Mudanças Climáticas
- 29/08/2007 - Imagine
que as mudanças globais do clima sejam
uma locomotiva. Se for freada, ainda assim,
precisará de algum tempo para poder
parar de vez.
Com relação
ao combate ao efeito estufa, a locomotiva
não foi freada. Dessa forma, num cenário
pessimista, nos próximos 30 anos poderemos
ter de 0,5ºC a 1ºC de aumento na
temperatura do Brasil.
Dados do último relatório
do IPCC - Painel Intergovernamental em Mudança
do Clima revelam que o homem é o maior
causador do efeito estufa e que, nos últimos
30 anos, já ocorreu um aumento de 0,6ºC
na temperatura dos oceanos. Isso é
um aumento considerável. A percepção
cotidiana é muito diferente do que
isso significa para o Planeta.
"Com 2ºC de aumento,
todas as espécies que conhecemos hoje
correm o risco de não mais existir
na forma como a conhecemos, e não temos
como garantir que não haverá
esse aumento até o final do século",
explicou o climatologista Carlos Nobre, do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), órgão do Ministério
da Ciência e tecnologia (MCT).
Na sua visão, a problemática
tem que ser encarada em duas frentes: nas
ações de mitigação
e nas ações de adaptação.
Nesse sentido, ele defende maiores estudos
para o desenvolvimento de um mapa da vulnerabilidade
do Brasil, para que as políticas públicas
sejam feitas de forma mais embasada.
Ele cita o sistema utilizado
pelo estado de Santa Catarina para evitar
inundações no Vale do Itajaí,
desde a enchente - a maior do estado - dos
anos de 1982/83, quando foi criado um verdadeiro
sistema de defesa civil.
Outro bom exemplo de adaptação
foi apresentado pelo chefe geral da Embrapa
Agropecuária, o pesquisador Eduardo
Assad. "O aquecimento global do clima
trará muitos problemas para a agricultura.
Um caso típico é o café
que, com o aumento da temperatura, aborta
os botões florais, comprometendo a
safra. Estamos trabalhando com um programa
de monitoramento genético para um café
adaptável a diferentes temperaturas",
avalia.
Nobre e Assad participaram
hoje (29) da mesa-tema A diminuição
de incertezas, que analisa os últimos
relatórios do IPCC e é parte
do seminário internacional "Aquecimento
Global: a responsabilidade do Poder Legislativo
no estabelecimento de práticas ambientais
inovadoras", que começou ontem
e termina amanhã (30), no auditório
Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados.
O seminário é
promovido pelas comissões de Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável; da Amazônia,
Integração Nacional e de Desenvolvimento
Regional; Relações Exteriores
e Defesa Nacional; de Ciência e Tecnologia,
Comunicação e Informática,
da Câmara dos Deputados; pelas comissões
de Ciência e Tecnologia, Inovação,
Comunicação e Informática;
de Relações Exteriores e Defesa
Nacional, do Senado, e pela Comissão
Mista de Mudanças Climáticas,
do Congresso Nacional.
Fazem parte das discussões
a sociedade civil, universidades, institutos
de pesquisa e diferentes esferas de governo,
como forma de colher subsídios para
a elaboração de políticas
públicas adequadas ao enfrentamento
dessa ameaça ao Planeta.
Rachel Mortari - Assessoria de Imprensa do
MCT
+ Mais
Entidades discutem proteção
aos conhecimentos dos povos indígenas
Seminário - 31/08/2007
- O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT)
e o Centro Universitário do Pará
(Cesupa) realizam nesta sexta-feira (31),
em Belém (PA), o "Seminário
sobre Proteção aos Conhecimentos
dos Povos Indígenas e das Sociedades
Tradicionais da Amazônia". O evento
começa às 9h, no auditório
Alexandre Rodrigues Ferreira da instituição.
No evento serão apresentados
os resultados do projeto "Formação
de Recursos Humanos e Fortalecimento Institucional
como Alternativa de Recomposição
contra a Perda do Patrimônio Ambiental
e Cultural (material e imaterial) Amazônico",
dentre os quais se destacam: o livro "Proteção
aos Conhecimentos das Sociedades Tradicionais"
(MPEG e Cesupa); a cartilha "Proteção
aos Conhecimentos dos Povos Indígenas
e das Sociedades Tradicionais da Amazônia"
(MPEG); e os postais "Plantas, Conhecimentos
Tradicionais & Interesses Econômicos"
(MPEG), que serão lançados na
mesma data.
