21/09/2007 - A adesão
do Grupo Cosan, maior produtor de açúcar
e álcool do mundo, ao protocolo de
cooperação agroambiental do
setor sucroalcooleiro paulista foi efetivada
nesta sexta-feira (21/09), em cerimônia
na Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
- ESALQ, em Piracicaba,
com a participação do secretário
estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano,
e do secretário-adjunto da Agricultura,
Antônio Júlio Junqueira de Queiroz.
O grupo, composto de 17 usinas e com uma área
plantada de 500 mil hectares, é o primeiro
a assinar o compromisso de eliminar a prática
da queima da palha de cana, antecipando os
prazos previstos na legislação
estadual vigente.
O protocolo prevê
também outras iniciativas ambientais
importantes, com a implementação
de planos de conservação do
solo e dos recursos hídricos, como
a recuperação e proteção
das matas ciliares, a proteção
da biodiversidade, as boas práticas
de utilização e descarte de
embalagens de agrotóxicos, reciclagem
e reúso dos resíduos gerados
e minimização da poluição
atmosférica.
Incluída entre as ações
em comemoração ao Dia da Árvore,
marcado pela secretaria do Meio Ambiente com
a realização do Mutirão
Verde em todo o Estado, a adesão do
Grupo Cosan foi classificada pelo secretário
Xico Graziano como uma demonstração
do compromisso do setor sucroalcooleiro com
a política ambiental, devendo estimular
os outros empresários do setor a firmar
também o protocolo. "Plantar árvores
é sempre muito bom, mas não
basta e não deve servir de salvo-conduto
para que outras questões sejam deixadas
de lado", lembrou o secretário
do Meio Ambiente, para quem a meta é
desenvolver práticas de produção
limpa, que impeçam os danos ambientais
antes que aconteçam.
"Em 1996, no início
do Governo Mário Covas, como secretário
da Agricultura, recebi a incumbência
de desenvolver as bases para o decreto que
regulamentou a prática da queima da
palha de cana no Estado e que estabeleceu
os critérios para a definição
das áreas mecanizáveis, entre
outros avanços. Quando foi estabelecida
a legislação, no entanto, foram
definidos prazos que estenderam a prática
até 2031", lembrou Graziano. "Talvez
por isso, fui encarregado pelo governador
José Serra de buscar alternativas que
reduzissem os prazos dessa prática
que classifico como medieval e que se coloca
como um desafio diante da constatação
dos seus efeitos no aquecimento global",
finalizou.
A solução
adotada foi buscar a negociação
com o setor, juntamente com a Secretaria da
Agricultura e Abastecimento, tornando viável
o acordo definido com a UNICA - União
da Agroindústria Canavieira do Estado
de São Paulo em junho último
e que em apenas três meses já
mostra seu primeiro resultado concreto.
Para Rubens Ometto Silveira
Mello, representante do Grupo Cosan, a adesão
voluntária ao protocolo permite que
cada empresa assuma o compromisso de acordo
com a sua capacidade de se adequar ao corte
mecanizável, considerando também
os aspectos sociais do setor que emprega 200
mil trabalhadores. O empresário reconhece,
no entanto, que a mudança traz também
benefícios econômicos, permitindo
um melhor aproveitamento da cana, com a geração
de energia elétrica e a produção
de celulose, por exemplo, recursos que atualmente
são desperdiçados.
Texto: Eli Serenza
Foto: Pedro Calado
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Mapa vai definir áreas
prioritárias para a recuperação
da biodiversidade no estado
19/09/2007 - Cerca de 180
pesquisadores participaram na última
sexta-feira (14/9) do Workshop: Áreas
Continentais Prioritárias para a Conservação
e Restauração da Biodiversidade
no Estado de São Paulo, promovido pelo
Instituto de Botânica (IBt), em parceria
com o Instituto Florestal (IF) e Fundação
Florestal (FF), Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo - FAPESP, Centro de Referência
em Informação Ambiental – CRIA
e Instituto Virtual da Biodiversidade – BIOTA.
O encontro, realizado no Jardim Botânico,
em São Paulo, teve a finalidade de
discutir e elaborar um mapa das áreas
prioritárias para ações
de conservação e de restauração
da biodiversidade em território paulista.
De acordo com Ricardo Rodrigues,
professor da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, coordenador
do Programa Biota-FAPESP e um dos organizadores
do evento, a pressão das atividades
econômicas, ampliada com a escalada
dos biocombustíveis, aumenta ainda
mais a importância do trabalho, que
será finalizado em outubro. “Novas
usinas de álcool estão em processo
de licenciamento e, por isso, o mapa virá
em ótima hora, já que os órgãos
licenciadores poderão usar as informações
para definir estratégias de conservação”,
observou Rodrigues.
Segundo o professor, “o
mapa dará base científica para
definir áreas a serem beneficiadas
pelos recursos das compensações
ambientais, exigidas dos empreendedores, contribuindo
para definir a própria ocupação
da área agrícola na região
das novas usinas", adiantou. Como exemplo,
disse que os recursos poderiam ser aplicados
na proteção de fragmentos florestais,
interligando-os por meio de corredores ecológicos
formados com a recuperação de
matas cilicares e de reservas legais.
Rodrigues afirma que a principal
função do mapa da biodiversidade
será a de fornecer subsídios
científicos para estratégias
de conservação e restauração.
“Restando apenas 13% de áreas florestais
no Estado, podemos dizer que todas as áreas
são prioritárias. Trata-se agora
de definir estratégias”, salientou.
No seu entender, as áreas de maior
importância biológica deverão
ser transformadas em unidades de conservação
de proteção integral, enquanto
as demais serão conservadas em outras
categorias, como reserva legal ou área
passível de manejo.
A reserva legal, segundo
o professor, é um mecanismo do Código
Florestal que determina que 20% das propriedades
rurais sejam mantidas com cobertura vegetal
nativa, permitindo-se o manejo florestal.
“Hoje, o déficit de reserva legal é
de 12%, restando apenas 8% de florestas ou
áreas agrícolas pouco utilizáveis.
As compensações pela criação
de novas usinas de álcool deverá
considerar isso" enfatizou.
Os dados analisados pelos
pesquisadores serão sintetizados em
um mapa único em mais duas reuniões,
marcadas para os dias 10 e 11 de outubro.
Os dados biológicos que servirão
de base para o mapa incluem mais de 200 mil
registros de 10.491 espécies. Nesse
universo, os pesquisadores definiram 3.326
espécies-alvo, consideradas prioritárias
para conservação, o equivalente
a 32% do total. Além disso, há
grande quantidade de dados de paisagem e de
meio físico.
O biólogo Jean Paul
Metzger falou sobre a metodologia de obtenção
de dados para subsidiar a definição
das ações estratégicas
de conservação e restauração
da biodiversidade no Estado de São
Paulo. “O que se espera é que, para
cada uma das unidades de gereciamento de recursos
hídricos, os pesquisadores, com base
em dados biológicos de paisagens e
do meio físico, definam as ações
prioritárias de conservação”.
Ao final das apresentações,
os participantes dirigiram-se às salas
do Instituto de Botânica para trabalhar
em cada um dos temas dos grupos biológicos,
analisando isoladamente cada unidade de gerenciamento
de recursos hídricos.
Texto: Wanda Carrilho