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SOJA REPRESENTA RISCO PARA FLORESTA DENTRO DE TRÊS ANOS, AVALIA PROFESSOR

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Agosto de 2007

16 de Agosto de 2007 - Erich Decat - Da Agência Brasil - Brasília - Se não houver mudanças nas regras e parâmetros do setor, em três ou quatro anos a produção de soja exigirá desmatamento de novas áreas, avalia o professor Fernando Homem de Melo. Ele foi um dos participantes do debate Impacto dos Biocombustíveis na Agricultura e na Indústria de Fertilizante do Brasil, promovido hoje (16) pelo Laboratório de Estudos do Futuro da Universidade de Brasília (UnB).

Entretanto, na avaliação do professor, do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo (USP), a produção de biocombustíveis pode ser feita de forma sustentável apoiada na tecnologia e principalmente na fiscalização governamental.

Ele atribuiu ao recuo do plantio da soja a redução do desmatamento registrado no período 2005-2006, divulgada na última quinta-feira (9). “Nesse período a que a ministra [Marina Silva] se referiu, não havia necessidade de aberturas de novas áreas”, avaliou. Segundo ele, nas duas últimas safras o Brasil deixou de plantar cerca de 4 milhões de hectares, metade dos quais relativa à soja. Cada hectare corresponde aproximadamente a um campo de futebol.

O grão registrou safra recorde este ano, apesar da redução na área plantada. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê expansão da sojicultura na próxima safra no Mato Grosso, que responde por mais de um quarto da produção nacional, usando principalmente áreas que já têm ocupação humana. O Instituto Socioambiental (ISA) identifica risco para a floresta amazônica e para o Xingu.

Questionado sobre a possibilidade de a corrida pelo biocombustível comprometer a produção de alimentos, o professor Homem de Melo, especialista em economia agrícola, disse que o problema é “extremamente sério”. “Existem estudos de instituições renomadas, e que também foram publicadas na Foreign Affairs [revista científica norte-americana sobre relações internacionais], que dão projeções para 2020 extremamente preocupantes quanto aos preços dos grãos em geral”, comentou.

De acordo com ele, os valores previstos para a compra dos grãos no ano citado já foram ultrapassados. “Já está ocorrendo uma inflação de preços de alimentos. O problema é que isso vai afetar a segurança alimentar dos mais pobres, em todo o mundo, um vez que os produtos das cestas básicas são os que mais sobem”.

Para Fernando Homem de Melo, o Brasil poderá enfrentar uma possível falta de alimentos utilizando-se das reservas cambiais e dos acordos comerciais feitos com os países vizinhos. “Hoje temos US$ 160 bilhões de reservas. Temos o Mercosul, com a Argentina muito competitiva na produção de alimentos de clima temperado, com tarifa zero”, disse.

Durante o evento também foram debatidas questões técnicas sobre a utilização e classificação dos biocombustíveis. Para o professor José Carlos Gaspar, do Instituto de Geociências da UnB, o maior erro cometido atualmente é a classificação dos biocombustíveis como fontes renováveis de energia. “Tem-se a idéia de que, se eu planto a soja todo o ano, isso é ser renovável. Mas se esquece que para plantar soja eu preciso dos fertilizantes, e para produzi-los é preciso de amônia, fósforo e potássio, cujas fontes são finitas”, disse.

Segundo ele, o atual debate sobre os biocombustíveis não é feito com base em dados, mas apenas ideologicamente. “Nós precisamos das informações para discutir com propriedade, para que possamos aproveitar os benefícios que virão e tentar reparar ou evitar e administrar do modo mais competente possível aquilo que não é conveniente. Isso só se faz não negando que não haverá impactos”, concluiu.

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Movimentos pedem que transgênicos sejam proibidos no semi-árido nordestino

17 de Agosto de 2007 - Alessandra Bastos - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A Comissão Pastoral da Terra (CPT) e a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) entregaram hoje (17) uma carta intitulada “Por um semiárido livre de algodão transgênico” à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNbio) durante audiência pública que debateu as diferentes opiniões da sociedade sobre a liberação de novas variedades de algodões transgênicos.

No documento, os movimentos pedem que toda a região do semiárido nordestino seja deixada fora da área de zoneamento permitida à plantação de transgênicos. Um tipo de algodão modificado geneticamente já foi liberado pela CTNbio e outros três estão sendo analisados.

