18 de Setembro de 2007 -
Madeira certificada pelo FSC (Forest Stewardship
Council - Conselho de Manejo Florestal). O
selo verde garante que a extração
da madeira é feita de forma sustentável.
São Paulo, Brasil — Entre
as medidas anunciadas pelo governo paulista
está o fechamento das fronteiras do
estado para cargas de madeira sem comprovação
legal de origem.
Acabou a moleza para a madeira
ilegal da Amazônia. Pelo menos no Estado
de São Paulo, que anunciou nesta terça-feira
a adoção de medidas para coibir
a entrada de material extraído ilegalmente
da região amazônica. A iniciativa,
inédita no país, é fruto
do termo de compromisso em defesa da floresta
amazônica assinado pelo governo paulista
em março de 2006 com o Greenpeace.
O ponto central da nova
postura das autoridades de São Paulo
é a intensificação da
fiscalização mas também
a adoção de um modelo de consumo
mais responsável de madeira, exigindo
garantias de procedência de toda a madeira
adquirida pela administração
pública. O governo passa também
a exigir que todas as cidades participantes
do programa Municípios Verdes reduzam
seu consumo de madeira nativa da Amazônia.
São Paulo é
hoje o maior consumidor mundial de madeira
da floresta amazônica e o Brasil é
o quarto maior emissor de gases de efeito
estufa do mundo - 75% das suas emissões
têm origem no desmatamento da Amazônia
principalmente.
Para Adriana Imparato, do
programa Cidade Amiga da Amazônia, do
Greenpeace, as ações anunciadas
pelo governo paulista são promissoras.
“Esperamos que outros estados e capitais brasileiras
sigam o modelo de São Paulo, tomando
medidas efetivas de combate à exploração
predatória e ilegal de madeira, que
é vetor do desmatamento da Amazônia,
com forte impacto no aquecimento global”,
disse ela.
O governo paulista divulgou
nota nesta terça-feira sobre o assunto.
Segue a íntegra:
Estado de São Paulo
fecha suas fronteiras para madeira ilegal
Amazônica
A Secretaria de Meio Ambiente
do Estado de São Paulo, dentro do projeto
estratégico de governo “São
Paulo Amigo da Amazônia”, inaugura diversas
medidas de combate ao desmatamento da Amazônia,
coibindo a entrada e comercialização
de madeira ilegal em seu território.
A ordem é intensificar
a fiscalização do transporte
de madeira nativa, principalmente a de origem
Amazônica, nas divisas dos Estados do
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e demais
divisas paulistas.
As operações
serão coordenadas pela Polícia
Militar Ambiental, por meio das suas Unidades
Especializadas de Policiamento, em conjunto
com o Instituto Florestal do Estado e a Fundação
Florestal, contando com o apoio das Policias
Rodoviárias Estadual e Federal.
A estratégia da operação
é realizar bloqueios policiais de fiscalização
para conferência do documento de origem
florestal (DOF) e da guia florestal (GF),
realizando de imediato a tipificação
e identificação da madeira transportada.
Para isso, serão disponibilizados pelo
Instituto Florestal e pela Fundação
Florestal corpo técnico especializado
na identificação dos produtos,
que comporão os bloqueios juntamente
com os Policiais Ambientais. As ações
de fiscalização serão
realizadas rotineira e inopinadamente nos
períodos diurno e noturno, garantindo
assim, a prevenção e repressão
imediata dos delitos cometidos contra o Meio
Ambiente.
Estima-se que, anualmente,
24 milhões de metros cúbicos
de madeira em toras sejam extraídas
da Floresta Amazônica, dos quais, aproximadamente
15%, são absorvidos já desdobrados
pelo mercado paulista. O que torna o Estado
de São Paulo o maior consumidor de
madeira nativa amazônica do mundo, perfazendo
um total de 3 Milhões e 600 mil metros
cúbicos distribuídos em depósitos
e consumidos pelos mais diversos setores da
economia paulista.
O projeto “São Paulo
Estado Amigo da Amazônia” nasceu de
um compromisso assumido pelo governo com a
ONG ambientalista Greenpeace e prevê
uma série de outras iniciativas. Entre
elas o consumo público responsável
de madeira nativa Amazônica, exigindo
garantias de origem legal e estimulando a
redução de seu uso para fins
descartáveis.
Como destaque, o governo
incentivará a utilização
de madeira oriunda de florestas plantadas,
assim como a valorizará de empresas
que utilizem madeira de origem sustentável.
+ Mais
São Leopoldo inaugura
primeira obra pública 100% amiga da
Amazônia
28 de Setembro de 2007 -
Prédio do Centro Turístico Municipal
de São Leopoldo (RS) é a primeira
obra pública no Brasil a ser construída
100% com madeira certificada pelo FSC.
São Leopoldo, Rio Grande do Sul — Usando
apenas madeira certificada, a construção
do centro turístico foi mais econômica
do que obras que usam matéria-prima
convencional.
Inaugurado nesta sexta-feira
em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul,
o prédio do Centro Turístico
Municipal é a primeira obra pública
do Brasil 100% amiga da Amazônia. Nele
foi usada apenas madeira amazônica certificada
pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC, na
sigla em inglês), reduzindo o impacto
ambiental e também os custos do projeto.
A iniciativa é fruto
de um compromisso assumido pela prefeitura
local com a União Protetora do Ambiente
Natural (Upan) e o Greenpeace, que criou em
2003 o programa Cidade Amiga da Amazônia,
destinado a ajudar municípios e estados
de todo o país a eliminarem o consumo
de madeira extraída de forma ilegal
ou predatória na Amazônia.
O prédio inaugurado
pelo prefeito Ary Vanazzi abriga o Centro
de Informações Turísticas
da Rota Romântica da Serra Gaúcha,
que tem seu marco zero em São Leopoldo
e abrange outros 11 municípios. “A
concretização dessa obra pioneira
demonstra que tanto o poder público
quanto a iniciativa privada podem contribuir
com a preservação de nossas
florestas, consumindo seus recursos de forma
responsável”, diz Márcio Astrini,
do programa Cidade Amiga da Amazônia.
A redução
do impacto ambiental do centro turístico
de São Leopoldo foi pensada desde a
concepção do projeto. Captação
da água da chuva, aproveitamento da
iluminação natural, ventilação
e aquecimento espacialmente planejados também
contribuíram para baratear os custos.
“Preservar nossas florestas, suas comunidades
e a biodiversidade é dever de todo
cidadão e obrigação do
poder público”, diz Astrini.
Segundo a empresa responsável
pela obra, Sawaya Construções
e Incorporações, a obra custou
menos da metade de um projeto que usassem
matéria-prima convencional, não
certificada. “Os orçamentos oferecidos
pelos fornecedores locais eram mais que o
dobro que o da madeira certificada que compramos
diretamente de uma empresa certificada no
Pará”, conta Júlio César
Sawaya, diretor da empresa. Mesmo com o pagamento
do transporte da madeira certificada do Pará
até Rio Grande do Sul, além
da compra de ferramentas adequadas para tratar
o material, a obra ficou bem mais em conta.
A certificação
florestal FSC é independente e adota
critérios aceitos internacionalmente.
O selo oferece ao consumidor a melhor garantia
de que a atividade madeireira ocorre de maneira
legal e não acarreta a destruição
das florestas, além de ter origem em
uma operação socialmente justa
e economicamente viável.