25/09/2007 - Marluza Mattos
- A Reunião de Alto Nível, convocada
pelo secretário-geral da Organização
das Nações Unidas (ONU), Ban
Ki-moon Ban, para discutir mudança
do clima, teve saldo positivo na avaliação
da secretária de Mudanças Climáticas
e Qualidade Ambiental do MMA,
Thelma Krug. Ela fez parte da delegação
que representou o Brasil no evento, ao lado
da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
O País, segundo a
secretária, teve uma participação
ativa na reunião, realizada em Nova
Iorque. A ministra Marina Silva discursou
no painel sobre mitigação, na
segunda-feira (24). Ela falou sobre a necessidade
de os países desenvolvidos assumirem
metas mais rígidas de redução
de emissões de gases de efeito estufa
na atomosfera. Marina Silva disse também
que muitos países em desenvolvimento,
apesar de não terem metas mandatórias,
já estão dando contribuições
voluntárias significativas. Citou ainda
as experiências brasileiras no combate
ao desmatamento, na produção
sustentável de biocombustíveis,
no uso de fontes renováveis para a
geração de energia e a iniciativa,
em andamento, de elaboração
de um Plano Nacional de Enfrentamento à
Mundança do Clima.
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva também falou sobre as
iniciativas do Brasil na área do clima
no discurso que proferiu durante a abertura
da 62ª sessão da Assembléia
Geral da ONU, nesta terça-feira (25).
O Brasil participou ainda
de uma reunião com o presidente da
Indonésia, que sediará na cidade
de Bali, em dezembro, a próxima Conferência
das Partes da Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (COP-13). Na reunião,
países líderes em florestas
tropicais assinaram um documento, que será
levado à COP. O texto é amplo
e demonstra a disposição de
nações - como Brasil, Indonésia,
Camarões, Congo, República do
Congo, México, Peru, Colômbia,
Gabão - em inserir com mais destaque
a questão florestal na discussão
dos problemas do clima. Essa inserção
é muito importante e foi retardada
durante algum tempo. O tema é complexo
por que floresta é ser vivo, não
é máquina, resíduo ou
indústria. O debate, portanto, se torna
mais difícil. Mas precisamos trazer
a discussão sobre florestas junto com
a que se dá sobre outros setores ,
explica Thelma Krug.
Para a secretária,
na Reunião de Alto Nível da
ONU foi possível perceber que o clima
para a COP é bom, apesar de não
haver garantias de que as negociações
resultarão em avanços muito
significativos. Além das florestas,
espera-se que a pauta da conferência
inclua também compromissos dos países
desenvolvidos na redução de
emissões de gases de efeito estufa,
esforços adicionais domésticos
e Mecanismos de Desenvolvimento Limpo. Se
deixarmos Bali com alguma perspectiva de intenção
dos países desenvolvidos em aprofundar
suas contribuições, sem quantificações,
já será uma vitória importante
, argumenta. Todas essas discussões
se darão no âmbito do debate
sobre qual será o caminho a ser adotado
depois de 2012, quando encerra o primeiro
período de compromissos do Protocolo
de Quioto.
Na COP, o Brasil também
poderá avaliar o quanto é possível
flexibilizar a proposta que apresentou sobre
incentivos positivos a serem concedidos por
países desenvolvidos a países
em desenvolvimento que reduzirem suas emissões
relativas a desmatamento. Propostas de outros
países versam sobre esse tema e, provavelmente,
será necessário ceder em algum
ponto.
Thelma Krug participa,
a partir desta quarta-feira (26), de outra
Reunião de Alto Nível sobre
mudança do clima em Washington, desta
vez convocada pelos Estados Unidos. O Brasil
vê o encontro proposto pelo presidente
norte-americano George Bush com reservas.
O País entende que o fórum adequado
para as negociações sobre mudança
climática é o ambiente multilateral
- as Nações Unidas.
Marcello Casal JR/AB