Panorama
 
 
 

DEPOIS DE 22 ANOS, DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DOS
POVOS INDÍGENAS É APROVADA NA ONU

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2007

14/09/2007 - Compromisso internacional aprovado pela Assembléia Geral da ONU nesta quinta-feira, 13 de setembro, é resultado de longa resistência do movimento indígena e reconhece, entre outros pontos importantes, a auto-determinação dos povos.

A resistência dos povos indígenas na reivindicação de seus direitos no âmbito internacional chegou a bom termo ontem (13/09) em Nova Iorque: a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a Declaração das Nações Unidas sobre Direitos dos Povos Indígenas. Acesse aqui o documento na íntegra (versão em inglês).

O texto, extremamente avançado, reflete o conjunto das reivindicações atuais dos povos indígenas em todo o mundo acerca da melhoria de suas relações com os Estados nacionais e serve para estabelecer parâmetros mínimos para outros instrumentos internacionais e leis nacionais. Na declaração constam princípios como a igualdade de direitos e a proibição de discriminação, o direito à autodeterminação e a necessidade de fazer do consentimento e do acordo de vontades o referencial de todo o relacionamento entre povos indígenas e Estados (veja mais abaixo).

Em 22 anos de luta, impasses e greve de fome

A ONU vem trabalhando no sentido de estabelecer uma Declaração sobre direitos dos povos indígenas desde 1985. Anos de negociações em um Grupo de Trabalho sobre Populações Indígenas fizeram surgir uma proposta com a participação de governos, representantes indígenas e da sociedade civil. Esta proposta foi galgando degraus na burocracia internacional, passou por uma Subcomissão de Prevenção de Discriminação e Proteção de Minorias da ONU, em 1994, e desde então estava emperrada na Comissão de Direitos Humanos.

Em 1993, a Assembléia Geral da ONU proclamou a primeira Década Internacional dos Povos Indígenas do Mundo para o período entre 1995 e 2004. O objetivo principal nesse tempo era a aprovação da declaração. Em 2004, diante do impasse nas negociações e do risco de o processo esfriar, lideranças indígenas chegaram a fazer greve de fome em frente ao prédio da ONU para pressionar os países por uma segunda Década, que foi enfim aprovada a partir de 2005 até 2014.

Em 29 de junho de 2006, os países chegaram a consenso junto aos representantes indígenas quanto ao teor da declaração, aprovando-a na Comissão de Direitos Humanos. Durante todo esse processo, a estratégia do movimento indígena foi a de preferir estender o tempo de negociação a ceder suas reivindicações básicas frente aos países contrários, capitaneados pelos Estados Unidos.

A declaração já aguardava aprovação final da Assembléia Geral da ONU desde novembro de 2006, mas um grupo de países africanos apoiados por Estados Unidos e Canadá levantou de última hora objeções quanto ao alcance de termos como “povos” e “auto-determinação”. Os argumentos se referiam ao suposto risco de criar divisões e conflitos étnicos, bem como ameaça às fronteiras dos países.

Por fim, após intensa pressão de representantes indígenas e de outros países africanos e americanos a Declaração veio a ser finalmente adotada pela Assembléia Geral da ONU, com 143 votos a favor, onze abstenções e quatro votos contrários (Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá e Austrália).

Principais pontos da Declaração das Nações Unidas sobre Direitos dos Povos Indígenas

• Auto-determinação: os povos indígenas têm o direito de determinar livremente seu status político e perseguir livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural, incluindo sistemas próprios de educação, saúde, financiamento e resolução de conflitos, entre outros. Este foi um dos principais pontos de discórdia entre os países; os contrários a ele alegavam que isso poderia levar à fundação de “nações” indígenas dentro de um território nacional.

• Direito ao consentimento livre, prévio e informado: da mesma forma que a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Declaração da ONU garante o direito de povos indígenas serem adequadamente consultados antes da adoção de medidas legislativas ou administrativas de qualquer natureza, incluindo obras de infra-estrutura, mineração ou uso de recursos hídricos.

• Direito a reparação pelo furto de suas propriedades: a declaração exige dos Estados nacionais que reparem os povos indígenas com relação a qualquer propriedade cultural, intelectual, religiosa ou espiritual subtraída sem consentimento prévio informado ou em violação a suas normas tradicionais. Isso pode incluir a restituição ou repatriação de objetos cerimoniais sagrados.

• Direito a manter suas culturas: esse direito inclui entre outros o direito de manter seus nomes tradicionais para lugares e pessoas e de entender e fazer-se entender em procedimentos políticos, administrativos ou judiciais inclusive através de tradução.
• Direito a comunicação: os povos indígenas têm direito de manter seus próprios meios de comunicação em suas línguas, bem como ter acesso a todos os meios de comunicação não-indígenas, garantindo que a programação da mídia pública incorpore e reflita a diversidade cultural dos povos indígenas.
ISA, Fernando Mathias.

