16 de Agosto de 2007 - José
Carlos Mattedi - Repórter da Agência
Brasil - Wilson Dias/ABr - Brasília
- O presidente da CTNbio, Walter
Colli, durante aprovação de
mais um tipo de milho transgênico. Ao
lado da mesa, manifestações
contra os organismos geneticamente modificados.
Brasília - A Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio)
aprovou hoje (16) a liberação
comercial do milho transgênico Guardian,
desenvolvido pela empresa norte-americana
Monsanto. O transgênico, mais resistente
a insetos, é o segundo milho a ser
liberado para comercialização
pela CTNBio.
Em maio, a comissão
havia aprovado o Libertlink, da empresa alemã
Bayer e resistente ao herbicida glufozinato
de amônio, utilizado na pulverização
para combater ervas daninhas.
A comercialização
do Guardian depende ainda de ratificação
do Comitê Nacional de Biotecnologia,
que tem 60 dias para se pronunciar, de acordo
com o presidente da CTNBio, Walter Colli.
Segundo ele, “se tudo correr bem”, em 2009
a semente do milho da Monsanto vai estar à
venda para os agricultores. Este é
o quarto vegetal geneticamente modificado
liberado para plantio e comercialização
no Brasil, depois da soja RR (Roundup Ready),
resistente ao herbicida à base de glifosato,
e do algodão resistente a insetos.
O Guardian, entretanto,
só pôde ser votado e liberado
para venda após a CTNBio ter aprovado,
horas antes, os planos de monitoramento e
de coexistência para o plantio de milhos
geneticamente modificados no Brasil. A Justiça
do Paraná havia determinado em junho,
por liminar, que os processos de liberação
para comercialização de milho
transgênico só poderiam ocorrer
após a aprovação dos
planos de monitoramento e de coexistência.
“Agora, a liminar foi cumprida”, resumiu Colli.
O plano de monitoramento
estuda o desenvolvimento do produto em área
reservada e a longo prazo, incluindo a influência
do clima em diferentes safras. O de coexistência
com outras espécies definiu duas formas
de plantio: uma de 100 metros livres entre
o milho transgênico e outras culturas,
e outra de 20 metros de “bordadura” - com
plantio do milho convencional – separando
o produto geneticamente modificado de outras
lavouras.
O objetivo do monitoramento
e da coexistência é impedir que
o pólen do transgênico “contamine”
outras espécies de plantas, e que o
desenvolvimento do milho modificado seja permanentemente
acompanhado, segundo explicou Colli. “Se acontecer
alguma contaminação, a probabilidade
é de menos de 0,9%”, frisou o presidente
da CTNBio. No Brasil, além do Libertlink
e do Guardian, outras cinco espécies
de milho transgênicos aguardam a liberação
para a comercialização.
A CTNBio é um colegiado
multidisciplinar, criado com a finalidade
de prestar apoio técnico consultivo
e de assessoramento ao governo federal na
formulação, atualização
e implementação da Política
Nacional de Biossegurança. Tem a função,
ainda, de estabelecer normas técnicas
de segurança e pareceres técnicos
conclusivos referentes à proteção
da saúde humana, dos organismos vivos
e do meio ambiente.
+ Mais
Integrande da CNTBio defende
uso de algodão transgênico
17 de Agosto de 2007 - Alessandra
Bastos - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O uso de algodão
transgênico foi tema hoje (17) de audiência
pública no Senado Federal. Movimentos
sociais e pequenos agricultores apresentaram
argumentos contra. Já um dos membros
da Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança (CTNbio) defendeu
o uso. Para Paulo Andrade, a principal vantagem
é a redução de uso de
agrotóxico em relação
às outras espécies de algodão.
Andrade também mostrou
fé no futuro das pesquisas de transgênicos
em geral. “Futuramente haverá transgênicos
que aumentem o número de vitamina na
planta, coloração ou textura.
O que a gente precisa é dar ao agricultor
a opção de querer ou não
plantar transgênicos”.
O integrante da CTNBio fez
uma ressalva quanto aos possíveis impactos
ao meio ambiente que, segundo ele, serão
analisados. “Um algodão transgênico
que seja resistente a inseto tem um DNA que,
se o inseto for tentar comê-lo, morre.
Acontece que esse pedacinho de DNA pode passar
para uma outra planta, que também ficará
resistente ao inseto. Uma planta do mato resistente
a inseto será uma coisa invasora. Como
a polinização das plantas é
feitas pelas abelhas isso pode embaralhar
essa cadeia. Por isso, tem que ter cuidado.
Esse é um exemplo, qualquer característica
nova que for inserida em uma planta pode escapar
e ir para outra”.
Hoje, há apenas uma
variedade liberada no mercado, o algodão
Bollgard Evento 531, da Monsanto do Brasil,
resistente a insetos. A liberação
comercial de três novas variedades estão
sendo analisadas e aguardam parecer da comissão.
Uma tolerante ao glifosinato de amônio,
outra ao glifosato e um segundo tipo resistente
também a insetos.
Andrade também falou
sobre o impacto econômico do uso de
transgênicos estrangeiros. Atualmente
o Brasil não produz as sementes necessárias
de milho e de algodão, caso venha a
ser liberado. “Estamos nas mãos de
empresas estrangeiras porque os brasileiros
que desenvolveram a tecnologia, venderam as
empresas para estrangeiros, anos atrás,
quando o Brasil não dava apoio a quem
produzia essas sementes. Mas estamos avançando
muitíssimo”.
Mas a tendência, de
acordo com o técnico, é mudar
essa situação. “Vários
processos de empresas brasileiras estão
tramitando na CTNbio para inúmeras
variedades transgênicas de diferentes
plantas. Não há dúvida
de que vamos ter variedades transgênicas
brasileiras no mercado nos próximos
cinco ou seis anos”.