03 Dec 2007
- Bali, Indonésia – Degelo recorde
no Ártico e enchentes em níveis
inéditos são alguns dos eventos
climáticos extremos registrados este
ano. É o que afirma o relatório
“Mudanças Climáticas: Batendo
Recordes em 2007”, lançado em Bali
no primeiro dia da Convenção-Quadro
de Mudanças Climáticas da ONU
(UNFCCC, na sigla em inglês).
“Extremos climáticos como estes mostram
a urgência de tomarmos uma atitude imediata
sobre as mudanças climáticas”,
afirma Hans Verolme, Diretor do Programa Global
de Mudanças Climáticas da Rede
WWF. “Manter a temperatura média do
planeta abaixo dos 2ºC é essencial
para prevenir eventos climáticos extremos
como os ocorridos em 2007.”
A capital da Indonésia, Jacarta, foi
atingida por uma chuva torrencial em fevereiro
deste ano, o que acarretou na pior enchente
de sua história. A inundação
deslocou mais de 400.000 habitantes, causou
graves problemas de saúde pública
e custou ao país cerca de US$450 milhões.
A Amazônia também sofreu com
a seca este ano juntamente com áreas
na Austrália, África e China.
Incêndios florestais em proporções
nunca antes vistas ocorreram na Europa e nos
Estados Unidos.
O dia 16 de setembro marcou a menor área
de gelo no Ártico, batendo o recorde
anterior de 2005. A área derretida
corresponde ao tamanho do estado do Amazonas.
“Os países precisam estabelecer em
Bali uma agenda consistente e clara de negociações
para os próximos dois anos. Em 2009,
temos de ter todos os instrumentos necessários
para decidir sobre o próximo período
de compromisso do Protocolo de Quioto”, afirma
Denise Hamú, secretária-geral
do WWF-Brasil. “Para que a humanidade não
sofra ainda mais com as conseqüências
das mudanças climáticas, neste
próximo acordo, os países industrializados
devem se comprometer a reduzir suas emissões
em pelo menos 30% até 2020 e países
em desenvolvimento com economias emergentes,
como o Brasil, devem assumir compromissos
não obrigatórios”, explica.
O Brasil tem um importante
papel no cenário global, pois é
o quarto maior emissor de gases do efeito
estufa do planeta e 75% dessas emissões
vêm das queimadas e do desmatamento.
No ano passado, o Brasil apresentou uma proposta
para reduções compensadas do
desmatamento que pode ser considerada como
um avanço na posição
nacional sobre como lidar com florestas e
clima. “Entretanto, não adianta defender
compromissos não-obrigatórios
internacionais e não assumir metas
internas claras de redução do
desmatamento”, critica Karen Suassuna analista
em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil.
Conferência de Clima:
Bali ameaçada
04 Dec 2007
Paraíso Perdido: Bali ameaçado
pelas mudanças climáticas, afirma
WWF
As lindas paisagens da ilha de Bali não
devem iludir os participantes das Negociações
Internacionais de Clima. O paraíso
está ameaçado pelas elevações
dos níveis do mar, aquecimento dos
oceanos e aumentos dos eventos climáticos
extremos.
O WWF afirma que as nações
desenvolvidas devem liderar os esforços
internacionais e assumir uma maior responsabilidade
perante as necessidades de redução
das emissões de gases de efeito estufa.
Recursos financeiros deverão ser levantados
para ajudar os países em desenvolvimento
a se adaptarem frente às futuras alterações
climáticas.
Citação
“Os impactos devastadores das mudanças
climáticas atingirão todos os
países. Entretanto, no curto prazo,
aqueles mais vulneráveis e menos responsáveis
pelo problema, os países em desenvolvimento,
serão os mais afetados”, afirma Hans
Verolms, Diretor do Programa Global de Mudanças
Climáticas da Rede WWF.
