24 de Setembro de 2007 -
Os Estados Unidos tentam minar Kyoto promovendo
uma reunião paralela para discutir
o aquecimento global. Esse encontro, fora
do âmbito da ONU, já vem sendo
chamada de Reunião dos Grandes Poluidores.
Nova York, Estados Unidos — Presidente brasileiro
tem que aproveitar seu discurso na ONU para
assumir parcela de responsabilidade do país
no aquecimento global
e se comprometer com o desmatamento zero.
Em encontro informal sobre meio ambiente também
na ONU, Greenpeace desafia líderes
mundiais a reforçarem Protocolo de
Kyoto, propondo ações decisivas
e urgentes.
Lula discursará nesta
terça-feira na abertura da 62a. Assembléia-Geral
da Organização das Nações
Unidas (ONU), em Nova York, e terá
uma chance de ouro para reforçar o
compromisso do Brasil com o combate às
mudanças climáticas. Para tanto,
precisa sinalizar claramente que a negociação
internacional sobre aquecimento global deve
se dar no âmbito da ONU e mostrar que
o país está disposto a assumir
sua parcela de responsabilidade com o aquecimento
global, tomando medidas adequadas, como o
desmatamento zero.
"O Brasil não
pode aceitar um processo paralelo liderado
pelos Estados Unidos, maior poluidor do mundo
e que não cumpre os compromissos acordados
pelo Protocolo de Kyoto", diz Marcelo
Furtado, diretor de Campanhas do Greenpeace
Brasil.
"O governo brasileiro
tem uma oportunidade única para falar
de biocombustíveis e cobrar responsabilidade
dos países ricos, mas também
para deixar claro que o Brasil, como quarto
maior poluidor do mundo, tem que acabar com
o desmatamento e com isso dar sua contribuição
no combate às mudanças climáticas",
afirma. "Essa é a única
reunião de alto escalão no âmbito
da ONU, com chefes de Estado de todo o mundo,
antes da Convenção Quadro de
Mudanças Climáticas e do Protocolo
de Kyoto, que acontece em Bali, em dezembro
próximo. O que for decidido agora terá
conseqüências significativas nas
negociações sobre a segunda
fase do Protocolo de Kyoto, daí a sua
importância."
Greenpeace na ONU: "Não
temos tempo para retórica"
O diretor de Campanhas do
Greenpeace China, Lo Sze Ping, participou
nesta segunda-feira do encontro ambiental
'informal' realizado na ONU com dezenas de
chefes de Estado, e destacou em discurso que
"os governos não podem se perder
em retóricas e ações
divergentes" neste momento, porque a
situação é de emergência.
"Cientistas e economistas
estão divulgando fatos alarmantes que,
ignorados, nos colocam a todos em perigo.
O Protocolo de Kyoto é o único
caminho para agirmos para valer contra as
mudanças climáticas", disse
Lo. O Greenpeace está convocando os
governos a entrarem em acordo por um "Mandato
de Bali" no encontro Kyoto+ que discutirá
na ilha indonésia, em dezembro, as
novas demandas para se combater o aquecimento
global. Esse acordo deve deixar claro a urgência
das mudanças climáticas e defender
os seguintes pontos:
* drásticos cortes
de emissões de gases do efeito estufa
pelos países industrializados;
* criação de novos mecanismos
de mercado para trazer a ação
de países em desenvolvimento contra
as mudanças climáticas para
dentro do sistema Kyoto;
* um fundo para promover uma revolução
energética baseada em energias renováveis
e eficiência energética;
* uma redução nas emissões
de carbono por meio da eliminação
do desmatamento;
* pagamento pelos impactos das mudanças
climáticas que não podem mais
ser evitadas, especialmente no mundo desenvolvido.
"O trabalho em Bali
não pode ser um mapa do caminho, nem
uma lista de promessas, mas um mandato claro
para uma reforçada segunda fase do
Protocolo de Kyoto a partir de 2009",
afirma Lo, que desafia ainda a noção
de que a China não está agindo
em relação à sua contribuição
para as mudanças climáticas.
"Para ser claro, a China está
sim agindo, já tendo estabelecido metas
significantes de energia renovável
e eficiência energética. No entanto,
precisamos eliminar nossa dependência
do carvão para a produção
de energia e acelerar nossa capacidade de
desenvolver projetos de energia solar e eólica,
combatendo assim as mudanças climáticas
de maneira alternativa e lucrativa.”
A China tem a capacidade
de desenvolver 118GW de energia eólica
e 25GW de energia solar fotovoltaica até
2020. De acordo com o Cenário Global
Energético lançado pelo Greenpeace
no início deste ano, investir num de
eletricidade renovável e eficiência
energética resultará numa economia
de US$ 180 bilhões anualmente, além
de cortar as emissões de CO2 pela metade
até 2030. Essa análise pode
ser encontrada na página www.energyblueprint.info
"Temos toda a tecnologia
que precisamos para iniciar já os trabalhos
necessários para evitar o pior das
mudanças climáticas. Os governos
precisam é pôr as mãos
à obra", diz Lo.