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ISA publica nova edição do Almanaque Brasil Socioambiental

13/09/2007 - Com linguagem acessível, fotos, imagens e gráficos, a publicação apresenta um panorama atualizado dos ambientes brasileiros e das grandes questões socioambientais da Terra. O aquecimento global e as mudanças climáticas são o destaque desta nova edição do almanaque, que é a contribuição do Instituto Socioambiental para aguçar a consciência planetária sobre os modelos de produção e consumo que estão por trás da atual crise ambiental que vivemos. A publicação será lançada simultaneamente em cinco capitais no próximo mês de novembro.

O Instituto Socioambiental (ISA) lança em novembro o Almanaque Brasil Socioambiental 2008, segunda edição da publicação – lançada originalmente em 2005 - que busca contribuir para a reflexão e o debate sobre o futuro da vida no Brasil e no planeta. A publicação pretende colaborar para que a consciência planetária sobre os modelos insustentáveis de produção e consumo atuais se torne mais aguda e perceba a urgência em alterar estes padrões para não agravar ainda mais a crise ambiental que vivemos, representada pelas mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global.

Assim como em sua primeira edição, o Almanaque Brasil Socioambiental 2008 traz um panorama atualizado dos ambientes brasileiros – Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal, Pampa e Zona Costeira -, das grandes questões socioambientais contemporâneas, e capítulos específicos sobre Diversidade Socioambiental, Florestas, Cidades, Água, Terras, Recursos Energéticos e Minerais e Modelos de Desenvolvimento.

A nova edição do almanaque contém ainda um capítulo inteiro sobre Mudanças Climáticas. O tema permeia toda a publicação, que traz informações específicas sobre as ameaças que as alterações no clima representam para cada região do Brasil a partir de cenários pessimistas ou otimistas, seus efeitos sobre o planeta, a relação do Brasil com o aquecimento global, o papel das florestas na regulação do clima, o que tem sido dito pelo IPCC da ONU e quais os desafios que se colocam daqui para frente, no Brasil e no mundo.

Cartões-postais ameaçados

Outra novidade do almanaque é o destaque dado a oito cartões-postais brasileiros ameaçados. Ao longo de suas 552 páginas, a publicação apresenta a situação de paisagens, regiões ou lugares do País que vêm sendo afetados por grandes obras, poluição, desmatamento ou descaso de órgãos públicos. Na lista estão o Arquipélago de Anavilhanas, no Amazonas, o Rio Araguaia, em Tocantins, o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, a Serra do Amolar, no Pantanal, o Recôncavo Baiano, o Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, a Baía da Guanabara e o Rio Ribeira de Iguape, entre Paraná e São Paulo.

A noção de que homem e natureza estão interligados umbilicalmente preenche outra nova seção do almanaque, fruto da parceria do ISA com o Canal Futura. “Um Pé de Quê?” conta, a partir de textos adaptados da série homônima de televisão, as origens, curiosidades e usos e desusos de espécies vegetais emblemáticas de regiões, países, culturas e épocas, como o Café, a Coca, o Pau-Brasil, o Açaí, o Coqueiro, o Buriti, o Juazeiro, o Xaxim, entre outras. O leitor ainda vai encontrar no almanaque receitas de culinária regionais e a seção “Personagens”, que descreve importantes figuras brasileiras, desde artistas, escritores, músicos até intelectuais e ativistas, que tiveram sua vida e trabalho ligados aos ambientes e questões socioambientais do País.

Mapas, gráficos e ensaios fotográficos

A publicação trata também de outras questões que podem ajudar a entender os conflitos socioambientais que o Brasil vive hoje, apresenta informações sobre Fóruns e Conferências que vêm debatendo esses conflitos no País e no mundo e analisa a legislação ambiental brasileira. O almanaque ainda oferece diversas dicas para o dia-a-dia da população, sobre reciclagem de lixo, uso de energia e água e caminhos para quem quiser denunciar crimes ambientais, além de uma extensa relação de endereços de organizações governamentais e da sociedade civil ligadas aos temas socioambientais.

O almanaque inclui ao todo dez ensaios fotográficos autorais e 85 verbetes, dispostos em 11 capítulos temáticos. Os textos foram produzidos por 122 colaboradores, entre jornalistas, ativistas e especialistas das mais diferentes áreas. A publicação traz ainda um mapa-pôster que destaca os efeitos da ação humana sobre o território brasileiro. A intenção do ISA é atingir um público amplo, sobretudo estudantes e professores dos ensinos fundamental e médio. Por isso, optou-se por uma linguagem simples e concisa, sem ser superficial, e um projeto gráfico dinâmico, com muitas tabelas, mapas, gráficos e imagens.

O ISA vai doar dez mil exemplares do Almanaque Brasil Socioambiental 2008, cuja tiragem inicial é de 25 mil exemplares, para bibliotecas e escolas públicas de todo o País, entidades sem fins lucrativos e socioambientalmente responsáveis, além de órgãos públicos. A publicação foi viabilizada pela Lei Rouanet, do Ministério da Cultura, e pela parceria entre o ISA e o Grupo AES que, por meio de suas empresas AES Eletropaulo e AES Tietê, patrocinou integralmente a obra.