“As áreas de maior risco serão
os grandes deltas, como em Bangladesh, ameaçados
de fortes inundações e as regiões
áridas da Ásia e África
– a reunião em Bali representa uma
breve oportunidade para as lideranças
mundiais concordarem com reduções
significativas de CO2.”
Contexto
Em 1992, quase todos os países do mundo
se reuniram sob a Convenção-Quadro
das Nações Unidas para as Mudanças
Climáticas (UNFCAcoCC, na sigla em
inglês) para combater o aquecimento
global e adaptar-se ao inevitável aumento
de temperatura. Quinze anos depois, a Indonésia
é sede da terceira Reunião das
Partes para o Protocolo de Quioto (MOP3) conjuntamente
com a 13ª Conferência das Partes
para a UNFCCC (COP13) em Bali do dia 3 ao
14 de dezembro.
A Conferência em Bali
representa o ápice dos últimos
12 meses de debates internacionais e nacionais
sobre mudanças do clima. Neste ano,
o 4º Relatório do Painel Intergovernamental
de Mudanças Climáticas (IPCC,
na sigla em inglês) concluiu: o aquecimento
global é resultado das ações
humanas sobre o planeta.
Principais Pontos:
• Os governos participantes das Reuniões
Internacionais de Clima em Bali, em dezembro,
precisam concordar com fortes reduções
de emissões para o pós-2012;
• Os governos dos países
ricos precisam aumentar a transferência
de fundos para adaptação para
os países em desenvolvimento;
• O mundo precisa reduzir
em 80% as emissões de gases de efeito
estufa até meados do século.
+ Mais
Amazônia no palco
das discussões na Conferência
de Clima
06 Dec 2007
Por Mariana Ramos
Hoje foi o grande dia para a Amazônia
na Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas.
Pelo menos para nós da Rede WWF.
Lançamos o relatório
Os ciclos viciosos da Amazônia: estiagem
e queimadas na floresta estufa, que revela
as conseqüências dramáticas
para o clima global e local bem como o impacto
na vida das pessoas que moram na região
Amazônica.
Em uma coletiva de imprensa
com cerca de cem jornalistas, o cientista
responsável pelo estudo, Daniel Nepstad,
do Woods Hole Research Centre em Massachusetts
(EUA), a analista em Mudanças Climáticas
do WWF-Brasil, Karen Suassuna, e o diretor
do Programa Global de Mudanças Climáticas
da Rede WWF, Hans Verolme, explicaram o estudo
e responderam às perguntas dos profissionais
da imprensa.
Basicamente o relatório
fala que o desmatamento, causado pela extração
predatória de madeira e expansão
da fronteira agropecuária, quando aliado
às mudanças climáticas
previstas para a região, podem destruir
a Amazônia ou pelo menos prejudicar
gravemente a cobertura vegetal de até
60% da floresta até o ano de 2030.
O mais interessante é
que todas as reuniões ocorrem ao mesmo
tempo. Enquanto os negociadores tratam das
questões sobre a Conferência,
há lançamentos de relatórios,
como o da rede WWF, eventos paralelos sobre
assuntos específicos como Mecanismos
de Desenvolvimento Limpo ou transferência
de tecnologia.
O território da ONU
aqui em Bali é muito espalhado e tem
um hotel, o Grand Hyatt, como estrutura principal
para as negociações. Para chegar
onde ocorrem os eventos paralelos é
preciso pegar uma bicicleta ou um ônibus.
O sistema de transporte dentro da ONU é
gratuito, mas leva-se muito tempo para chegar
de um lugar ao outro.
Dessa maneira, acompanhar
tudo torna-se muito difícil, por isso
a Rede WWF se reúne duas vezes por
dia para nivelar informações
sobre os temas e as negociações.
A equipe de comunicação se reúne
depois das reuniões técnicas
para decidir o quê será comunicado
e qual a melhor forma de fazê-lo.
Temos trabalhado muito.
Normalmente consigo dormir apenas quatro ou
cinco horas por noite, pois no Brasil são
10 horas a menos e temos muitas informações
para trocar com o escritório em Brasília.
