6 de Dezembro de 2007 -
Daniel Mello - Da Agência Brasil - Valter
Campanato/Abr - Brasília - Cacique
Hamilton Lopes, da etnia Guarani Kaiowá,
fala à imprensa sobre entrega de dossiê,
ao Supremo Tribunal Federal, que denuncia
violência contra indígenas.
Brasília - Líderes Guarani Kaiowá
entregaram hoje (6) ao ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF), César Peluso,
um documento pedindo a homologação
da terra Ñaderu Marangatu, próximo
a Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul
e um dossiê que denuncia a violência
contra indígenas na região.
Essas terras foram homologadas
para os Guarani pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, em março de 2005. Mas
uma liminar concedida pelo STF suspendeu a
homologação.
O Ministério Público
intermediou um acordo que permite que os índios
ocupem parte dessas terras que são
reclamadas por fazendeiros como propriedade
particular.
Segundo o líder Kaiowá,
Hamilton Lopes, cerca de 900 índios
estão acampados na área de uma
fazenda. De acordo com ele, os indígenas
vivem em uma área cercada por jagunços
e sofrem com ameaças e, as mulheres,
com estupros.
"De outubro pra cá,
sofremos [as mulheres da aldeia] violência
sexual pelos jagunços da fazenda e
sofremos também ameaças dos
pistoleiros", disse Lopes.
+ Mais
Yanomami acusam garimpeiros
de facilitar entrada de armas em aldeias
6 de Dezembro de 2007 -
Amanda Mota - Repórter da Agência
Brasil - Manaus - A briga de um casal yanomami
que vive na região de Auaris, em Roraima,
na última segunda-feira (3), trouxe
à tona o problema da entrada de armas
de fogo nas aldeias, que, de acordo com a
direção da Comissão Pró-Yanomami
(CCPY), é facilitada pelos garimpeiros
da região.
Segundo o presidente da
CCPY, Marcos Wesley, após o desentendimento
com o marido, uma mulher da comunidade Katimani
deixou a aldeia rumo à tribo Sanumá,
onde nasceu. Ao chegar lá, foi reconduzida
ao marido com a ajuda de outros indígenas
de Sanumá. Naquele momento, teria havido
outra discussão e foram disparados
tiros, embora ninguém tenha se ferido.
"A notícia que
chegou até nós foi que eles
se desentenderam, por algum motivo que não
sabemos, e ele bateu na mulher, que foi embora
para encontrar com a família em sua
aldeia de origem. Chegando lá, entretanto,
o pessoal achou que deveria trazê-la
de volta. Parece que nesse momento o marido
não quis recebê-la e houve outra
confusão, mas não sabemos exatamente
o que aconteceu", conta Wesley.
Auaris está localizada
na fronteira com a Venezuela, na reserva Yanomami,
e abriga cerca de 2 mil indígenas divididos
em cerca de 30 comunidades e dois povos –
os Yanomami e os Yekuana. Nessa mesma região,
segundo a direção da CCPY, ocorre
a prática do garimpo e o uso de armas
de fogo pelos garimpeiros.
"A questão das
armas nas aldeias é uma questão
séria. Essas armas vêm principalmente
em função do garimpo existente
no local e acabam potencializando os conflitos
entre os indígenas. A Funai [Fundação
Nacional do Índio] precisa intervir
e acabar com esse garimpo, para impedir que
os índios tenham acesso às armas
".
O primeiro secretário
da Associação Yanomami Hutukara,
Mateus Ricardo Sanumá, esteve no local
e confirmou que os índios estavam armados.
Ele garantiu que, apesar do susto e das primeiras
notícias sobre a confusão, ninguém
ficou ferido. "Eu pedi para eles largarem
as armas e não atirarem. Hoje um grupo
da Hutukara vai voltar para lá e vamos
conversar com a comunidade", afirma o
representante da etnia Sanumá.
O presidente da Funai em
Boa Vista, Gonçalo Teixeira, não
foi localizado para falar sobre o assunto.
Até sábado, ele estará
na área Raposa Serra do Sol, também
em Roraima, para participar de uma reunião
com os indígenas da região.
Apesar disso, a assessoria da instituição
informou que outros dois servidores foram
enviados ao posto da Funai em Auaris, para
verificar a situação nas aldeias
e tomar as providências necessárias.
+ Mais
Militares e agentes de saúde
chegam a aldeia Yanomami para tratar casos
de malária
7 de Dezembro de 2007 -
Amanda Mota - Repórter da Agência
Brasil - Manaus - Uma equipe composta por
representantes do 7º Comando Aéreo
Regional (Comar) e da Fundação
de Vigilância em Saúde (FVS)
chega hoje (7) à comunidade indígena
de Balawaú, na região de fronteira
dos estados do Amazonas e de Roraima. Nos
próximos oito dias, eles serão
responsáveis pelo diagnóstico
e tratamento dos Yanomami contaminados por
malária, com atenção
especial à aldeia de Koherepi, onde
40 pessoas, das 120 que vivem no local, estão
com a doença.