A coordenadora-executiva da Asa em Paraíba, Vanúbia Martins, conta que 400 famílias de agricultores do semiárido desenvolvem técnicas agroecológicas (sem uso de agrotóxicos). Os agricultores do Nordeste “plantam algodão de forma ecológica, sabendo de todos os índices de praga. O Nordeste tem uma incidência imensa de algodão nativo. Isso emprega outras 800 famílias de clubes de mães e cooperativas que estão trabalhando sem risco nenhum de contaminação. Sem contar os agricultores que trabalham com algodão orgânico que já nasce colorido”.

O primeiro motivo para continuar plantando algodões sem agrotóxicos é econômico. “A Europa hoje paga muito mais caro pelo algodão agroecológico. Esses agricultores têm mercado certo e o algodão vale três vezes mais que o orgânico”, explica a coordenadora paraibana. Além do mercado já consolidado, a produção de transgênicos acarretaria no pagamento a empresas internacionais pelo uso da tecnologia. “Tem agricultor que tem um hectare. Como ele vai fazer para pagar royalties?”, questiona.

Outro argumento usado contra o algodão transgênico é a própria proteção ao meio ambiente já que uma planta geneticamente modificada pode “contaminar” outras plantas próximas, modificando-as também. “Se o meu algodão, produzido ecologicamente for contaminado, num segundo momento eu teria que forçosamente voltar a usar o agrotóxico”, argumenta Vanúbia Martins.

Além disso, "mais de 170 espécies de animais visitam os algodoeiros na época de flora. Imagina você ter controle de todos os insetos que passam por isso e que viajam podendo contaminar um campo a longa distância! Ou eliminamos de vez todos os insetos pra poder fazer uma barreira ou estamos todos contaminados”.

Por todas essas causas, os movimentos sociais querem que o governo “reveja a área de zoneamento e todo o semiárido seja uma área de exclusão. Queremos continuar produzindo ecologicamente e, para isso, o direito de não sermos contaminados”.

Já os agricultores da Cooperativa Copasul Agrícola Navirai do Mato Grosso do Sul fizeram uma caravana até Brasília par participar da audiência pública em defesa dos transgênicos. O produtor Donizete pereira Melo tem 192 hectares de terra no Mato Grosso do Sul. Há um ano, parte da produção de soja, milho, feijão e algodão é geneticamente modificada.

O agricultor gostou dos resultados. “Não afeta a produção e pelo que constatamos não faz mal a saúde. Usa 50% do agrotóxico que a gente usa nos orgânicos. Eu já tenho exame médico e a doutora já me proibiu de usar veneno porque o meu nível de veneno no sangue já está alto. A gente economiza no uso de herbicida e o preço das sementes transgênicas e orgânicas estão mais ou menos a mesma coisa”.

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Debate propõe aliança entre governo e sociedade para combater desertificação do semi-árido

16 de Agosto de 2007 - Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O processo de desertificação, que consiste na degradação de regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas, resultante de fatores climáticos e da ação humana, atinge 44 milhões de habitantes do país – cerca de 18% da população que vive em nove estados do Nordeste e algumas cidades do norte de Minas Gerais e do noroeste do Espírito Santo, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Em Fortaleza, de hoje a sábado (18), o 1º Seminário Nacional sobre o Combate à Desertificação debaterá ações e planejará iniciativas para evitar a degradação e o empobrecimento do solo, o que tornaria a região desértica e inapropriada para a vida nos próximos anos. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), aponta que o semi-árido tende a ficar muito mais quente e seco com as mudanças no clima.

Neste primeiro dia de debate, de acordo com o representante da rede de organizações não-governamentais Articulação do Semi-Árido (ASA), Paulo Pedro de Carvalho, o coordenador do Programa Nacional de Combate à Desertificação (PAN Brasil) do Ministério do Meio Ambiente, José Roberto de Lima, convidou a sociedade para “fortalecer o programa” e ajudar a “institucionalizar o tema dentro do governo”.

“Sabemos que a desertificação é tratada com menos importância até dentro do ministério. E nos comprometemos com Lima em ajudar a chamar a atenção do governo para a questão e a somar, para ampliar nosso programa”, disse Carvalho.

A ASA reúne mais de 700 organizações não-governamentais e realiza programas como o de construção de cisternas e técnicas de captação de água de chuva para o consumo e para a agricultura ou pecuária. Também oferece palestras para explicar a importância de não desmatar a vegetação natural e de economizar água. “O homem deve fazer como a própria caatinga: armazenar a água no período de chuva, que é curto, e administrar o recurso no período de estiagem, limitando o consumo", acrescentou Carvalho.

Também participam do encontro em Fortaleza representantes da GTZ Cooperação Técnica Alemã, do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), da Fundação Cearense de Metereologia e Recursos Hídricos (Funceme), entre outros parceiros. No final, será apresentado um documento com as propostas discutidas.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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