27 de Agosto de 2007 - Marcos
Chagas - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- O maior desafio dos senadores que discutem
a criação de um marco regulatório
para o setor responsável pelos resíduos
sólidos urbanos é a definição
de critérios que permitam garantir
uma destinação apropriada às
96.302 toneladas de lixo que são depositados
hoje, a céu aberto, em rios e manguezais.
A afirmação
é do presidente da Associação
Brasileira de Empresas Públicas e Resíduos
Especiais (Abrelpe), Alberto Bianchini, que
participou de debate na Subcomissão
de Marcos Regulatórios da Comissão
de Assuntos Econômicos do Senado.
Dados apresentados pela
Abrelpe mostram que nos estados do Sudeste
são depositadas 57.696 toneladas de
lixo de forma inadequada e que estes estados
são os maiores produtores de resíduos
sólidos urbanos do país. E que
apenas 28,58% do total de 1.024,84 toneladas/dia
de lixo produzido pelos serviços de
saúde recebem o tratamento necessário.
"A maior parcela desse
material patogênico (com vírus
e bactérias) é disposta inadequadamente
em lixões ou diretamente sobre o solo,
com todo o poder infectante", afirmou
Bianchini.
Já o diretor-executivo
do Compromisso Empresarial para Reciclagem
(Cempre), André Vilhena, lembrou que
há 15 está na Câmara dos
Deputados projeto que estabelece políticas
para a destinação dos resíduos
sólidos: "Esse projeto já
foi aprovado pelo Senado e, agora, aguardamos
a votação de emendas na Câmara,
para que possa voltar a ser apreciado pelos
senadores".
O Cempre é uma associação,
sem fins lucrativos, de empresas privadas
e que, segundo Vilhena, dedica-se à
promoção da reciclagem com base
no gerenciamento integrado do lixo.
O presidente da Subcomissão,
Delcídio Amaral (PT-MS), e o relator,
Garibaldi Alves (PMDB-RN), destacaram a importância
de estabelecer regras para o segmento, mas
ainda não definiram o tema a ser debatido
na próxima semana. As reuniões
da subcomissão são realizadas
geralmente às segundas-feiras.
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Pescadores fazem manifestação
contra obra de petroquímica na Baía
de Guanabara
27 de Agosto de 2007 - Vladimir
Platonow - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - O píer da
empresa Suzano Petroquímica, na Baía
de Guanabara, foi bloqueado hoje (27) por
58 embarcações de pesca. O protesto,
segundo os pescadores, reuniu cerca de 200
pessoas contra as obras de ampliação
do complexo industrial, para descarregamento
de navios-tanque de propeno.
O líder dos pescadores,
Alexandre Anderson, afirmou que a movimentação
de barcos e a construção do
píer prejudicam a atividade pesqueira
na área. "O pescado praticamente
desapareceu e a gente está constatando
mortandade. As hélices dos barcos da
empresa também estão cortando
nossas redes”, relatou.
Alexandre Anderson disse
que a comunidade quer ser indenizada pela
diminuição da pesca: “A empresa
só fala em projetos a longo prazo,
mas nós estamos sem o pescado e não
conseguimos garantir o sustento de nossas
famílias”.
O gerente de Recursos Humanos
da Suzano, João Brillo, informou que
a empresa está disposta a investir
em projetos ambientais, mas que não
está sendo cogitado nenhum tipo de
indenização financeira. “Não
cabe indenização, uma vez que
a empresa está seguindo padrões
até mais rígidos que as normas
nacionais. O que nós temos com a comunidade
é um canal aberto em relação
a projetos sócio-ambientais”, disse.
A obra, segundo Brillo,
possui o licenciamento ambiental necessário
e também "atende aos padrões
do Banco Mundial – nós procuramos desviar
os dutos dos locais de pesca e estamos replantando
toda a área de manguezal afetada".
Ele sustentou que "essa obra não
traz impacto à fauna e à flora
da Baía de Guanabara”.
Uma reunião entre
representantes da Suzano e dos pescadores
foi marcada para o dia 10 de setembro. O líder
dos pescadores prometeu que se não
chegarem a acordo, haverá novas manifestações.