O lançamento está marcado para o dia 7 de novembro e ocorrerá simultaneamente em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Manaus. O almanaque também será lançado em Curitiba no dia 13 do mesmo mês. Os eventos vão reunir os colaboradores da publicação de cada região.

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Jornalista inglesa relata em livro o massacre dos Yanomami

13/09/2007 - A tragédia foi publicada por Jan Rocha, pela primeira vez, em 1999, em inglês. Agora, a jornalista lança a edição reeditada, em português, sobre o brutal assassinato de 13 índios Yanomami por garimpeiros e pistoleiros, que invadiram suas terras em busca de ouro. O episódio ficou conhecido como Massacre de Haximu

Em meados de 1993, a densa floresta tropical que cobre o entorno das nascentes do rio Orinoco - próximas à divisa da Venezuela com o Brasil - foi palco de um dos mais covardes e violentos massacres de índios do século XX. Foi lá, em um conjunto de tapiris escondidos no meio da mata, que mais de uma dúzia de garimpeiros, acompanhados de pistoleiros profissionais, assassinaram, com requintes de crueldade, 13 índios Yanomami: um homem idoso, duas mulheres idosas, uma mulher de meia idade, três meninas jovens, quatro meninos pequenos (entre 6 e 9 anos), e dois bebês de sexo feminino, de um e três anos, um dos quais transpassado por um facão enquanto chorava em sua rede.

A tragédia, conhecida como o “massacre de Haximu”, ultrapassou os limites da selva. Mesmo de maneira confusa, notícias sobre a matança ecoaram nos quatro cantos do mundo. A crueldade dos assassinos espantou a todos, com exceção de grupos de interesse preocupados em liberar as terras indígenas para a exploração econômica, que até hoje insistem em negar o ocorrido.

Ao terrível massacre sucederam-se voluntarismos intempestivos, incompetência lingüística e despreparo dos órgãos responsáveis, para não falar na invasão involuntária, por autoridades brasileiras, do território venezuelano onde se encontrava a aldeia de Haximu, tardiamente identificada. Agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) chegaram a declarar que os mortos passavam de 70, número que foi reduzido após a identificação dos sobreviventes e a investigação realizada pelo antropólogo Bruce Albert e pelo médico Claudio Esteves de Oliveira, ligados a Comissão Pró-Yanomami (CCPY).

Toda essa história é apresentada no livro Haximu: O massacre dos Yanomami e suas consequências, de Jan Rocha, que será lançado no próximo dia 17 de setembro na Livraria da Vila, em São Paulo. Trata-se de uma versão reeditada em português pela Editora Casa Amarela do livro Murder in the Rainforest: The Yanomami, the Gold Miners and the Amazon, publicado em 1999 pelo Latin America Bureau, de Londres.

O livro de Jan Rocha apresenta, de forma detalhada, toda a cronologia do massacre, levando o leitor a vislumbrar, a posteriori, a sucessão de incompreensões que fomentaram tamanha tragédia. A ausência, e por vezes cumplicidade, do Estado brasileiro em relação à situação caótica que se instalou na Terra Indígena Yanomami no final da década de 1980 não escapa do escrutínio da autora, que apresenta as características da política indigenista brasileira e os acontecimentos que culminaram e sucederam a matança. Uma breve apresentação do mundo Yanomami e a história de seu encontro com os não-índios permitem ao leitor um rápido contato com seu modo de vida.

A nova edição traz na capa uma foto emblemática: os sobreviventes de Haximu carregando as cabaças contendo as cinzas funerárias de seus parentes mortos. É importante lembrar que a ausência de corpos (apenas partes de um esqueleto feminino foram encontradas) foi apontada como indício de fraude e inexistência do massacre.

Uma apresentação de Rubens Ricupero, na época nomeado para o Ministério Extraordinário para a Articulação de Ações na Amazônia Legal - embrião do atual Ministério do Meio Ambiente-, e um prefácio de Laymert Garcia dos Santos, nos introduzem à narrativa propriamente dita. Fotos de Claudia Andujar (renomada fotógrafa e ex-coordenadora da CCPY), e um pequeno texto de José Arbex Jr. (jornalista da revista Caros Amigos) complementam o conjunto.

Por fim, as palavras de Davi Kopenawa Yanomami e seu filho Dário Vitório nos mostram o imenso valor que a vida na floresta tem para os Yanomami e como a memória do garimpo permanecerá para sempre assombrando seu passado, presente e futuro.

Em agosto de 2006, o massacre de Haximu foi caracterizado como ato de genocídio pelo Supremo Tribunal de Justiça, que, em uma decisão inédita, sepultou as esperanças de liberdade de Pedro Prancheta, Eliézer, João Neto e Curupuru, identificados como artífices da barbárie. Dentre os demais envolvidos, alguns morreram, mas a maioria desapareceu nos descaminhos da Amazônia brasileira.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.isa.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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