12 de Outubro de 2007 -
Juliana Cézar Nunes e Wellton Máximo*
- Repórteres da Agência Brasil
- Brasília - Ganhador do Nobel da Paz,
premiado com o ex-vice-presidente
americano Al Gore, o presidente do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas
(IPCC, em inglês), Rajendra Pachauri,
afirmou que o Brasil pode assumir papel de
liderança entre os países em
desenvolvimento no combate ao aquecimento
global.
A declaração
foi dada em entrevista à Agência
Brasil no último dia 24, na sede das
Nações Unidas, em Nova York.
Na ocasião, Pachauri apresentou o esboço
de um relatório que será discutido
em novembro, na Espanha. No documento, ele
sugere ações para estabilizar
as emissões de gases poluentes.
Segundo Pachauri, os brasileiros
devem aprender a conciliar o desenvolvimento
com o respeito ao meio ambiente. "O Brasil,
assim como outros países, precisa crescer,
mas deve fazer isso com sustentabilidade e
mínimo impacto”, destacou.
O presidente do IPCC também
afirmou que, apesar de a maior parte da energia
do Brasil vir de fontes renováveis,
o país precisa estimular outras maneiras
para diminuir as emissões de gás
carbônico. “Além de promover
as energias alternativas, o Brasil necessita
apostar no mercado de carbono”, completou.
O mercado de créditos
de carbono é um mecanismo por meio
do qual empresas de países ricos financiam
projetos de desenvolvimento sustentável
nos países em desenvolvimento. Em troca
da redução de lançamento
de gás carbônico na atmosfera,
as empresas podem manter o nível de
emissões nas nações de
origem.
Além do IPCC, o ex-vice-presidente
dos Estados Unidos Al Gore ganhou hoje (12)
o Prêmio Nobel da Paz de 2007. “Seu
forte compromisso, refletido na sua atividade
política, suas conferências,
filmes e livros, reforçaram a luta
contra o aquecimento global”, disse o Comitê
do Nobel da Paz em Oslo (Noruega).
Neste ano, Gore ganhou um
Oscar pelo documentário Uma Verdade
Inconveniente, sobre o aquecimento global.
“Provavelmente, ele é o indivíduo
que mais mais se esforçou para criar
um entendimento mundial das medidas que precisam
ser adotadas”, acrescentou o comitê
do prêmio.
O IPCC foi premiado por
duas décadas de investigações
científicas que ajudaram a “criar um
consenso cada vez mais informado sobre a conexão
entre as atividades humanas e o aquecimento
global”.
Membros do painel, que reúne
cerca de 2 mil cientistas, declararam-se surpresos
ao também terem sido escolhidos para
compartilhar a honra com Gore. “Estaríamos
felizes mesmo se apenas ele tivesse recebido
o prêmio porque é um reconhecimento
da importância do assunto”, disse a
porta-voz do IPCC, Carola Traverso Saibante.
O Nobel da Paz concede um
prêmio equivalente a 1,1 milhão
de euros (R$ 2,8 milhões) ao ganhador.
Por meio de nota oficial, Al Gore afirmou
sentir-se profundamente honrado pelo prêmio.
“Enfrentamos uma emergência planetária.
A crise climática não é
uma questão política, mas um
problema moral e espiritual”, afirma o texto.
Para Gore, compartilhar
o Nobel com o IPCC aumenta ainda mais a importância
do prêmio. Ele também declarou
que o prêmio representa uma “grande
oportunidade para elevar a consciência
global a um nível superior”.