentação da situação das APPs do Vale, apresentação de projeto-piloto em Ilha Comprida abriram o evento no dia 11. Em seguida, foi formada a mesa com a expressiva participação de prefeitos da região, de representantes do governo federal, dos governos municipais, bananicultores, areeiros, quilombolas, caiçaras, agricultores familiares e representantes do governo paranaense, além de representante do MPF do Paraná.

A solenidade começou com a professora Regina Alice Nagao Ferreira da Silva, da diretoria de ensino de Registro, lendo a carta de princípios. Em seguida, falou o representante das comunidades quilombolas José Rodrigues, alertando para a diminuição da água do rio Ribeira, em conseqüência do desmatamento, e para a destruição das nascentes. “Nós já temos tradição em preservar as margens do rio. Mas é preciso preservar os afluentes do rio e suas cabeceiras”. Com uma saudação em guarani, Félix Brisuela, representante das comunidades indígenas contou que era a primeira vez que participava de um encontro como aquele. “Eu não entendia o que era. Mas hoje já entrou na minha cabeça. É importante valorizar e ampliar essa idéia, que é a vida, a saúde. Temos de ter terra livre, mata livre, caminho livre”.

A erosão e o assoreamento do rio Ribeira foram o tema de Manoel Fernando de Oliveira Lisboa, o Nezinho, de Ilha Comprida, representante das comunidades caiçaras. “Com o rio assoreado, o peixe diminui e muitas famílias dependem do pescado”. Nezinho recordou que há 20 anos a quantidade de peixes era bem maior. “Isso faz com que o pescador sofra e por isso estamos inteiramente agregados a este movimento de recuperação das matas ciliares, para que a nova geração tenha como sobreviver”.

Falando em nome dos areeiros, Hercio Akimoto, informou a todos sobre as experiências que seu segmento já realizou em relação à recuperação e da necessidade de divulgá –las, sempre em busca de soluções compartilhadas de forma que o trabalho e o desenvolvimento possam ser sustentados. Os bananicultores do Vale foram representados por Roberto Kobori que elogiou a ação conjunta de discutir os meios a serem utilizados para a recuperação e a parceria. “Somos a primeira, a segunda e a terceira ponta. Produzimos e consumimos.Também queremos a vida saudável e a água perpetuada”.

O Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Paraná esteve representado por meio de sua secretária-executiva, Tosca Zamboni, que reafirmou o compromisso com a defesa do rio Ribeira. Para o bispo Dom José Bertanha, da Diocese de Registro, a iniciativa vai produzir uma mudança de mentalidade. "Hoje é um dia de compromisso com a natureza, com o rio, com a água que nós bebemos, que é fonte de vida". Paulo Roberto Caçola, do Programa Mata Ciliar do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) disse que todas as iniciativas em relação à recuperação de matas ciliares na porção paranaense contam com o apoio da instituição. “Mudas para replantio não faltarão e a custo zero para os agricultores paranaenses”. O governo do Paraná também enviou o assessor da secretaria de Agricultura e Abastecimento, Ednei Bueno do Nascimento, para o lançamento, mostrando seu empenho em apoiar a campanha. "A Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape representa a maior reserva de água doce dos estados de São Paulo e Paraná e, futuramente, seu manancial será disputado para abastecimento de água para as regiões metropolitanas de Curitiba e São Paulo", avaliou o assessor.

A secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Maria Cecília Wey de Brito falou em nome da ministra Marina Silva e disse que embora o Ministério estivesse fisicamente distante dali, apoiava as ações em campo. Ela reforçou que a iniciativa de se fazer propostas para a campanha, e avançar nelas abria a chance para o movimento receber recursos do Poder Público.

Em seguida foram entregues os prêmios à vencedora do concurso que deu nome à campanha, a estudante Raquel Hellen do Nascimento, 17 anos, da Escola Estadual Prof. Luiz Darly Gomes de Araújo, de Barra do Turvo, e para sua professora Lenisa Maria dos Passos. Ambas ganharam um computador cada uma. O encerramento se deu com o plantio de mudas nativas.

Carta CÍLIOS DO RIBEIRA

Nos dias 10 e 11 de agosto de 2007, reuniram-se em Registro (SP), 281 representantes de diferentes instituições para participar do lançamento da Cílios do Ribeira – Uma Campanha de Recuperação das Matas Ciliares do Vale do Ribeira.

Considerando: Que o Vale do Ribeira concentra a maior extensão contínua de remanescentes de Mata Atlântica do País;

Que a Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape representa a maior reserva de água doce dos estados de São Paulo e Paraná;

Que o Vale do Ribeira possui um dos mais importantes mosaicos de Áreas Protegidas do País, um dos maiores complexos de cavernas do Brasil, sítios arqueológicos, é considerado Patrimônio Histórico e Ambiental da Humanidade pela Unesco e é parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica;

Que no Vale do Ribeira residem mais de 470 mil pessoas, entre populações urbanas, comunidades tradicionais, produtores rurais oriundos de diversas partes do Brasil e do mundo;

Que essas populações, em especial as comunidades tradicionais, representam uma das mais ricas diversidades sociais e culturais do País;

Que o Vale do Ribeira apresenta os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) dos estados de São Paulo e Paraná e não vem sendo uma região prioritária para investimentos em políticas públicas que valorizem sua sociobiodiversidade;

Que o processo de ocupação e uso dos recursos naturais da região resultou, ao longo do tempo, na alteração de seu sistema natural, em especial das Áreas de Preservação Permanente (APPs), o que impacta na qualidade das águas, dos solos e da biodiversidade regional; Que a degradação das APPs, em particular a das matas ciliares do Rio Ribeira de Iguape e de seus afluentes, tem provocado conseqüências negativas como assoreamento, erosão das margens, aumento de cheias e enchentes, diminuição da pesca e comprometimento da renda e qualidade de vida das populações locais;

Que os moradores da região, integrantes do poder público, sociedade civil organizada, universidades, escolas, movimentos sociais, empresários, produtores rurais e comunidades tradicionais decidiram se unir em colaboração ativa, em torno de uma campanha pela proteção e recuperação das matas ciliares e dos recursos hídricos da bacia do Ribeira;

Estes atores, representados pelas instituições signatárias, solicitam o apoio de todo povo brasileiro e a ação integrada dos vários níveis de governo no sentido de promover políticas públicas e de prover recursos técnicos e financeiros que priorizem:

:: a regularização fundiária, a proteção dos recursos naturais, em especial dos rios da região e da sociobiodiversidade local;

:: a valorização e remuneração dos serviços ambientais prestados pela população do Vale do Ribeira

:: a recuperação das matas ciliares para seu uso ecológico e sustentável;

:: o investimento em infra-estrutura e em serviços destinados ao turismo;

:: a educação socioambiental atendendo as necessidades regionais;

:: o reconhecimento da população do Vale do Ribeira como parceira para a execução destas políticas públicas.

Registro, 11 de agosto de 2007.
Para saber mais acesse http://www.ciliosdoribeira.org.br
ISA, Inês Zanchetta.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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