7 de Setembro de 2007 -
Spensy Pimentel - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Índios da
região noroeste do Mato Grosso denunciaram
esta semana ao Ministério Público
Federal (MPF) em Cuiabá as ameaças
de morte que vêm sofrendo em virtude
de suas demandas pela demarcação
de terras indígenas na região
de Juína (735 quilômetros a noroeste
de Cuiabá). Há três semanas,
um grupo de ativistas e jornalistas estrangeiros
foi expulso da cidade por fazendeiros, com
apoio de autoridades da cidade.
Segundo nota divulgada pelo
MPF de Cuiabá, dez índios estiveram
reunidos com o procurador Mário Lúcio
Avelar na última quarta-feira (5).
Além de denunciar as ameaças
que vêm sofrendo, eles expressaram preocupação
com a possível instalação
de pequenas usinas hidrelétricas nos
rios da região. De acordo com a nota,
o procurador recomendou aos índios
que evitem o confronto direto com os fazendeiros,
para garantir sua própria segurança.
O pedido de investigação
feito à PF inclui também denúncia
feita pela Fundação Nacional
do Índio (Funai) de que, no dia seguinte
ao episódio com os ativistas, o escritório
da fundação em Juína
foi invadido por um grupo de fazendeiros que
fizeram ameaças aos funcionários.
A nota também reitera
o apoio do Ministério Público
Federal à reivindicação
dos índios enawenê nawê
de ampliação de suas terras,
com a incorporação de área
pertencente à bacia do Rio Preto. Esse
pleito está na origem dos atuais conflitos
em Juína. Segundo o MPF, indevidamente,
a área ficou fora da demarcação
original das terras enawenê nawê,
com 742 mil hectares, homologadas em 1996.
"Na época da
delimitação da reserva, período
que antecede a homologação,
estudos da Funai já haviam identificado
que a área da bacia do Rio Preto já
era ocupada pelos índios e representava
grande importância para a cultura deles",
informa a nota. "Nesta área, que
ficou de fora dos limites da reserva
homologada em 1996, os índios realizam
diversos rituais míticos ligados, principalmente,
à pesca."
"O MPF defende que
a área pleiteada deve ser incorporada
à reserva indígena por estar
intimamente ligada à tradição
dos Enawenê Nawê e sofrer um aumento
do desmatamento por parte dos fazendeiros
que têm propriedades na área",
segue o texto.
Ainda segundo a nota do
MPF, a última fiscalização
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis na
região pleiteada, no início
do ano, constatou que o problema do desmatamento
já é grave na área. "Em
alguns locais, as características dos
troncos das árvores - ressecados -
e a ausência de folhas nas copas indicam,
segundo o Ibama, que a destruição
pode ter sido causada pela aplicação
de agrotóxicos, popularmente conhecidos
como desfolhantes, bastante utilizados no
manejo de pastagens ou por incêndios
florestais."
+ Mais
Caravana em Defesa do São
Francisco termina em Alagoas roteiro de manifestações
1 de Setembro de 2007 -
José Carlos Mattedi - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- Após percorrer dez capitais do país,
a Caravana em Defesa do São Francisco
e do Semi-Árido - Contra a Transposição
termina hoje (1º) seu roteiro em Maceió
(AL). O grupo, formado por professores universitários,
líderes de povos indígenas,
movimentos da Igreja Católica, representantes
de comunidades do semi-árido e de pescadores
do Rio São Francisco, será recebido
pelo governador Teotônio Vilela Filho.
Foram 13 dias promovendo
discussões sobre o projeto do governo
federal de transpor as águas do Velho
Chico. Os militantes defendem que se leve
água ao semi-árido por meio
de adutoras e não pela obra da transposição.
Para o grupo, a natureza da obra não
resolverá os problemas da seca e ainda
trará impactos ambientais, econômicos,
políticos e sociais negativos.
“Queremos um encontro com
o presidente Lula [Luiz Inácio Lula
da Silva]. Conversamos com o governador da
Bahia, Jaques Wagner, na quinta-feira (30),
e ele ficou de tentar agendar um encontro
no Palácio do Planalto. Nosso pedido
é que Lula nos escute para encontrarmos
um caminho para tirar o país desse
impasse, que é a transposição
do São Francisco. Podemos construir
em conjunto, governo e sociedade civil, um
novo encaminhamento para o projeto”, ressaltou
Apolo Heringer Lisboa, coordenador da caravana.