30 de
Novembro de 2007 - Carolina Pimentel - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva criticou hoje (30) algumas exigências
do Ministério do Meio Ambiente que
acabam por afetar projetos de desenvolvimento
do país. Lula relatou divergência
entre a Secretaria Especial de Aqüicultura
e Pesca (Seap), ligada à Presidência
da República, e o ministério
sobre uso do lago de uma represa, sem mencionar
o local ou dar detalhes do caso.
"Eu acho impensável
você ter um lago imenso guardando água
para produzir energia e para ajudar a evaporação,
e você tem gente próximo, precisando
trabalhar e comer, e não permitir que
crie peixe", disse o presidente, ao inaugurar
a central do Programa Nacional de Rastreamento
de Embarcações Pesqueiras por
Satélite (Preps), no Rio de Janeiro.
"Vou dar um exemplo,
em Itaipu [usina hidrelétrica], não
pode criar tilápia. Alguém precisa
me explicar o porquê. Vou levar as pessoas
que proíbem para conhecer as tilápias
que tenho no Alvorada [Palácio da Alvorada]
e no Torto [residência oficial da Granja
do Torto]", completou.
De acordo com a Presidência
da República, a central vai monitorar
operações pesqueiras no Oceano
Atlântico e combater a atividade ilegal.
O sistema por satélite acompanha, atualmente,
870 barcos pesqueiros brasileiros. Com a central,
a meta é, nos próximos meses,
rastrear mais 400 embarcações.
A Seap coordena o programa.
Durante o evento, autoridades
do setor pesqueiro reivindicaram a Lula a
construção do terminal pesqueiro
público do Rio de Janeiro, já
anunciada pelo governo federal. O presidente
admitiu que, há quatro anos, tenta
tirá-lo do papel. "Quem deveria
estar cobrando o terminal era eu. Esse terminal
é uma pedra no meu sapato. Desde 2003,
estou pedindo, primeiro ao Fritsch [ex-ministro
da Seap José Fritsch], depois ao Gregolin
[atual ministro da Seap, Altemir Gregolin],
cadê o meu terminal pesqueiro?",
afirmou o presidente, relatando que surgiram
problemas sobre a localização
da sede do terminal.
Em setembro, a Seap informou
que o terminal deverá ser instalado
na Ilha do Governador, na zona norte do Rio.
A secretaria negocia a desapropriação
da área pertencente à BR Distribuidora,
empresa da estatal Petrobras. Hoje, o desembarque
de pescado no estado é feito em terminais
privados de pequeno porte ou de forma clandestina.
Lula criticou, mais uma
vez, a burocracia da administração
pública, que atrasa a execução
de programas governamentais. "Às
vezes, a gente decide. Depois, você
encontra uma pessoa que fala o seguinte: 'Presidente,
estou há dois anos indo todo dia lá,
e o dinheiro não sai'", contou.
"Precisamos saber quem é dentro
da máquina que está impedindo
que uma decisão do governo funcione",
ressaltou.