12 Dec
2007
Por Mariana Ramos
O governo brasileiro lançou
hoje em Bali a proposta detalhada para o fundo
voluntário de combate ao desmatamento,
que deve entrar em vigor no Brasil já
no primeiro bimestre de 2008.
Para Mauro Armelin, coordenador
do Programa de Desenvolvimento Sustentável
do WWF-Brasil, só o fundo voluntário
não é o suficiente para combater
o desmatamento. “A proposta brasileira mostra
uma via para a colaboração dos
países desenvolvidos com os países
‘florestais’ nas reduções oriundas
do desmatamento, porém é importante
lembrar que a via do mercado, representada
pelos créditos de carbono, também
tem uma série de vantagens”, afirma.
“É preciso combinar os dois mecanismos
para ter um bom resultado”, completa.
De acordo com a idéia
apresentada, será estabelecida uma
linha-base com os números do desmatamento
nos últimos dez anos e será
traçada uma média para servir
de coeficiente para o cálculo da redução
de emissões. E, caso a meta não
seja cumprida, ficará como déficit
acumulado para o próximo ano.
Segundo Tasso Azevedo, diretor
do Serviço Florestal Brasileiro, o
fundo será coordenado pelo governo
federal e governos estaduais, organizações
da sociedade civil, representantes da indústria
e do setor acadêmico.
O banco responsável
pela gestão do mecanismo será
o BNDES. Inicialmente, o governo brasileiro
irá monitorar apenas a Amazônia,
mas o plano é expandir o controle para
todos os biomas até 2011. Como base
para os cálculos redução
de emissão de carbono, foi estabelecido
que um hectare equivale a 100 toneladas de
carbono na Amazônia.
O governo anunciou ainda
que o fundo pode receber doações
de empresas nacionais, multinacionais, ONGs,
pessoas físicas e também por
organismos ou empresas internacionais.
+ Mais
Unidades de conservação
do Arpa reduzem emissão de carbono
na atmosfera
11 Dec 2007
Brasília, Brasil – Resultados preliminares
divulgados em Bali, durante evento da Rede
WWF, na Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, apontam que as unidades
de conservação ligadas ao Programa
de Áreas Protegidas da Amazônia
(Arpa), do governo federal brasileiro, já
ajudam a reduzir em 1,8 bilhão de toneladas
as emissões de carbono na atmosfera.
Esta contribuição pode aumentar
em 0,6 bilhão de toneladas se as unidades
de conservação previstas para
serem criadas até 2008 pelo Programa
Arpa forem efetivadas.
O estudo é uma parceria
entre o WWF-Brasil, o Instituto de Pesquisas
Ambientais da Amazônia (IPAM) e a Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) e conta com
o apoio do Woods Hole Research Centre, em
Massachusetts (EUA). O objetivo é quantificar
o estoque de carbono dos 31,2 milhões
de hectares de áreas protegidas hoje
apoiadas pelo Arpa e avaliar o papel de cada
uma delas na redução atual e
futura das emissões do desmatamento.
Segundo o estudo, a Amazônia
armazena 47 bilhões de toneladas de
carbono. As unidades de conservação
apoiadas pelo Arpa contêm 4,5 bilhões
de toneladas deste total. "Projeções
indicam que a existência das unidades
de conservação do Arpa representam
uma redução de 1,8 bilhão
de toneladas de carbono nas emissões
do desmatamento até o ano de 2050",
explica Laura Dietzsch, pesquisadora do IPAM
e uma responsáveis pela análise.
O Brasil é hoje o
quarto maior emissor de gases do efeito estufa
e 75% desses gases são oriundos das
queimadas e do desmatamento. “A Amazônia
tem um importante papel no clima mundial e
o Arpa tem sido um dos instrumentos eficazes
no combate ao desmatamento”, afirma Denise
Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.
Para Denise Hamú, a contribuição
do Arpa na redução da emissão
de carbono na atmosfera pode aumentar ainda
mais se novas unidades de conservação
forem criadas na Amazônia. “Infelizmente,
corremos o risco de o ano de 2007 findar sem
que nenhuma nova unidade de conservação
tenha sido criada na Amazônia pelo governo
federal’, lembra a secretária-geral,
Arpa deve fazer parte de
política mais consistente
As metas totais do Arpa são de apoiar
a criação, implantação
e consolidação de 50 milhões
de hectares de unidades de conservação
em 10 anos, dos grupos de proteção
integral e uso sustentável, na Amazônia
brasileira. Iniciado efetivamente em 2003,
o Arpa já apresenta resultados positivos,
como demonstra este estudo, e está
caminhando para o encerramento da primeira
fase e preparação para lançamento
da sua segunda fase, em 2008.
Cláudio Maretti,
superintendente de Conservação
de Programas Regionais do WWF-Brasil, questiona
a não criação de novas
unidades de conservação na Amazônia
em 2007: “Estaríamos vendo um decréscimo
da prioridade para essas políticas
nos governos federal e estaduais brasileiros
justamente quando maior contribuição
é necessária para não
piorarmos o quadro já quase catastrófico
das mudanças climáticas?”
Para Maretti, é fundamental
que as políticas de desenvolvimento
sustentável para a Amazônia considerem
seus valores ecológico-ambientais,
econômicos, sócio-culturais,
para as comunidades locais e povos indígenas,
para as sociedades regionais e nacional, sem
esquecer da contribuição ao
mundo. “Mas a conservação da
Amazônia também é fundamental
na adaptação da região,
do Brasil e da América do Sul às
mudanças climáticas que virão
inevitavelmente”, conclui o superintendente
do WWF-Brasil.
Convenção
de Clima em Bali
Os resultados preliminares da pesquisa divulgada
em Bali durante evento da Rede WWF mostram
que o Brasil tem tecnologia para quantificar
com transparência os benefícios
das unidades de conservação
na redução do desmatamento em
âmbito nacional. A Convenção
de Clima prevê transferência tecnológica,
e as discussões em Bali estão
avançando na área de incentivos
positivos para a redução de
emissões em países em desenvolvimento.
“Este estudo de caso fornece elementos significativos
para subsidiar discussões sobre transferência
de tecnologia para monitoramento do desmatamento
e poderia ser incluído em uma cooperação
Sul-Sul com a Indonésia, o terceiro
maior emissor de gases do efeito estufa” conclui
Karen Suassuna, analista em Mudanças
Climáticas do WWF-Brasil, que participa
do evento das Nações Unidas
em Bali.
+ Mais
"Lesmas" pedem
a ministros que se movam mais rápido
nas negociações em Bali
13 Dec 2007
Por Mariana Ramos
Quando os ministros chegaram a Bali ontem,
foram surpreendidos por uma manifestação
da Rede WWF. Dois voluntários fantasiaram-se
de lesmas e conduziram alguns ministros para
dentro do centro de convenções.
Os cartazes diziam: “não se movam a
passos de lesma.”
O dia foi muito movimentado,
com muitos seguranças atrapalhando
o caminho. O Brasil lançou a proposta
detalhada do fundo voluntário de combate
ao desmatamento. Apesar de a maioria das pessoas
na platéia do evento paralelo organizado
pelo governo brasileiro serem do nosso país,
aparentemente as pessoas de outros países
também gostaram da proposta.
O WWF-Brasil defende o fundo
voluntário desde que aliado o mercado
de carbono não seja excluído,
pois alguns projetos podem se encaixar melhor
em uma ou outra estratégia de combate
ao desmatamento.
Faltam dois dias para acabar
a conferência e ainda não tenho
um desenho claro de como as coisas vão
ficar. Parece que teremos um resultado satisfatório,
mas não ideal. Vamos ver...