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SEMINÁRIO ANALISA DADOS DO DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2007

17/08/2007 - Em Anápolis (GO), o MMA reuniu técnicos, pesquisadores, representantes de ONGs para debater as dinâmicas associadas às taxas de desmatamento para promover a revisão do plano de prevenção e controle dos desmatamentos

Como tem sido praxe nos últimos anos, o Ministério do Meio Ambiente promoveu nos dias 14 e 15 de agosto, na Base Aérea de Anápolis, Goiás, o V seminário técnico-científico de análise dos dados referentes ao desmatamento na Amazônia Legal O objetivo do evento foi permitir um debate sobre as dinâmicas associadas às taxas de desmatamento recentemente anunciadas, de modo a subsidiar a revisão do Plano de Prevenção e Controle dos Desmatamentos na Amazônia. Os índices apresentados para o período 2005 a 2006 e as estimativas para 2006-2007 apontam para redução dos grandes desmatamentos na Amazônia. (Saiba mais).

Estimativas baseadas nos dados do Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real), de agosto de 2006 a agosto de 2007, teriam sido desmatados cerca de 10 mil quilômetros quadrados da floresta amazônica (a margem de erro é de 10% para mais ou para menos). O valor é menor que a taxa aferida para o período 2005-2006 pelo Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia Legal): 14,4 mil quilômetros quadrados. As análises apresentadas no Seminário demonstram que houve uma desconcentração do desmatamento, que está pulverizado por mais de 300 municípios, ao contrário do que aconteceu em 2005, quando a maior parte do desmatamento concentrava-se em apenas 30 municípios.

Segundo o Secretário Executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco, a pulverização de desmatamentos de menor dimensão não significa necessariamente o aumento do desmatamento em pequenas propriedades. O Diretor de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Flávio Montiel, estima que 20% dos desmatamentos ocorreram em áreas de assentamento de reforma agrária.

Os vetores do desmatamento

Atividades como a pecuária, a agricultura e a siderurgia estão entre os diferentes vetores que têm contribuído com a manutenção das dinâmicas regionais de desmatamento. O Ibama estima que o desmatamento ilegal constitua 80% do total. De acordo com Capobianco, o objetivo do MMA é reduzir a zero esses desmatamentos.

Montiel apresentou também o mapa de prioridades para ações de fiscalização previstas pelo Ibama, definidas a partir de um conjunto de variáveis, tais como o desmatamento absoluto e sua evolução, Unidades de Conservação, Terras Indígenas, adensamento de estradas, pólos madeireiros/siderúrgicos, áreas prioritárias para conservação definidas pelo Programa Nacional de Biodiversidade (PROBIO) e focos de calor.

Montiel explicou que a meta para 2007 é fazer com que o desmatamento não ultrapasse os 4 dígitos (9.900 km2) e ressaltou a importância das ações de fiscalização integrada, realizadas em parceria com outros órgãos federais. Caso do Exército, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal, responsável pelas ações de inteligência que buscam desbaratar quadrilhas organizadas que atuam na região.

As áreas protegidas que registraram os maiores aumentos dos índices de desmatamento foram a Floresta Nacional (Flona) Jamanxin, a Flona do Bom Futuro, a Estação Ecológica da Terra do Meio, as TIs Marawatsede e Apyterewa e a Rebio Nascentes da Serra do Cachimbo. Os municípios que registraram os maiores aumentos foram Marabá e Novo Progresso.

O monitoramento do desmatamento e a contabilidade dos índices, apesar do grande destaque na mídia é a parte mais fácil do tratamento da questão. Pelo menos para o Brasil, que conta hoje não apenas com o Prodes – que acumula séries históricas de mais de 10 anos – mas também com o Deter e o mais recente Detex.

A face mais complexa do monitoramento é a identificação de vetores e estabelecimento de medidas de contenção e desestimulo ao desmatamento. Para Gilberto Câmara, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o aprimoramento dos sistemas de monitoramento demanda dados sócio-econômicos qualificados, que permitam analisar e identificar com mais eficiência os vetores responsáveis pela manutenção do desmatamento.

A parte de cada um

O papel dos estados no controle dos desmatamentos também foi um aspecto muito discutido no Seminário, especialmente em função da descentralização da gestão florestal promovida pela Lei de Gestão de Florestas Públicas e regulamentada pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Saiba mais.

A criação do GTI e seu Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia constituíram um grande avanço no tratamento do tema pelo governo federal. É incontestável que o estabelecimento de relações entre o desmatamento e a grilagem, o trabalho escravo e outras atividades, instituindo responsabilidades de diversas áreas sobre as alterações no uso da terra foi um grande avanço. Entretanto nem todos os setores de governo assumiram totalmente seu papel, e a maior parte das ações couberam ao MMA.

O governo não foi o único responsável pela queda nas taxas. Segundo análise apresentada por Paulo Barreto, do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), as variáveis macro-econômicas como a queda do preço das commodities agrícolas constituiu fator determinante no quadro atual.

As expectativas de ganhos concretos baseadas no estabelecimento de mecanismos de redução compensada de desmatamento também tem cumprido papel importante ao estabelecer novas perspectivas para os produtores e os estados.

Para Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o Brasil tem um enorme potencial de contribuição para a redução das emissões globais com a redução do desmatamento. Moutinho destacou que a série histórica de mapeamento do desmatamento feita pelo Inpe constitui um importante instrumento de demonstração da capacidade brasileira de monitorar suas emissões, contribuindo para a instituição da redução compensada.

Ações de fiscalização serão ampliadas

A ênfase dada até agora no Plano Nacional de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia às ações de ordenamento territorial e fiscalização devem ser mantidas na próxima fase do plano. Entretanto, o foco deve ser ampliado para a consolidação das Unidades de Conservação criadas e para o estímulo ao uso sustentável da floresta por meio de mecanismos de fomento adequados.

Esta ainda é a grande lacuna nas políticas voltadas a diminuir o processo predatório da floresta amazônica. Os indicadores econômicos da região demonstram que os maiores PIBs regionais concentram-se em regiões e atividades econômicas altamente subsidiadas. O Estado reconheceu nessas atividades prioridades a serem fomentadas e asseguradas. Em alguns casos, como o da Zona Franca de Manaus, o investimento no setor industrial, mesmo que involuntariamente, convergiu para a agenda de conservação e uso sustentável garantindo ao Amazonas a maior cobertura florestal remanescente entre os estados da região.

Em outros, subsídios diretos ou indiretos contribuíram para um modelo de ocupação inadequado à realidade regional. É o caso dos grandes projetos agropecuários fomentados pela antiga Superintedência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Também é o caso das siderúrgicas instaladas na região. O acesso à água sem custo e à energia com baixíssimos custos torna a região altamente atrativa para essa atividade. Não é a toa que a produção de carvão para atender à indústria siderúrgica é considerada um dos “novos vetores” do desmatamento.
ISA, Adriana Ramos.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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