Espero que o trabalho valha a pena!
+ Mais
Expedição
supera expectativas e pode trazer novas contribuições
à Ciência
07 Dec 2007 - Por Denise
Cunha - Foi com o mesmo espírito desbravador
dos integrantes de uma das mais importantes
expedições do século
XIX na região, liderada pelo alemão
Georg Heinrich von Langsdorff, que a equipe
da expedição científica
realizada no Parque Nacional do Juruena concluiu
os trabalhos, no último dia 30. Desta
vez, no entanto, a atividade foi baseada em
objetivos que ultrapassam a vontade de explorar
os enigmas de um ambiente pouco ou nada pesquisado.
Superando as expectativas, cerca de 30 profissionais
multidisciplinares e interinstitucionais acumularam,
durante 14 dias, informações
essenciais para subsidiar a elaboração
do plano de manejo que vai nortear a implementação
do quarto maior parque nacional do Brasil,
criado em junho de 2006: o Parque Nacional
do Juruena.
Sob coordenação
do Instituto Centro de Vida (ICV), em parceria
com o WWF-Brasil e Instituto Chico Mendes
para Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), a primeira etapa das pesquisas contemplou
o setor Sul do parque nacional, localizado
ao Norte do Estado do Mato Grosso, no Brasil.
Os esforços da equipe composta por
quatro piloteiros*, uma cozinheira e 16 pesquisadores
divididos entre sete áreas temáticas
(Artropodofauna, Ictiofauna, Herpetofauna,
Ornitofauna, Mastofauna, Vegetação
e Uso Público) garantiram dados para
estabelecer a caracterização
preliminar dos ambientes naturais da região.
Toda expedição foi acompanhada
por três analistas ambientais do ICMBio
e registrada por quatro profissionais de comunicação
do WWF-Brasil.
O sucesso na realização
das atividades exigiu infra-estrutura adequada.
Para isso, foi montado um grande acampamento
em uma praia situada em local estratégico,
que contava com um gerador de energia, cerca
de 25 barracas, equipamentos de laboratórios,
de cozinha e de primeiros socorros, mesas,
cadeiras, além de diversas lonas para
proteção das fortes chuvas.
Avaliação
Ecológica Rápida (AER) foi a
metodologia escolhida para a coleta das informações
em campo, realizada entre a proximidade do
garimpo Juruena e um trecho de aproximadamente
15 km a partir da cachoeira do Salto Augusto.
Todo diagnóstico dos aspectos físicos
e biológicos feito naquela área
será subsídio essencial à
elaboração do plano de manejo
do Parque Nacional do Juruena.
Todos os dias, os pesquisadores
percorreriam trilhas e pontos de coleta preestabelecidos
em busca de informações da fauna
e flora local, como a quantidade estimada
e ocorrência de espécies. Essas
informações eram georeferenciadas
e registradas em fichas de campo padrão.
“Conseguimos identificar
centenas de espécies da flora e da
fauna local, algumas delas raras e de elevada
importância ecológica. Também
identificamos possíveis espécies
novas e ainda registros provavelmente inéditos
no estado do Mato Grosso”, disse Gustavo Irgang,
coordenador da expedição e do
Programa de Conservação do ICV.
Estas coletas não puderam ser confirmadas
em campo, o que será feito em laboratório
pelos especialistas, “mas já vejo a
expedição como uma ação
de grande sucesso por acumular resultados
de qualidade bem acima do esperado”, avaliou.
“Eu fico fascinado quando os pesquisadores
me dizem ‘eu não sei’. Assim acho que
a coisa está realmente evoluindo”,
completou.
A segunda etapa da expedição
está prevista para acontecer entre
os meses de fevereiro e março do próximo
ano, quando serão realizados estudos
científicos no setor Norte do Parque
Nacional do Juruena, que fica localizado no
estado do Amazonas.
* Pessoa habilitada e com
experiência em pilotar pequenas embarcações,
como as chamadas voadeiras (barcos de alumínio
com motores de popa), em rios do território
brasileiro.