Financiado pelo Conselho
Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos
Difusos, ligado ao Ministério da Justiça,
o projeto atuou na qualificação
de atores das sociedades tradicionais e científicas,
principalmente, com relação
à recomposição de perdas
de recursos genéticos e de conhecimentos
tradicionais associados ou não.
Coordenado pela antropóloga
Cláudia López, do Museu Goeldi,
o projeto também serviu para mediar
às relações técnico-científicas
e sociais entre a instituição
e as sociedades tradicionais.
Evento
Promovido com o apoio do Núcleo de
Inovação e Transferência
de Tecnologia do Museu Goeldi, o seminário
sobre Proteção aos Conhecimentos
dos Povos Indígenas e das Sociedades
Tradicionais da Amazônia pretende estimular
os atores sociais a discussões e reflexões
que contribuam para melhor compreensão
das questões relacionadas à
proteção dos conhecimentos tradicionais.
A idéia é
incentivar práticas sociais mais justas
nas relações entre as comunidades
tradicionais e indígenas da Amazônia
e pesquisadores, organizações
não-governamentais e o setor privado.
Além da diretora
do Museu Goeldi, Ima Vieira, participam da
abertura o secretário executivo do
Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa
de Direitos Difusos, Nelson Campos, e o reitor
do Cesupa, João Paulo do Valle Mendes.
Em seguida, será
proferida a palestra "Proteção
aos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas
e das sociedades tradicionais da Amazônia:
passado, presente e futuro", por Fernanda
Kaingang, do Instituto Brasileiro para Propriedade
Intelectual Indígena.
`A tarde, a partir das 14h,
se realiza a mesa-redonda "Ações
de proteção e valorização
dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas
e comunidades locais da Amazônia",
que tem a participação de representantes
dos povos indígenas e das sociedades
tradicionais da Amazônia.
Lançamentos
Na ocasião, também serão
lançadas publicações
produzidas pelo projeto "Formação
de Recursos Humanos e Fortalecimento Institucional
como Alternativa de recomposição
contra a perda do patrimônio ambiental
e cultural (material e imaterial) amazônico".
As obras terão distribuição
gratuita e se destinam às comunidades
tradicionais e indígenas envolvidas
pelo projeto.
O livro "Proteção
aos Conhecimentos das Sociedades Tradicionais"
reúne vários artigos, em português
e espanhol, apresentados em seminário
realizado sobre o tema, em 2005, pelo Museu
Goeldi e Cesupa. "É um livro que
pretende dar uma visão ampla e heterogênea
da temática, enfocada a partir das
diversas perspectivas disciplinares das ciências
humanas e biológicas", explica
Claudia López, organizadora da obra.
O evento teve a participação
de estudiosos, especialistas e membros de
populações tradicionais e indígenas
de vários países da Pan-Amazônia,
como a Bolívia, Colômbia, Venezuela
e também a Argentina. "É
o produto de um diálogo entre diversos
países da América do Sul, daí
a idéia de publicar os artigos nas
duas línguas, para incentivar o intercâmbio
entre esses países".
Também organizada
por López, a cartilha "Proteção
aos Conhecimentos dos Povos Indígenas
e das Sociedades Tradicionais da Amazônia"
aborda, de forma didática, as atuais
disposições jurídicas
brasileiras para proteção aos
conhecimentos tradicionais: o enfoque da salvaguarda
do patrimônio cultural imaterial e a
proteção de conhecimentos tradicionais
associados ao patrimônio genético.
Destinada aos povos indígenas
e sociedades tradicionais e os pesquisadores
que desenvolvem trabalhos entre eles, a publicação
será também de distribuição
gratuita e servirá de apoio à
realização de oficinas sobre
o tema.
Haverá ainda o lançamento
da coleção "Plantas, Conhecimentos
Tradicionais & Interesses Econômicos",
composta por cinco postais que relatam casos
de uso comercial de produtos e processos resultantes
de pesquisas sobre recursos naturais e acesso
a conhecimentos tradicionais associados.
O evento tem início
marcado marcado para às 9h, no auditório
Alexandre Rodrigues Ferreira, localizado no
Parque Zoobotânico, à Avenida
Magalhães Barata, nº 376, bairro
de São Brás.
Serviço de Comunicação
Social do Museu Goeldi