Panorama
 
 
 

AS PROPOSTAS, ESPERANÇAS E ENTRAVES DA CONFERÊNCIA DO CLIMA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2007

Brasil pode flexibilizar proposta de redução de desmatamento, admite embaixador

10 de Dezembro de 2007 - Luana Lourenço - Enviada especial - Bali (Indonésia) - O Brasil saiu satisfeito de um almoço com representantes de países em desenvolvimento para costurar um acordo para criar uma coalizão de nações que estimule a redução do desmatamento. Apesar de não ter chegado a resultados efetivos ou mesmo definir se a articulação existirá, o embaixador extraordinário sobre Mudança do Clima e porta-voz da delegação brasileira na 13º Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13), Sérgio Serra, classificou o encontro como "positivo".

A iniciativa da coalizão foi anunciada ontem (9) pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Serra também afirmou, em conversa com jornalistas brasileiros, que, passada uma semana de negociações, o país está mais flexível quanto às questões mais polêmicas das estratégias para que os países ricos financiem a redução das emissões de gases por desmatamento e para a inclusão da proposta no chamado Mapa do Caminho, que está sendo negociado em Bali.

O diplomata afirmou que o Brasil está aberto à discussão de questões como a compensação por conservação ou degradação de florestas. Até a semana passada, a posição brasileira parecia inflexível quanto a esses temas ou à inclusão de mecanismos de mercado para compensar a redução das emissões por desmatamento. As negociações continuarão até amanhã (11) nos grupos de trabalho designados para costurar os acordos antes da chegada dos ministros de Estado, na quarta-feira (12).

Quem chegou hoje (10) à COP foi o senador norte-americano John Kerry, adversário eleitoral do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, nas eleições de 2004 e forte opositor da atual política de mudanças climáticas adotada pelo país.

Em tom de campanha, Kerry afirmou que aposta em novos rumos para as posições norte-americanas relacionadas ao aquecimento global até 2009, numa referência a uma possível substituição da administração Bush por um membro do Partido Democrata nas eleições presidenciais dos Estados Unidos no próximo ano.

"Os Estados Unidos estão dispostos a estar na mesa [de negociações]. Vamos defender uma mudança significativa nas políticas para enfrentar as alterações climáticas", afirmou Kerry.

Conforme determina o Mapa do Caminho, em 2009 vence o prazo para o estabelecimento de um regime internacional que suceda ao primeiro período do Protocolo de Quioto. O protocolo prevê que as nações industrializadas devam reduzir, até 2012, as emissões de gases de efeito estufa em aproximadamente 5% abaixo dos níveis registrados em 11000.

Maiores poluidores do planeta, os Estados Unidos são alvos de críticas da comunidade internacional por se recusarem a ratificar o protocolo ou assumir qualquer tipo de compromisso formal para redução de emissões de gases de efeito estufa.

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Brasil lança fundo voluntário para preservar Amazônia

12 de Dezembro de 2007 - Luana Lourenço - Enviada especial - Bali (Indonésia) - Juntar R$ 1 bilhão em contribuições voluntárias para investir na redução de desmatamento no Brasil é a idéia base do Fundo de Proteção e Conservação da Amazônia Brasileira anunciado hoje (12), em Bali, em um evento organizado pela delegação brasileira durante a Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13). O fundo será lançado oficialmente no primeiro trimestre de 2008.

O fundo é uma versão em escala nacional da proposta defendida pelo Brasil desde a COP-12 em Nairóbi (Quênia), mas que não vem conseguindo muito apoio nas negociações internacionais, no âmbito das Nações Unidas, sobre redução de emissões por desmatamento.

Com um mecanismo simples, de acordo com o diretor do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Tasso Azevedo, o fundo pretende atrair investimentos de governos, inclusive internacionais, empresas e até doações de pessoas físicas para redução dos índices de desmatamento da Amazônia.

"A expectativa é captar, já na abertura, uns US$ 150 milhões [cerca de R$ 265 milhões]. Estamos conversando com empresas, bancos, companhias aéreas e do setor energético, que já demonstraram interesse em contribuir", adiantou. O governo da Noruega, presente no evento brasileiro, foi o primeiro a confirmar a contribuição, mas ainda não há valores definidos.

A capacidade de investimento do fundo será calculada com base no histórico de queda do desmatamento nos últimos anos, que será revisada periodicamente. Ou seja, o país só vai receber os investimentos se continuar comprovando as reduções.

Nos primeiros quatro anos, a referência será de 1,95 milhão de hectares por ano, média da área desmatada na última década. Esse limite servirá de linha de comparação para calcular o quanto as reduções anuais do desmate valerão em termos de compensação financeira. Em 2006, por exemplo, a área desmatada foi de 1,4 milhão de hectares, abaixo da referência. Com a diferença entre esses números, calcula-se a quantidade de carbono que deixou de ser emitido e quanto o Brasil vai receber por isso.

