06 de Novembro de 2007
- Com o mercado cada vez mais fechado na Europa,
a indústria de biotecnologia tenta
empurrar seu arroz transgênico para
países em desenvolvimento como a Índia,
grande exportador do produto que pode sofrer
grandes prejuízos como o ocorrido nos
EUA em 2006.
Amsterdã, Holanda — Relatório
revela os custos do escândalo que abalou
a indústria americana de arroz em 2006
e afetou agricultores de todo o mundo. A empresa
está sendo processada.
A contaminação
em 2006 dos estoques de arroz dos Estados
Unidos vendidos no mercado internacional por
uma variedade transgênica da Bayer podem
ter causado prejuízos de mais de US$
1 bilhão em todo o mundo, segundo informa
relatório elaborado por um economista
independente e publicado nesta terça-feira
pelo Greenpeace Internacional.
Traços da variedade
de arroz geneticamente modificado LL601, da
Bayer, foram descobertos nas provisões
americanas em 2006 A contaminação
veio de campos experimentais do LL601 nos
Estados Unidos que foram encerrados em 2001.
A descoberta provocou o maior desastre financeiro
e comercial da história da indústria
americana de arroz. Pelo menos 30 países
foram afetados pela contaminação
e muitos deles fecharam seus mercados para
o arroz americano, incluindo grandes importadores
como a União Européia e as Filipinas.
O relatório estabelece,
pela primeira vez, os custos do escândalo
da contaminação. Plantadores
de arroz, processadores e comerciantes foram
pegos de surpresa e estima-se que a contaminação
tenha afetado 63% das exportações
de arroz dos Estados Unidos. Centenas de agricultores
americanos e empresários europeus entraram
com ações contra a Bayer para
recuperar suas perdas. As futuras punições
dadas à Bayer podem dobrar ou até
triplicar o custo final do incidente de contaminação
com arroz transgênico.
As lições
do escândalo de 2006 são altamente
relevantes para os países que estão
flertando com a possibilidade de plantar arroz
transgênico em escala comercial, como
é o caso do Brasil. Atualmente, a CTNBio
está analisando um pedido feito pelo
Bayer para cultivo comercial do arroz transgênico
LL62. Como a Comissão está proibida
de votar os processos de liberação
comercial de milho em decorrência de
uma medida judicial, há grandes chances
das decisões sobre os processos relativos
a algodão e arroz serem antecipadas.
“O Greenpeace está
extremamente preocupado com a possibilidade
do arroz transgênico ser liberado no
Brasil”, disse Gabriela Vuolo, coordenadora
da campanha de engenharia genética
do Greenpeace Brasil. “A Bayer disse que a
contaminação de 2006 foi um
‘ato de Deus’ e o governo americano foi incapaz
de encontrar a causa do problema, apesar de
uma investigação de mais de
um ano. Não podemos aceitar que essa
situação se repita aqui. Afinal,
quem compensaria os agricultores brasileiros
se isso acontecesse no Brasil?”, questiona
Vuolo.
De acordo com o Departamento
de Agricultura dos EUA, o Brasil consome anualmente
cerca de oito milhões de toneladas
de arroz – quantidade muito similar à
consumida pelos japoneses. Atualmente, a produção
brasileira de arroz é destinada exclusivamente
ao mercado interno e mais de 60% se concentra
no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
“O arroz é peça-chave
da dieta dos brasileiros e não podemos
permitir que empresas de biotecnologia irresponsáveis
modifiquem e contaminem o prato nosso de cada
dia”, alerta Gabriela Vuolo. “Algumas marcas
brasileiras, como Camil e Tio João,
já sabem que o brasileiro não
quer arroz transgênico e declararam
que não vão aceitar esse tipo
de matéria-prima.”
+ Mais
Arroz-bomba agita feira
de transgênicos na Tailândia
07 de Novembro de 2007 -
O arroz é o alimento básico
mais consumido no mundo.
Bangcoc, Tailândia — Voluntários
do Greenpeace instalaram falsas bombas-relógios
no primeiro encontro da indústria de
biotecnologia do país asiático
em defesa de uma agricultura livre de organismos
geneticamente modificados.
Voluntários do Greenpeace
agitaram na quarta-feira a abertura da primeira
feira comercial internacional de transgênicos
da Tailândia, instalando 60 falsas bombas-relógios
de arroz no centro de convenções
onde se realiza o encontro das empresas de
biotecnologia.
Um banner foi estendido
no local com a mensagem: "Não
bombardeiem nosso futuro, mantenham nosso
arroz livre de transgênicos". O
arroz transgênico tem causado grandes
impactos no meio ambiente, por meio de contaminação,
ameaçando a saúde financeira
de agricultores tailandeses e da economia
do país.
A convenção
BioAsia 2007 promove o cultivo de transgênicos,
com ênfase no arroz - um dos principais
produtos de alimentação e exportação
da região.
"O arroz é o
alimento mais importante do Sudeste Asiático
e sua versão transgênica incensada
por esta feira é uma bomba-relógio
que sabotará a sustentabilidade do
alimento básico de bilhões de
pessoas. A introdução do arroz
transgênico no Sudeste Asiático
destruirá o futuro agrícola
da região. A Tailândia é
e deveria manter-se livre de transgênicos",
afirma Natwipha Ewasakul, da campanha de Engenharia
Genética do Greenpeace na Tailândia.
O Greenpeace lançou
esta semana um relatório que revela
a extensão dos prejuízos causados
pela contaminação em 2006 dos
estoques americanos de arroz por uma variedade
transgênica produzida pela Bayer.
Segundo cálculos
do documento, essa contaminação
- que afetou os estoques mundiais de arroz
- causou um rombo de mais de US$ 1 bilhão
nas contas de agricultores, processadores,
moedores e empresas exportadoras de mais de
30 países. Além disso, o mercado
internacional fechou as portas ao produto
americano.
O Greenpeace defende uma
produção de alimentos fundamentada
nos princípios da sustentabilidade,
proteção da biodiversidade e
garantia de acesso de toda a população
a uma comida segura e nutritiva. A engenharia
genética é uma tecnologia desnecessária
e indesejada que contamina o meio ambiente,
ameaça a biodiversidade e oferece riscos
inaceitáveis à saúde.