+ Mais
Perspectiva chinesa da Conferência
de Clima
07 Dec 2007 - Por Cai Tao
- Oi para todos! Sou Comunicador do WWF-China
e estou muito feliz em poder escrever para
meus amigos brasileiros.
Suponho que vocês
já saibam que a Rede WWF está
participando Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, em Bali, na Indonésia.
Como comunicador com foco
em eficiência energética, educação
ambiental e mudanças climáticas,
sou realmente um novato quando o assunto é
negociações internacionais.
Logo, todo vez que me encontro em uma reunião
muito técnica, tento seguir a discussão,
mas acabo sempre me perdendo.
Meu trabalho aqui é
traduzir todo o material para a imprensa em
mandarim e acompanhar os jornalistas chineses.
Em poucas palavras, procuro fazer com que
os chineses entendam nosso papel aqui nas
negociações e o que defendemos.
Bali é fantástica, mas as atividades
são muitas e o tempo curto. Os negociadores
e os observadores chegam a Bali não
para aproveitar suas férias, mas para
sentar, discutir e procurar um acordo comum
no combate às mudanças climáticas.
Todos desempenham um papel e comigo não
é diferente.
Temos uma equipe de comunicação
multinacional e multicultural que trabalha
harmoniosamente para garantir a divulgação
das mensagens da Rede WWF aos quatro cantos
do mundo. É a primeira vez que temos
materiais para a imprensa chinesa em mandarim.
Acredito que tenha sido
uma ótima decisão, já
que muitos jornalistas chineses elogiaram
a iniciativa vendo com muita alegria nosso
material em sua língua materna. Suponho
que a mídia brasileira também
está bem feliz, pois a Mariana está
fazendo a mesma coisa, mas com foco nos jornalistas
brasileiros.
Como o maior país
em desenvolvimento, a China está se
tornando peça importante nas negociações
internacionais. O mundo tem grandes expectativas
em relação à China.
Mas, de uma perspectiva
muito pessoal, a China, como o Brasil, ainda
é um país em desenvolvimento
e não deveria assumir muitas responsabilidades
no momento, pois o aquecimento global é
majoritariamente resultado das emissões
históricas dos países industrializados.
Entretanto, a China fez
muito para aumentar sua eficiência energética
e está disposta a contribuir mais para
combater as mudanças climáticas.
Não somente para a China, mas também
para o Brasil e todos os principais países
em desenvolvimento.
É importante conseguir
tecnologias novas, efetivas e baratas para
garantir que essas economias cresçam
sem emitir muitos gases de efeito estufa.
+ Mais
Capoeira na luta contra
as mudanças climáticas
08 Dec 2007 - Por Mariana
Ramos - A Rede WWF organizou uma manifestação
hoje no território da ONU em Bali usando
capoeira para simbolizar a luta contra as
mudanças climáticas. Os capoeiristas,
balineses treinados por um mestre brasileiros,
dançaram e estouraram balões
pretos com CO2 escrito em branco.
Para mim foi um surpresa
descobrir que os lutadores não eram
brasileiros. Eles não usam berimbau
e sim tambores para dançar. Acho que
foi um dos dias mais quentes e ensolarados
da semana.
O evento ocorreu às
11h na praça central do complexo principal
da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas.
Cerca de 70 fotógrafos e cinegrafistas
disputaram espaço em frente à
manifestação para registrar
o ato.
Além de entoar músicas
típicas de capoeira, os participantes
gritavam “queremos que você lute com
as mudanças climáticas” em vários
idiomas: inglês, português, espanhol,
bahasa, chinês alemão e francês.
Eu contribuí com
o português e o espanhol. Foi muito
empolgante e acho que fez a equipe se comunicação
se sentir mais unida de alguma maneira.
É como finalmente
perceber que estamos aqui não para
comunicar para o nosso país ou para
a Rede, mas sim para tentar fazer a diferença
e lutar contra as mudanças climáticas!