18 de Outubro
de 2007 - São Paulo, Brasil — Sem definição
de seus termos práticos, acordo firmado
com Índia e África do Sul pretende
expandir o uso de energia atômica e
vai gerar mais insegurança no mundo.
O presidente Lula deu mais
um indicativo claro de que pretende turbinar
o Programa Nuclear Brasileiro com a assinatura,
na quarta-feira, de um acordo de cooperação
nuclear entre Brasil, África do Sul
e Índia. O anúncio, feito durante
viagem à África do Sul, não
forneceu detalhes de como o acordo será
feito na prática. Declarou-se apenas
que será monitorado pela Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA)
e que terá fins pacíficos.
“A assinatura do acordo
reforça o posicionamento do presidente
Lula na contramão da tendência
mundial de erradicação da utilização
desse tipo de energia. Enquanto países
como a Alemanha e Espanha se comprometeram
com o descomissionamento de suas usinas nucleares,
o Brasil declara a retomada do programa nuclear
com a construção de Angra 3
e, agora, a assinatura de documentos de cooperação
internacional”, afirmou Beatriz Carvalho,
coordenadora da campanha antinuclear do Greenpeace
Brasil.
Além do problema
ambiental, de insegurança e de proliferação
de armas, a energia nuclear é pouco
competitiva em termos econômicos. A
construção de Angra 3, por exemplo,
vai custar R$ 7 bilhões aos cofres
públicos, recurso que poderia ser investido
na geração e utilização
de energias renováveis, com maior eficiência,
maior geração de empregos e
menor impacto ambiental.
O lixo radioativo produzido
pelas usinas é altamente perigoso e
seu armazenamento é um problema para
o qual não há solução
no mundo. Os riscos de acidentes radioativos
foram responsáveis por grandes tragédias
como o acidente do Césio, em Goiânia,
o de Chernobyl, na Ucrânia, e o de Three
Mile Island, nos Estados Unidos, para citar
apenas alguns.
“O uso da energia
nuclear não atende a qualquer finalidade
que justifique seus altíssimos custos
de ordem econômica, ambiental e social.
Esse é um preço que não
precisamos pagar, pois existem energias alternativas,
como a eólica, a solar e a proveniente
de pequenas centrais hidrelétricas,
que são muito mais seguras e limpas”,
avalia Beatriz.