22/10/2007 - Dois funcionários
e uma ex-funcionária do sistema estadual
de meio ambiente de São Paulo fazem
parte da lista de pesquisadores e especialistas
brasileiros que participaram da produção
dos relatórios do IPCC – Intergovernmental
Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental
de Mudanças Climáticas), agraciado
com o Prêmio Nobel da Paz de 2007, junto
com o ex-vice-presidente
dos EUA, Al Gore, no último dia 12/10.
João Wagner Alves, gerente da Divisão
de Questões Globais da Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB,
Oswaldo Lucon, do Gabinete da Secretaria de
Estado do Meio Ambiente – SMA, e Sônia
Vieira, ex-funcionária da agência
ambiental paulista, participaram dos trabalhos
do IPCC como coordenadores, autores ou revisores.
O IPCC é ligado à
ONU – Organização das Nações
Unidas e considerado como a principal instituição
científica que trata do assunto do
aquecimento global. Reúne mais de 2.500
técnicos do mundo todo, que contribuem
com o órgão produzindo relatórios
relacionados às mudanças climáticas.
O Brasil possui 61 participantes junto ao
IPCC. O Comitê do Nobel justificou a
escolha por considerar a mudança climática
como um dos fatores que podem ameaçar
as condições de vida de grande
parte da humanidade. O IPCC tem emitido relatórios
nos últimos vinte anos e conseguiu
criar um consenso sobre a relação
entre a ação do homem e o aquecimento
global.
“Quando a notícia
foi divulgada, eu estava em Genebra, no IPCC,
numa reunião com cerca de vinte pessoas
para definirmos como será a divulgação
do guia do inventário. Essa foi a primeira
reunião no IPCC após o anúncio
do prêmio, portanto, foi com esse grupo
que o prêmio foi festejado. Nós
estávamos no lugar certo, na hora certa”,
diverte-se Sônia Vieira, que trabalha
como coordenadora. “Acho que o prêmio
vai ajudar a divulgar o que é o IPCC,
o trabalho que realizamos, dando visibilidade
ao grupo e ajudando a conscientizar as pessoas.
Espero que esse reconhecimento resulte num
acordo para todos trabalharem a favor, num
esforço concentrado contra as mudanças
climáticas e o aquecimento global”
concluiu.
João Wagner, por
sua vez, lembrou que o envolvimento da CETESB
com o IPCC começou com a preocupação
dos técnicos da agência ambiental
paulista, em relação às
questões das mudanças climáticas.
Essa preocupação resultou em
convênios firmados com o Ministério
de Ciência e Tecnologia - MCT. “A nossa
participação na conquista desse
prêmio é um reflexo do trabalho
da empresa como um todo. A CETESB, enquanto
órgão técnico, teve a
oportunidade de participar de grupos de trabalho
e o Nobel é a materialização
da dedicação ao trabalho de
todos os técnicos da Companhia”, ressaltou
Alves.
“O Painel Intergorvenamental
de Mudanças Climáticas convida
especialistas do mundo inteiro para discutir
as mudanças climáticas. Nós
participamos da elaboração de
alguns capítulos do IPCC sobre resíduos
e energia, a partir de 1994, com a criação
do PROCLIMA – Programa Estadual de Mudanças
Climáticas, coordenado pela Divisão
de Questões Globais (PTQ) da CETESB”,
explica Oswaldo Lucon. “Na verdade, a nossa
contribuição é pequena
em relação ao todo e essa conquista
não é individual porque consultamos
nossos colegas, que forneceram muito material
para o trabalho. Principalmente o pessoal
de resíduos, efluentes e veículos.
Portanto, o mérito é de todos
da CETESB”, avalia Lucon.
O PROCLIMA foi responsável
pela elaboração de um dos 15
inventários que compõem a Comunicação
Nacional, o inventário nacional de
emissões de metano por manejo de resíduos,
referente aos anos de 11000 a 1994, e contribuiu
para a revisão e redação
do método de boas práticas em
inventários, publicado em 2006 pelo
IPCC (“International Panel on Climate Change”)
no Greenhouse Inventories Guidelines: volume
on waste.
Considerando a relevância
dos projetos de recuperação
do biogás gerado pelos resíduos,
o PROCLIMA participa do convênio firmado
entre a Secretaria do Meio Ambiente (SMA),
CETESB e Ministério da Ciência
e Tecnologia, para a redação
de “Manuais sobre Recuperação
Energética de Biogás de Aterros
e Estações de Tratamento Anaeróbio
Efluentes no Brasil“.
Este convênio está
em vigor desde 2001. Os relatórios
parciais podem ser encontrados na página
de internet do MCT, com os títulos:
“Subsídios para a recuperação
e uso energético de biogás gerado
em estações de tratamento anaeróbio
de efluentes – ETAE” e “Subsídios para
a recuperação e uso energético
de biogás gerado em locais de disposição
de resíduos sólidos - LDRS”.
Ambos podem auxiliar os prefeitos e administradores
da área de saneamento do Estado de
São Paulo e de todo o país a
desenvolver seus próprios projetos
de biogás, auxiliando na obtenção
de recursos gerados por créditos de
carbono, que darão suporte à
promoção de melhorias no saneamento
e desenvolvimento ambientalmente sustentável.
Também no âmbito
do PROCLIMA, foi desenvolvido o Método
de Inventário de Emissões Veiculares:
Metodologia Simplificada de Cálculo
das Emissões de Gases do Efeito Estufa
de Frotas de Veículos no Brasil.
Texto: Cris Olivette
Foto: Pedro Calado