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FALTA DE DEMARCAÇÃO DE RESERVAS ATRAPALHA EDUCAÇÃO DE INDÍGENAS, DIZ PROFESSOR

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2007

27 de Novembro de 2007 - Isabela Vieira - Enviada especial - Olinda (PE) - Telmo Macuxi, representante da Comissão de Professores Indígenas da Amazônia, fala durante debate na nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas.

Olinda (Pernambuco) - A educação de índios no Brasil esbarra na demarcação de terras. Sem que os territórios estejam regularizados, o Ministério da Educação (MEC) não financia a construção de escolas. “O que a gente não entende é porque, independente da escola ser para índios, não se constrói escolas quando temos alunos”, questiona o professor Macuxi Telmo Ribeiro Paulino.

O professor é representante da Comissão de Professores Indígenas da Amazônia e falou hoje (27), sobre os problemas da educação, em evento paralelo aos Jogos dos Povos Indígenas, em Recife.

Segundo Telmo Ribeiro, a falta de escolas dentro das aldeias, um problema pelo qual também passam as reservas demarcadas, leva muitos dos estudantes à prostituição e às drogas. “Para fazer o ensino médio ou até o fundamental, muitos indígenas se envolvem com a prostituição, para ter dinheiro, ou com drogas, como as bebidas alcoólicas e a maconha”, explicou. “Sem escolas nas aldeias, continuaremos a perder nossos jovens.”

Em entrevista à Agência Brasil, o representante da Coordenação Geral de Educação Indígena do Ministério da Educação, Tiago Garcia, disse que, com o aumento do número de alunos no nível médio, que cresceu nos últimos anos, o problema da falta de escolas se agrava.

“O sistema educacional não está preparado para receber os indígenas. Eles [os índios] querem ser atendidos em suas especificidades como os estudos da língua materna e do português, por exemplo”, disse Garcia. “Mas o modelo não está preparado para lidar com essa diversidade.”

Apesar das dificuldades, existem exemplos de ações bem-sucedidas. O antropólogo do ministério cita que a aldeia do povo Tikuna, situada na fronteira do Brasil com a Colômbia, os índios aprendem a língua materna, o português e o espanhol.

Embora também considere a exigência da demarcação de terras uma barreira para a educação, Garcia afirma que a articulação entre as lideranças indígenas, os estados e a União é importante para buscar alternativas. Isso porque, segundo ele, o Ministério da Educação é responsável pela coordenação da política para a educação indígena e pelo apoio técnico e financeiro, enquanto a educação na aldeia cabe aos estados.

“No cenário da educação indígena, todo mundo deve estar articulado, MEC, estados e municípios, lideranças e professores indígenas buscando a construção da educação escolar de qualidade. Não tem como fazer ações isoladas”, afirmou o antropólogo.

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Servidores da sede ocupada por índios em Manaus levarão reivindicações ao presidente da Funasa

29 de Novembro de 2007 - Amanda Mota - Repórter da Agência Brasil - Manaus - Uma comissão formada por seis funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) na capital amazonense apresentará amanhã (30) ao presidente da instituição, Danilo Forte, reivindicações que, segundo eles, poderão contribuir para restabelecer a normalidade das atividades e, ainda, garantir mais segurança ao exercício das funções.

Os trabalhadores querem, com isso, evitar situações como a atual ocupação da sede por grupos indígenas, que já dura 16 dias, e preparam uma manifestação diante do prédio durante a apresentação da junta interventora escolhida para atuar nos 120 dias determinados pelo Ministério da Saúde.

De acordo com a responsável pela comissão, Edileuda Ferreira, os servidores querem, além da segurança, participação no processo de escolha do nome do novo coordenador; mais esclarecimentos sobre a Portaria nº 2.656 e o papel da instituição em relação ao documento; regulamentação sobre as formas de ocupação promovidas pelos indígenas; e detalhamento das funções da Funasa no atendimento à saúde do índio. "Ainda não está claro para todos que nossa missão é com os índios aldeados e não com os que vivem nas zonas urbanas", destacou.

Edileuda informou ainda que a preocupação decorre também das outras ocupações do prédio, em novembro de 2005 e em março de 2006, quando houve tumulto, ameaças e sumiço de equipamentos.

"Na realidade, nenhuma das três ocupações foi pacífica, mas a que ainda está em curso ocorreu de maneira mais agressiva, eles expulsaram todo mundo, não deixaram que a gente desligasse os equipamentos ou fechasse as portas das salas. Por isso a nossa manifestação, porque estamos há muito tempo de braços cruzados. Reivindicamos esclarecimentos porque toda ocupação dessas deixa equipamentos desaparecidos e, embora solicitemos ajuda da Polícia Federal, a busca não dá em nada e quem responde pelo patrimônio são os servidores. Queremos acabar com isso e que os indígenas também se responsabilizem pelos atos deles", afirmou.

