09/10/2007 - Oficina sobre
o site www.quilombosdoribeira.org.br, realizada
na semana passada no quilombo de Pedro Cubas,
no Vale do Ribeira, reúne representantes
de sete comunidades e aproxima os jovens quilombolas
do universo digital - para muitos, foi a primeira
oportunidade para clicar em um "mouse"
e navegar no espaço cibernético.
O site www.quilombosdoribeira.org.br
foi objeto de uma oficina de capacitação
na semana passada que reuniu jovens quilombolas
do Vale do Ribeira na comunidade de Pedro
Cubas, uma das únicas vilas quilombolas
da região equipadas com telecentro.
Doze moradores de diversas comunidades do
Vale do Ribeira (Bombas, Pedro Cubas, Morro
Seco, Cangume, Porto Velho, São Pedro
e Poça) participaram da atividade,
que teve como objetivo dar seqüência
ao processo de inclusão digital dos
quilombolas e de atualização
do site www.quilombosdoribeira.org.br pelos
membros das comunidades que compõem
o conselho gestor da página na Internet.
O Instituto Socioambiental
(ISA) vem apoiando e executando projetos de
inclusão digital nas comunidades quilombolas
do Vale do Ribeira desde o ano passado, quando
o telecentro de Ivaporunduva foi inaugurado.
Saiba mais aqui. O ISA também ajudou
na construção do site www.quilombosdoribeira.org.br,
lançado em dezembro de 2006, leia mais
aqui. E, neste ano, voltou a apoiar a instalação
do telecentro em Pedro Cubas - mais informação
aqui -, aberto em abril, onde foi realizada
na semana passada a oficina sobre o site.
A oficina foi ministrada
pela equipe de Comunicação do
ISA e se desenvolveu ao longo de dois dias.
A atividade começou com a memória
do projeto, recuperando para os participantes
o histórico do projeto do site e levantando
junto aos jovens questões relacionadas
aos possíveis usos do site pelas comunidades,
como a divulgação e valorização
de suas culturas, veiculação
de denúncias de crimes ambientais e
conflitos fundiários, venda de produtos,
contato com turistas e pesquisadores interessados
em colaborar com as comunidades.
O trabalho teve seqüência
com a visita dos quilombolas a cada uma das
seções do site para que eles
pudessem avaliar o conteúdo atual,
sugerir atualizações e mudanças.
Em seguida, os participantes realizaram um
exercício de redação
para responder mensagens enviadas pelos visitantes
do site. O exercício teve como objetivo
mostrar que tipo de demanda vem sendo gerada
pela página, e como elas devem ser
encaminhadas pelos jovens e suas comunidades.
“Para nós ficou claro que, antes de
responder as mensagens, precisamos conversar
com as lideranças das comunidades envolvidas”,
ponderou José Luiz de França
Dias, da comunidade de São Pedro.
Os quilombolas terminaram
o primeiro dia com a tarefa de redigir pequenas
notas sobre assuntos atuais e relevantes para
suas respectivas comunidades. Cada um deles
elegeu uma pauta para abordar e começar
a trabalhar o texto. No segundo dia de oficina
os quilombolas foram apresentados à
ferramenta de atualização de
conteúdo do site, o editor de texto,
e puderam eles próprios inserir as
notas que haviam sido escritas na véspera.
Os textos foram editados, revisados e publicados.
“Gostei muito de ver o que escrevi publicado,
é uma sensação bem legal”,
disse Jaqueline Rosa, da comunidade de Poça.
A última atividade
da oficina consistiu na criação
de contas de correio eletrônico (e-mail)
para cada um dos participantes, para que eles
pudessem enviar notícias e manter contato
com a turma da oficina, e num passeio pela
comunidade de Pedro Cubas, quando cada quilombola
pôde tirar fotos com máquina
digital para, depois, publicá-las no
site. Para Juari Alves, da comunidade de Morro
Seco, a oficina foi estimulante. “Eu sempre
acho que conhecimento nunca é o bastante
e que nós também temos que estar
globalizados”, afirmou. “Agora vou levar essa
experiência para nossa comunidade e
trabalhar para que um dia tenhamos lá
um telecentro”.
