04 de Setembro de 2007 -
Jacarta, Indonesia
— Conselho islâmico indonésio
emitiu uma ‘fatwa’ contra a central de Muria,
que seria construída ao lado de um
vulcão adormecido. Ilha é a
mais populosa do mundo e tem grande atividade
sísmica (leia-se: terremotos).
Java, principal centro econômico
e político da Indonésia, é
a ilha mais habitada do mundo (mais de 120
milhões de habitantes, a maior parte
vivendo na capital Jacarta), tem uma intensa
atividade sísmica (o que significa
muitos terremotos) e é pontilhada por
38 vulcões, vários deles ainda
em atividade. Não é preciso
saber javanês para perceber que o local
não é dos mais indicados para
abrigar uma usina nuclear, certo? Errado.
Pelo menos para a Agência Nuclear Indonésia,
que anunciou planos de construir na região
de Jepara uma central atômica com 1
mil MW de potência. E logo ao lado de
um vulcão – adormecido, mas até
quando?
Mas a construção
da usina já não é mais
tão certa assim. Depois de muitos protestos
da população e de grupos ambientalistas
como o Greenpeace, o conselho religioso islâmico
Ulama, entidade mais poderosa da Indonésia,
com forte influência sobre a presidência,
decretou uma ‘fatwa’ contra a proposta da
usina nuclear que ficaria localizada no pé
do Monte Muria, um vulcão adormecido.
“A decisão do conselho
islâmico veio em boa hora, já
que a comunidade de Jepara – onde seria construída
a usina – está preocupada e tensa com
a possibilidade de conviver com o perigo nuclear”,
afirma Emmy Hafild, diretor-executivo do Greenpeace
do Sudeste Asiático.
O Greenpeace, que há
tempos faz campanha no país para alertar
autoridades e comunidades sobre os riscos
e altos custos de se construir usinas nucleares,
espera agora que o presidente indonésio
aceite a decisão do conselho islâmico
de seu país e transfira imediatamente
os recursos da obra para o desenvolvimento
do potencial energético renovável
da Indonésia, para que o país
possa atender sua demanda por eletricidade.
“O governo da Indonésia
deveria apostar em fontes renováveis
como geotérmicas, solar e eólicas,
criando um sistema descentralizado de geração
energética e estabelecendo metas ambiciosas
de eficiência energética”, afirma
Nur Hidayati, da campanha de Clima e Energia
do Greenpeace. “Para a segurança energética
do país, o governo indonésio
deveria olhar mais para a auto-suficiência
e sustentabilidade apoiando mecanismos que
assegurem e acelerem os investimentos em energias
renováveis”, diz Nur.