Uma das lideranças indígenas, Enos Munduruku, afirmou que falta acertar alguns detalhes antes de promover a saída da sede da Funasa, que poderá ocorrer amanhã.

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Comunidades indígenas usam cinema para resgatar cultura e tradições

29 de Novembro de 2007 - Isabela Vieira - Enviada especial - Valter Campanato/ABr - Olinda (PE) - Indígenas assistem filme da programação da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas
Olinda (PE) - Um ritual indígena de reconquista faz parte do filme que explica por que o pequi tem cheiro forte, segundo a lenda Kuikuro, povo do Alto Xingu. A trama do curta-metragem Imbé Gikegü – Cheiro de Pequi tem traição, assassinato e romance. Tudo com muito humor, já que o cheiro viria do sexo da mulher. Esse foi um dos vídeos apresentados hoje (29) aos participantes da nona edição dos Jogos dos Povos Indígenas, em Olinda (PE).

O curta levou um ano para ficar pronto e foi produzido por participantes de uma oficina da organização não-governamental (ONG) Vídeo nas Aldeias para o projeto Documenta Kuikuro, em que a tecnologia é utilizada para manter a cultura. A festa do pequi foi escolhida porque ocorreu simultaneamente ao curso, que ocorreu em setembro.

Segundo um dos diretores do filme, Maricá Kuikuro, a idéia do projeto de documentação é guardar as tradições para as próximas gerações, mas sob o olhar dos próprios índios. “A preocupação do cacique era perder tudo isso”, disse. O projeto Documenta Kuikuro é coordenado pelos índios e pelos antropólogos Carlos Fausto e Bruna Franchetto do Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Uma das lideranças Kuikuro, o velho Jakalo, disse a iniciativa é importante para os indígenas não correrem o risco de “esquecer a cultura”, como outros povos que não lembram mais da língua e das festas nativas. “Outro dia, perguntei a um índio se ele falava a língua dele? E ele respondeu que não, tinha esquecido”, recorda. Aí eu fiquei triste”.

A documentarista Mari Corrêa, dirigente da ONG Vídeo nas Aldeias, avalia que o projeto tem duas dimensões: a documentação e a dinamização da cultura. “A oficina gera uma dinâmica no momento, não no futuro. Com as filmagens, entrevistas e depoimentos, esse assunto da tradição, da transmissão do saber, vem à tona e todos começam a se interessar”, explicou. O projeto também é realizado com outros 15 povos.

Antes da exibição do vídeo Kuikuro, o presidente do Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena, Marcos Terena, disse que os filmes produzidos pelos índios os retiram do “papel de zé-mane”, em referência às telenovelas: “Apesar de sermos cerca de 500 mil em uma população de 179 milhões de brasileiros não queremos ser os ‘mudos’ da história”.

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Cacique Guajajara é encontrado baleado e morto em terra indígena no Maranhão

30 de Novembro de 2007 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O cacique Joaquim Guajajara, da aldeia Nova Providência, foi encontrado morto e com marcas de tiros hoje (30) na Terra Indígena Araribóia, área de 413 mil hectares no oeste do Maranhão. No local, vivem cerca de 8 mil índios da etnia Guajajara e 50 índios isolados da etnia Guajá.

O corpo do índio, de 65 anos, estava às margens da rodovia estadual MA-006, que corta a área indígena, a 50 quilômetros de Arame (MA). A morte foi confirmada pelo administrador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Imperatriz (MA), José Piancó.

Neste momento, agentes da Polícia Federal estão no local dando início às providências para identificar as circunstâncias em que o crime ocorreu. A Funai suspeita que a morte esteja ligada à disputa com homens brancos por terras e recursos naturais na região.

Desde o início do mês, uma força-tarefa com mais de 200 agentes de fiscalização e policiamento combate a extração ilegal de madeira, incêndios criminosos e plantações de maconha dentro da Terra Indígena Araribóia. Segundo a Funai, 64 índios Guajajara morreram nos últimos 16 anos em confrontos com madeireiros ou acidentes de trabalho em atividades de desmate.

Piancó informou que a Operação Araribóia já resultou, até agora, na apreensão e queima de aproximadamente 10 mil pés de maconha, no fechamento de 12 serrarias, no recolhimento de caminhões com toras e de milhares de estacas de madeira, cujo montante exato ainda está sendo apurado pelos técnicos do Ibama.

“A situação já é difícil e deve ficar ainda mais tensa após essa morte. A região precisa da definição de uma política de fiscalização permanente”, disse o administrador. A Operação Araribóia segue ainda sem data para terminar.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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