A oficina mostrou que a
presença de telecentros nas comunidades
possibilita que os moradores aprendam rapidamente
a utilizar a tecnologia e se familiarizar
com a linguagem da Internet. Enquanto os jovens
de Pedro Cubas navegam e escrevem e-mails
facilmente, alguns dos participantes vindos
das outras comunidades nunca tinham visto
de perto um computador ou sequer manuseado
um “mouse”. É um indicador claro de
que ainda há muito trabalho a ser feito
para incluir as comunidades quilombolas do
Vale do Ribeira no mundo digital.
+ Mais
A primeira sessão
de cinema do Cineclube de Eldorado (SP)
10/10/2007 - O filme Bom
Dia Eternidade, do cineasta Rogério
Moura, foi o escolhido para inaugurar em pré-estréia,
na noite de 5 de outubro, o Cineclube Aldeia
Cultural, no município de Eldorado,
o primeiro a ser criado no Vale do Ribeira,
em São Paulo
A sessão inaugural do Cineclube Aldeia
Cultural, sala de cinema ao ar livre, em forma
de arena, na cidade de Eldorado, no Vale do
Ribeira (SP), foi precedida por um show do
músico Edvaldo Santana - que contou
com uma pala do também cantor Moisés
Moreira - e teve a presença do diretor
da Agência Nacional de Cinema (Ancine),
Leopoldo Nunes e do Prefeito de Eldorado,
Eloi Fouquet. Cerca de 100 pessoas, entre
jovens e adultos moradores da cidade, assistiram
à pré-estréia do filme
Bom Dia Eternidade, de Rogério Moura,
em noite de temperatura agradável e
céu estrelado.
Localizada no centro da
cidade de Eldorado, o espaço Aldeia
Cultural abriga as secretarias municipais
de Turismo e Meio Ambiente, uma biblioteca,
um ponto de venda de artesanato e agora o
cineclube.
A idéia é
que a sala seja utilizada como lazer para
a população da região
e ao mesmo tempo, tenha caráter educativo,
exibindo filmes brasileiros de ficção,
documentários e animações,
curtas, médias e longas metragens.
Os temas das fitas devem expressar a diversidade
e incidir nos conteúdos programáticos
escolares e nos debates públicos do
Vale do Ribeira, especialmente no que se refere
às manifestações culturais
populares, à biodiversidade, aos recursos
hídricos e minerais, ao turismo e agricultura
familiar.
O Cineclube Aldeia Cultural
vai funcionar sempre nos finais de semana.
Para as sessões itinerantes, deverão
ser visitadas comunidades rurais de populações
tradicionais quilombolas e caipiras, além
do próprio centro da cidade de Eldorado.
As exibições ocorrerão
ao ar livre, nas praças públicas,
nos centros comunitários ou nas escolas
de ensino médio e fundamental da rede
pública.
A gestão do Cineclube
ficará a cargo de cinco jovens que
foram formados e capacitados para isso. Nos
dias 27 e 28 de setembro, uma Oficina de Formação
Cineclubista, organizada pelo Instituto Socioambiental
e a prefeitura de Eldorado, foi ministrada
pela Federação Paulista de Cineclubes
e pela equipe da empresa Manufatura de Idéias.
A iniciativa é resultado da aprovação
de projeto de parceria entre o Instituto Socioambiental
(ISA) e a prefeitura da cidade, no processo
de seleção do edital Pontos
de Difusão Digital, da Secretaria do
Audiovisual, do Ministério da Cultura.
De acordo com Luis Eduardo
Tavares, da Federação Paulista
de Cineclubes, a prática cineclubista
não se resume apenas à exibição
audiovisual, mas se constitui tradicionalmente
em uma série de princípios,
que visam mediar uma relação
democrática entre a obra cinematográfica
e o público. Atualmente, com o surgimento
das novas tecnologias, cresce o número
de cineclubes nas regiões e territórios
onde não existem salas de cinema. “Os
cineclubes geridos de forma horizontal por
equipes locais, se constituem num importante
meio de cidadania cultural. Como primeiro
cineclube do Vale do Ribeira, espera-se que
o Aldeia Cultural se torne um pólo
irradiador dessa modalidade cultural na região”,
afirma Luis Eduardo.