Desenvolvimento
Sustentável - 07/11/2007 - Moradores
do ramal da zona leste de Manaus (AM), podem
ter uma nova forma de obter renda e garantir
o sustento da família. Isto porque
por meio do subprojeto "meliponicultura",
que durou um ano e meio, eles aprenderam as
técnicas utilizadas na criação
e manejo para produção de mel
de abelhas Melipona compressipes manaosensis,
conhecidas como abelhas japurá. O próximo
passo, agora, é produzir mel para revender.
Durante as aulas, as famílias
aprenderam sobre a biologia das abelhas e
sua importância econômica e ambiental,
características necessárias
para se manejar e multiplicar uma colônia
de abelhas em caixas padronizadas (colméias
de madeira).
Também foram abordados
assuntos como sistemas agroflorestais, manutenção
de colméias em cativeiro (criadouro
ou meliponário), formação
de pasto apícola (plantio de espécies
cujas flores são visitadas e utilizadas
pelas abelhas), polinização,
transferência de colméias de
troncos para colméias racionais, multiplicação
induzida de colméias, inimigos naturais,
manejo para produção de mel
e pólen.
O subprojeto foi implantado
como parte do projeto "Estudos Agronômicos
e Sociais de Três Comunidades Rurais
do Amazonas Visando suas Sustentabilidades
a Longo Prazo", que é coordenado
pelo doutor em Microbiologia, Luiz Antônio
de Oliveira, cientista da Coordenação
de Pesquisas em Ciências Agronômicas
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCT).
O projeto conta com o financiamento
da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e
tem como objetivo fazer um estudo de viabilidade
e sustentabilidade ambiental, social e econômica
dos municípios de Presidente Figueiredo,
Barreirinha e Manaus, no ramal do Brasileirinho.
A idéia é
identificar potencialidades nas comunidades
para introduzir novos produtos e tecnologias.
No caso dos moradores do ramal do Brasileirinho,
localizado no bairro Jorge Teixeira, na capital
amazonense, foi a criação de
abelhas indígenas sem ferrão.
O trabalho serviu de base
para monografia do servidor do Grupo de Pesquisas
com Abelhas (GPA/Inpa) e integrante do projeto,
Hélio Conceição Vilas
Boas sob orientação da doutora
em Ciências Biológicas Gislene
Almeida Carvalho-Zilse. Ele é finalista
do Curso de Ciências Biológicas
da Universidade Nilton Lins.
Vilas Boas ressaltou que
para execução dos trabalhos
junto aos produtores foram adquiridas 12 colméias
matrizes, cada uma a R$ 150. As colônias
foram utilizadas para o trabalho prático
de implantação do meliponário
e conseqüente aumento rápido do
número de colméias pela multiplicação
induzida das colméias.
"O objetivo era implantar e incentivar
a criação de abelhas entre pequenos
produtores já estabelecidos sem precisar
retirar ninhos da natureza. Dessa forma, não
estamos agredindo o meio ambiente, explicou".
O trabalho com os moradores
deu tão certo que, segundo Vilas Boas,
antes existia apenas um meliponário
na comunidade do Brasileirinho e, hoje, existem
oito demonstrando o impacto positivo da meliponicultura.
Além disso, como resultado das multiplicações
das 12 colméias matrizes do início
do projeto, agora existem 67.
"Essa é somente
a primeira etapa, que consistiu na transferência
da técnica. E, apesar do curso ter
sido concluído no último dia
26 de outubro, nós continuaremos dando
suporte aos moradores e eles passarão
a produzir o mel para revender tendo como
fonte as colméias que foram formadas.
O que será possível porque cada
família ficou com oito caixas racionais.
Isso que é o importante", comemorou.
Vilas Boas disse que, inicialmente,
o objetivo não era produzir mel, mas
fazer com que as colméias atingissem
o nível de qualidade desejado para
multiplicá-las. O que requer algumas
características, por exemplo, número
de abelhas da colônia (2 a 3 mil); quantidade
de alimento estocado (potes contendo mel ou
pólen); além da quantidade de
discos de cria nova (células onde a
rainha coloca ovos que originarão novas
abelhas) e cria nascente (abelhas prontas
para nascerem), informou.
Preço do mel
Vilas Boas destacou que os produtores poderão
vender o litro do mel por até R$ 50.
Uma colônia produz cerca de um 1,5 litros
de mel por ano.. Ele explicou que o alto preço
se deve a produção ainda incipiente
além dos custos de produção
que envolve também os cuidados necessários
para a manutenção da colméia
com o objetivo de se evitar as pragas que
atacam o meliponário.
Entre elas, há as
formigas e os forídeos, (pequenas moscas
atraída pelo cheiro do pólen
armazenado na colméia).
"Quando uma caixa racional
é multiplicada para formar uma nova
colméia pode haver algum tipo de ruptura
nos potes de mel ou pólen ou ainda
nos discos de cria, o que possibilita que
as moscas invadam a colméia e depositem
seus ovos. Como estas moscas tem o desenvolvimento
super rápido, após eclodirem
suas larvas são vorazes e podem comer
todo o pólen, mel, alimento larval
e até mesmo sugar as novas crias das
abelhas", alertou.
Luís Mansuêto - Assessoria de
Comunicação do INPA