As mudanças climáticas
observadas em todo o Planeta, a partir de
agora passam a ser mais levadas em conta nos
novos projetos de pesquisa em fruticultura.
Os projetos em andamento também poderão
sofrer adaptações, em função
de aspectos como alterações
de temperaturas médias, regime de chuvas
etc, visando aproximar o planejamento e expectativas
dos investigadores com as novas realidades
observadas na natureza.
Este foi um dos pontos de
destaque durante a apresentação
de trabalhos técnicos de todo o mundo
e discussões realizadas durante o VIII
Simpósio Internacional de Fruticultura
de Clima Temperado em Regiões Tropicais
e Subtropicais, encerrado no último
final de semana, em Florianópolis.
Para o pesquisador da Embrapa
Clima Temperado e um dos coordenadores do
evento, Flávio Herter, o Simpósio
"foi de alto nível e atingiu plenamente
seus objetivos". Um total de 250 pessoas,
entre as quais meia centena de especialistas
do setor provenientes do exterior, prestigiaram
o encontro.
Uma dezena de países
latino-americanos mandou representantes, além
de especialistas dos Estados Unidos, Canadá,
Austrália , Bélgica, França,
Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália,
África do Sul, Japão, Tailândia,
Bangladesh e Índia, entre outros. Entre
as presenças, destaque para o canadense
Norman Looney, presidente da Sociedade Internacional
de Horticultura, cuja sede está localizada
na Bélgica.
Flávio Herter destacou
que é perfeitamente possível
produzir frutas de clima temperado de alta
qualidade em áreas mais quentes (subtropicais
ou tropicais) e lembra o exemplo das uvas
cultivadas no Vale do São Francisco,
zona que, além de tropical, é
também árida. Para que situações
como essa possam ocorrer, Herter observa serem
necessários três condições:
a potencialidade genética, o entendimento
da fisiologia das plantas (adaptação)
e a questão do manejo e tratos culturais.
O Simpósio de Florianópolis
teve a apresentação de 200 trabalhos
técnicos, 30 dos quais, sob a forma
de exposições orais e pôsteres,
a cargo da Embrapa de Pelotas, que enviou
uma equipe de 10 pesquisadores. Herter disse
que o Simpósio abriu para a Embrapa
novas e importantes perspectivas de cooperação,
entre as quais com a Europa Oriental, através
da Hungria, e com a África do Sul,
que sediará o próximo Simpósio
do gênero, em 2011.
Durante o encontro, Flávio
Herter e Gabriel Leite (também coordenador,
da Epagri-SC), receberam medalhas de honra
e diplomas de reconhecimento, outorgados pela
Sociedade Internacional de Horticultura. "Esta
homenagem eu desejo dividi-la com todos os
pesquisadores e pessoal de apoio da área
de fruticultura da Embrapa e com aqueles que
tornaram possível a realização
do Simpósio no Brasil", declara
Herter.
Sady M.Sapper
+ Mais
Simpósio internacional
discute recursos hídricos e aquecimento
global
Claudio Spadotto, chefe
geral, Marco Gomes e Emília Hamada,
pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna,
SP), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
participaram do II Simpósio Internacional
em Manejo de Microbacias, de 29 a 31 de outubro
de 2007, no auditório da Universidade
Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, SP.
Sobre o Aqüífero,
assunto que foi discutido na segunda-feira(29),
Gomes explica que, em relação
aos recursos hídricos, as adversidades
climáticas podem alterar o ciclo hidrológico
e, por conseqüência, todo o regime
pluviométrico de determinada região,
que abrange o processo de recarga dos mananciais
superficiais ou subterrâneos.
“O Aqüífero
Guarani, considerado o mais importante e estratégico
da América do Sul e um dos maiores
do mundo, merece atenção particular,
uma vez que sua reserva potencial é
capaz de atender a demanda anual de 2,5 vezes
a atual população brasileira,
considerando o valor de 180 milhões
de pessoas”, diz.
Manejo e ocupação
racional
O trabalho desenvolvido
pela equipe de pesquisadores da Embrapa Meio
Ambiente propõe uma forma de manejo
e ocupação racional das áreas
de recarga direta do Aqüífero,
denominada de ordenamento agroambiental, para
minimizar os impactos negativos das atividades
humanas, sobretudo agrícolas. “Esse
ordenamento também contribuir para
a criação de condições
climáticas mais amenas, inclusive com
a formação de microclimas, com
condições mais favoráveis
para o armazenamento de água no subsolo,
tornando o ambiente mais equilibrado”. Como
conseqüência, as matas ciliares
e nascentes têm mais proteção
e condições de suportar as mudanças
climáticas.
Emília Hamada, pesquisadora
e especialista em geoprocessamento, abordou,
em 31 de outubro mudanças climáticas
globais e recursos hídricos com enfoque
para as bacias hidrográficas.
Segundo Emília, o
Quarto Relatório de Avaliação
(AR4) do IPCC (Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas), divulgado
em 2007, projeta um aumento provável
na temperatura global entre 2°C e 4,5°C
a mais do que os níveis registrados
antes da era pré-industrial. Segundo
a pesquisadora, esses impactos nos sistemas
naturais e humanos apresentam, no entanto,
efeitos diferentes, dependendo do nível
de vulnerabilidade do sistema.
Países em desenvolvimento
“Neste sentido, os países
em desenvolvimento são os mais vulneráveis
a essas mudanças, podendo ser duramente
atingidos pelos seus efeitos adversos”, diz
Emília. “Para o Brasil, esclarece ela,
a maior vulnerabilidade aos efeitos adversos
das mudanças climáticas é
reforçada pela sua economia fortemente
dependente de recursos naturais diretamente
ligados ao clima na agricultura, na geração
de energia hidroelétrica, entre outros
setores”.
“Essa característica
evidencia a premente necessidade de se estudar
os riscos advindos das alterações
climáticas globais, conhecendo profundamente
suas causas, a fim de subsidiar políticas
públicas de mitigação
e de adaptação dos diversos
setores aos seus efeitos adversos”.
“Os padrões de precipitação
estão mudando no mundo e prevê-se
como impacto das mudanças climáticas
a alteração na freqüência
e intensidade da precipitação
e secas mais intensas e longas, particularmente
nos trópicos e subtrópicos.
Desta forma, estudar a vulnerabilidade e os
impactos da potencial modificação
climática sobre os recursos hídricos
no Brasil é um assunto estratégico
para o país, a fim de planejar potenciais
medidas mitigadoras em associação
com as ações existentes de gerenciamento
dos recursos hídricos”, conclui a pesquisadora.
Na terça-feira (
30) , o chefe geral da Embrapa Meio Ambiente
Claudio Spadotto, participou de mesa redonda
sobre ações ambientais em microbacias,
com pesquisadores da Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral, do Comitê de
Bacias, da Duratex, da Companhia de Saneamento
Básico do estado de São Paulo,
do Sistema Estadual de Florestas, da Universidade
Federal de Lavras, da Secretaria Municipal
do Meio Ambiente e da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz.
Cristina Tordin
Embrapa Meio Ambiente