04 de Dezembro de 2007 -
Integrantes da Comissão Internacional
Baleeira (CIB) e ativistas do Greenpeace fazem
ato na sede do Ministério
das Relações Exteriores de Buenos
Aires em defesa da criação de
um Santuário de Baleias no Atlântico
Sul.
Buenos Aires, Argentina — Bloco latino-americano
quer levar à CIB propostas como o Santuário
do Atlântico Sul, defendido pelo Brasil,
Argentina e África do Sul.
Num claro desafio à
moratória à caça comercial
de baleias, instituída há 20
anos, o Japão se preparou este ano
para a maior caçada desde que a proibição
entrou em vigor, enviando mês passado
uma frota baleeira ao Santuário Antártico
com o intuito de matar mais de mil animais.
Eles alegam se tratar de
'pesquisa científica', mas não
escondem de ninguém que a carne das
baleias mortas são embaladas e vendidas
no mercado japonês. Espécies
ameaçadas de extinção
como baleias fins e jubartes estão
na mira dos arpões dos navios japoneses.
Baleias jubartes não são caçadas
desde a década de 1960 justamente por
estarem ameaçadas.
A iniciativa japonesa fez
acender um sinal amarelo para a proteção
de baleias no mundo, já que o Japão
pretende mais uma vez tentar derrubar a moratória
à caça comercial na próxima
reunião da Comissão Internacional
Baleeira (CIB) que acontecerá em junho
do ano que vem no Chile.
Com esse cenário
em vista, representantes de países
da América Latina se reuniram nesta
terça-feira em Buenos Aires, na Argentina,
para discutir a melhor estratégia para
não só manter a moratória
mas também ampliar a proteção
às baleias na reunião da CIB.
Ativistas do Greenpeace, fantasiados de baleias,
foram ao local do encontro - o prédio
do Ministério das Relações
Exteriores da capital argentina - para celebrar
a iniciativa e pedir intensificação
das ações contra a caça.
A América Latina
é a única região do mundo
que não promove a caça de baleias.
O bloco latino-americano
conservacionista na CIB é formado por
Brasil, Argentina, Belize, Chile, Costa Rica,
Equador, Guatemala, México, Nicaragua,
Panamá, Perú e Uruguai. Colômbia
e Venezuela ainda não são membros
da CIB e o Suriname é o único
país que apóia o Japão.
Uma das iniciativas possíveis
é a instituição do Santuário
de Baleias do Atlântico Sul, que vai
da América do Sul à África,
defendido pelo Brasil, Argentina e África
do Sul desde 1999. Na reunião da CIB
realizada este ano, no Alasca, faltou muito
pouco para a aprovação do santuário,
que seria o terceiro do mundo - já
existem um no Oceano Índico e outro
na Antártica.
“Apesar do governo brasileiro
ter apresentado uma postura conservacionista,
e ter assumido o protagonismo na reunião
internacional nos últimos anos, é
um dos países que ainda não
se manifestou publicamente contra a caça
de baleias esse ano”, comenta Leandra Gonçalves,
coordenadora da campanha de baleias do Greenpeace
Brasil que está a bordo do navio Esperanza
seguindo a frota baleeira até o Oceano
Antártico para protestar de forma pacífica
contra a chamada 'caça científica'.
“Verdadeiros cientistas
não precisam matar para estudar baleias
e é isso que pretendemos mostrar com
a nossa expedição”, diz Leandra,
que coordena a identificação
das jubartes pesquisadas.
“O governo do Japão
não está apenas infringindo
a moratória da caça comercial,
também está ameaçando
o sustento das comunidades costeiras da América
Latina, que se beneficiam do turismo de observação
de baleias”, afirmou Milko Schvartzman, coordenador
político da campanha de baleias do
Greenpeace para América Latina. Milko
ainda afirma que cada baleia caçada
na Antártica, é uma baleia a
menos em nossa costa.