O diretor-presidente da
Fundação de Vigilância
em Saúde (FVS), Evandro Melo, disse
que a iniciativa surgiu com o pedido de apoio
feito pelos representantes da Força
Aérea Brasileira (FAB) que, depois
de realizar ação cívico-social
(Aciso) na região,em novembro passado
constatou, por meio da equipe médica,
o surto de malária entre os indígenas.
Ele explicou que apesar
de a saúde indígena estar sob
responsabilidade da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), a situação
exige das instituições um trabalho
conjunto para que de fato haja o controle
da epidemia. A borrifação do
pesticida capaz de afastar o mosquito transmissor
da doença por até seis meses
está incluída nas atividades
previstas.
"Estamos enviando quatro
pessoas da fundação para fazer
ações de combate à malária,
desde o diagnóstico e tratamento até
o controle do vetor. Também queremos
reinstalar os laboratórios que existiam
naquela área para que essa comunidade
possa ter atendimento permanente. Temos uma
determinação do próprio
governador do Amazonas de que, para combater
a malária, vamos ajudar a Funasa em
toda área indígena do estado.
Já estamos trabalhando também
no Vale do Javari e em Tapauá. A idéia
é somar esforços com a Funasa
para que os índios tenham atendimento
adequado com a ajuda do poder público",
ressaltou.
De acordo com o chefe da
Assessoria de Comunicação Social
do 7º Comar, tenente-coronel Edmílson
Leite, a comunidade yanomami de Balawaú
engloba sete aldeias espalhadas não
só em território do Amazonas,
mas também de Roraima. Ele informou
que os indígenas querem tirar documentos
de identidade e pedem escolas para aprender
o português.
Segundo o coronel Leite,
na última segunda-feira (3) outra equipe
do Comar esteve na região para verificar
as condições dos índios.
Ele lembou as dificuldades para se chegar
ao local por via terrestre.
"Estivemos no local
e verificamos o grande número de pessoas
comprovadamente com malária. A situação
é muito delicada porque a aldeia é
muito afastada do pólo-base, o que
dificulta o envio de remédios e das
máquinas de borrifação
por terra. Nós fomos caminhando mas,
do pólo-base até Koherepi, foram
seis horas e meia em mata fechada", relatou.
O diretor-presidente da
FVS no Amazonas disse ainda que, desta vez,
os agentes de saúde e médicos
que irão ao local contarão com
melhor infra-estrutura e terão, inclusive,
helicópteros para facilitar o transporte
da equipe, dos medicamentos e das máquinas
de borrifação.
+ Mais
Comissão especial da Câmara pretende
ouvir sociedade sobre mineração
em terras indígenas
6 de Dezembro de 2007 -
Tatiana Matos - Da Agência Brasil -
Brasília - A Comissão Especial
Temporária da Câmara dos Deputados
que estuda a mineração em terras
indígenas pretende ampliar o debate
em torno do projeto de lei que regulamenta
as atividades minerais nessas áreas
e tramita no Congresso desde 1996. A afirmação
é do deputado federal Eduardo Valverde
(PT-RO), em entrevista hoje (6) à Rádio
Nacional.
“Estamos buscando ouvir
as populações indígenas,
o Ministério Público Federal
(MP), a Fundação Nacional do
Índio (Funai), para construir alternativas
para regulamentação do posicionamento
do Congresso Nacional”, disse Valverde. “Precisamos
levar ao debate público a necessidade
de definir melhor o Estatuto dos Povos Indígenas
para que a sociedade conheça a realidade
dos índios brasileiros.”
De acordo com o deputado,
os índios correspondem a 0,3% da população
brasileira. Para o parlamentar, é preciso
saber a opinião desses povos em relação
à mineração nas terras
indígenas. “Antes de tudo, temos de
saber qual é a vontade daquele povo
e o que entendem sobre a mineração
em seu solo”, ressaltou.
Valverde afirmou, porém,
que a discussão precisa ser conduzida
com cuidado porque existem as pressões
dos grandes grupos que querem ter vantagem
econômica com a utilização
do subsolo. Segundo ele, o debate deve se
concentrar na garantia de sobrevivência
dos povos indígenas.
Segundo Valverde, caso os
indígenas discordem de que seja feita
a extração de minério
no seu território, o Congresso não
autorizaria a atividade. No entanto, caso
permitam a mineração, será
necessário ouvir os órgãos
indígenas, ambientais e o Ministério
Público para saber qual seria o impacto
sofrido. “Somente então, o Congresso
se manifestaria”, explicou.