13 de Outubro de 2007 -
Alana Gandra - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - Um programa de inclusão
social que vincula o resgate da cidadania
com a preservação
do meio ambiente conquistou o Prêmio
do Conselho Empresarial Brasileiro para o
Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)
e serve agora de modelo para outras cidades
do Brasil e da América Latina.
Batizado de “Coleta Seletiva
Solidária”, o programa é desenvolvido
pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio
Ambiente de Mesquita, na Baixada Fluminense.
Busca capacitar e apoiar o trabalho de catadores
de materias recicláveis.
Entre os municípios
interessados em multiplicar a iniciativa estão
as cidades de Angra dos Reis, Itaboraí,
Nova Iguaçu e Volta Redonda, no Rio
de Janeiro. O projeto também já
chamou a atenção da Rede de
MercoCidades, organização que
reúne cidades pertencentes aos países
que compõem o Mercosul.
A secretária de Urbanismo
e Meio Ambiente de Mesquita, Kátia
Perobelli, conta que a iniciativa começou
com apenas três catadores e atualmente
já apóia duas cooperativas,
caminhando para uma terceira. Os catadores
fazem a coleta em cerca de sete mil residências
que aderiram ao projeto, à média
de 300 casas por catador.
“Toda semana tem reunião
com as cooperativas. E a gente faz um planejamento
onde todo o programa é discutido com
os catadores: as ruas que eles vão
ampliar, as novas casas que vão abrir",
explica a secretária. "Então,
é um programa territorial na cidade
toda, dá mobilidade aos catadores,
reafirma a identidade deles enquanto grupo.
É um projeto de inclusão social,
de geração de trabalho e renda.
Eles já estão ganhando em média,
quase R$ 500 por catador.”
Um dos catadores envolvidos
no projeto é Nivaldo Florentino Romão,
57 anos, natural de Pernambuco, que mora em
Mesquita desde os quatro anos de idade. Chamado
por um vizinho para participar do projeto,
Romão comemora o salário certo
que recebe todo mês e que resulta em
benefício para toda a família.
“A gente coleta, prensa e os compradores vêm
e compram os nossos produtos. E graças
a Deus tem sido muito benéfico para
a gente."
A coleta inicial é
acompanhada por dez agentes ambientais da
prefeitura. A partir daí, os próprios
catadores são transformados em agentes
do meio ambiente. A Secretaria de Urbanismo
e Meio Ambiente pretende transferir para os
catadores, por meio da cessão de uso,
todos os equipamentos disponibilizados para
o trabalho da coleta de materiais recicláveis.
+ Mais
Centro pesquisará
tratamento adequado aos rejeitos de carvão
em Santa Catarina
13 de Outubro de 2007 -
Alana Gandra - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - O Centro de Tecnologia
Mineral (Cetem), do Ministério da Ciência
e Tecnologia, em parceria com a Carbonífera
Criciúma, de Santa Catarina, está
desenvolvendo um projeto para combater a drenagem
ácida provocada por rejeitos de carvão
mineral, que há mais de um século
polui a região sul do estado. O projeto
conta com apoio da Financiadora de Estudos
e Projetos (Finep) e está orçado
em R$ 1,2 milhão.
A parte principal do projeto,
a Estação Experimental Juliano
Peres Barbosa, primeira unidade construída
no Brasil com células experimentais
e equipamento meteorológico capaz de
minimizar os efeitos na natureza da drenagem
ácida, será inaugurada na próxima
quarta-feira (17), na Mina do Verdinho, no
município de Criciúma. A mina
é propriedade da Carbonífera
Criciúma, empresa líder do setor
de mineração de carvão
no país.
Um dos coordenadores do
projeto engenheiro metalúrgico Paulo
Sérgio Soares, informou que a estação
tem como objetivo verificar a melhor maneira
de reduzir essa drenagem ácida, a partir
da cobertura desses rejeitos de forma técnica
adequada. “Na verdade [vamos] prevenir a geração
dessa drenagem. Isso é feito cobrindo
os rejeitos e evitando o contato deles com
o ar e com a água da chuva”, esclarece.
Como a cobertura dos rejeitos
do carvão pode ser efetuada de formas
diferentes e com graus de compactação
diversos, utilizando mais de um material,
como argila, cinzas de fundo de termelétrica
e solo orgânico, Paulo Sérgio
Soares explicou que a estação
“vai buscar uma maneira de fazer essa cobertura,
escolhendo os melhores materiais e as melhores
condições técnicas de
aplicação dos materiais disponíveis
sobre os rejeitos do beneficiamento do carvão”.
A drenagem ácida
de mina é um dos principais problemas
ambientais relacionados à mineração
de carvão. Essa mistura de ácido
e metais pesados tem caráter nocivo
e pode afetar os mananciais e depósitos
de água subterrâneos, comprometendo
o meio ambiente.
Os resultados que forem
obtidos pelos pesquisadores na estação
experimental poderão ser transferidos
para outras mineradoras. O trabalho a ser
desenvolvido nessa unidade tem importância
local, e ao mesmo tempo poderá capacitar
os pesquisadores a fazer um “modelamento”
de sistemas semelhantes em outras regiões
do país onde esse problema da drenagem
ácida possa existir, argumentou disse
o engenheiro do Cetem. Os primeiros resultados
deverão ser obtidos no prazo de três
anos.
Os rejeitos da mineração
de carvão produzidos em 123 anos de
exploração mineral na região
carbonífera catarinense ocupam uma
área superior a 20 quilômetros
quadrados. Os efeitos da drenagem ácida
poluiriam a água em 24 municípios
de Santa Catarina, que têm como atividade
econômica importante a lavra e o beneficiamento
de carvão, prejudicando uma população
estimada de 650 mil pessoas, de acordo com
informação da assessoria de
imprensa do Cetem.
“De fato, você tem
uma poluição das águas
e com isso você prejudica as atividades
de abastecimento e de uso para lazer, por
exemplo, desses rios, que ficam impactados
pela exposição inadequada de
rejeitos”, disse o pesquisador.
Paulo Soares explicou que
o agravamento da questão, do ponto
de vista ambiental, ocorreu na década
de 70, quando houve um aumento da mineração
do carvão na região. Atualmente,
cerca de dez empresas atuam na área
carbonífera no sul catarinense, sendo
que a maioria adota práticas “mais
ambientalmente amigáveis”.
Há também
áreas inativas decorrentes da desativação
de algumas companhias, cujos rejeitos de carvão
estão expostos ao ar e à água
a céu aberto desde tempos passados.
O projeto global realizado
em conjunto por técnicos do Cetem e
da Carbonífera Criciúma abrange
também estudos de alternativas para
tratamento de efluentes dessas minerações,
importação de sistemas de gestão
ambiental, conhecimento da dinâmica
das águas subterrâneas na Mina
do Verdinho para saber como elas são
atingidas pela poluição, entre
outras atividades.
Paulo Sérgio Soares
disse que o projeto pretende também
estabelecer parceria com as universidades
do Sul do país para transformar a estação
experimental num centro de estudos de interesse
geral, “que permita a pesquisadores de outras
instituições desenvolver seus
trabalhos a partir dos dados que a gente colher”.