Quem contribuir com o fundo, receberá uma espécie de diploma para comprovar o investimento. "Cada US$ 5 vai contabilizar a redução de uma tonelada de carbono", detalhou Azevedo. Entretanto, os eventuais países desenvolvidos colaboradores do fundo não poderão utilizar a redução que financiaram como forma de abatimento de suas metas obrigatórias de redução de emissões de gases de efeito estufa.

Antes do lançamento oficial, o governo precisa aprovar um projeto de lei para criar o fundo - que será discutido com parlamentares e tramitará em regime de urgência constitucional no Congresso - e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que gerenciará os recursos, vai analisar os detalhes de funcionamento do mecanismo.

Até 2011, a compensação deverá ser estendida a outros biomas brasileiros que também sofrem com o desmatamento, como a Mata Atlântica e o Cerrado. De acordo com o diretor do SFB, para esses casos, a tecnolgia de monitoramento e o cálculo das emissões de carbono ainda está sendo desenvolvida.

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Brasil quer coalizão de países contra desmatamento

10 de Dezembro de 2007 - Luana Lourenço - Enviada especial - Bali (Indonésia) - Na segunda semana de negociações da 13ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13), o Brasil vai tentar formar uma coalizão de países em desenvolvimento - grande parte com patrimônio florestal - para buscar mecanismos financeiros de estímulo à redução do desmatamento, de acordo com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que se reuniu ontem (9) com a delegação brasileira em Bali.

A proposta brasileira - que em linhas gerais prevê a criação de um fundo de "incentivos positivos" para reduções de desmate mensuráveis e verificáveis - até agora parecia isolada, de acordo com a própria delegação.

A secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Thelma Krug, chegou a afirmar que a idéia só era apoiada pela delegação de Tuvalu. "A maioria dos países da América Latina e grande parte dos países africanos estão com o Brasil. A própria União Européia vê com olhos positivos", contrapôs o ministro.

A principal divergência entre a idéia brasileira e as demais propostas dizem respeito à inclusão de mecanismos de mercado. O Brasil é contra a geração de créditos de carbono para compensar a redução do desmatamento. Já países como Indonésia, Papua Nova Guiné e Costa Rica, grandes proprietátios de florestas tropicais, defendem alternativas de mercado para compensar a redução de desmatamento.

Na avaliação de Amorim, a questão principal diz respeito à viabilização de recusros, o que é uma demanda comum dos países independente do teor das propostas.

"A ausência de recursos acaba gerando uma distorção, uma corrida para os mecanismos comerciais. Mas, se não houver impulsos financeiros novos, livres desse mecanismo de mercado, você, na realidade não estará contribuindo para a redução das emissões, porque haverá um abatimento daquilo que eles [países em desenvolvimento] podem emitir. Pode até gerar uma transferência de renda, pode até contribuir para preservção de florestas, mas não resolve o problema das emissões", avaliou.

A "missão" de articular a coalizão, segundo Amorim, vai ficar a cargo dos negociadores brasileiros na conferência, coordenados pelo subsecretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Everton Vieira Vargas. O chanceler, entretanto, assume que será trabalhoso conciliar posições sobre o desmatamento. "Não será uma tarefa fácil. Se fosse, o presidente nem tinha me pedido para vir aqui".

Amorim passa o dia de hoje (10) em viagem oficial ao Timor Leste e, na quarta-feira (12), de volta a Bali, falará em nome do Brasil na abertura da etapa ministerial da COP.

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Para ONGs, proposta brasileira que cria um fundo para preservar Amazônia ainda precisa de ajustes

12 de Dezembro de 2007 - Luana Lourenço - Enviada especial - Bali - O governo brasileiro anunciou hoje (12), em Bali, a criação do Fundo de Proteção e Conservação da Amazônia Brasileira durante a 13ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13). A proposta é a mesma que o país tentou emplacar nas negociações internacionais, mas não recebeu muito apoio: um fundo voluntário para financiar a redução do desmatamento, baseado no histórico de redução alcançada e não no estabelecimento de metas.

Uma das críticas, feita por organizações não-governamentais (ONGs), é o fato de o fundo ser baseado em contribuições voluntárias, o que poderia significar a captação de recursos aquém dos valores necessários para a preservação da floresta.

O coordenador do Programa de Desenvolvimento Sustentável da ONG WWF, Mauro Armelin, estende a crítica ao fundo lançado hoje e diz que o fundo precisa se adequar a algumas realidades do mercado.

"A proposta brasileira mostra uma via para a colaboração dos países desenvolvidos com os países 'florestais' na redução do desmatamento, porém é importante lembrar que a via do mercado, representado pelos créditos de carbono, também representa uma série de vantagens", aponta.

Na avaliação do coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, a proposta do fundo é positiva, mas talvez não consiga atrair recursos com a urgência que o problema do desmatamento demanda.

"Qualquer solução que a gente encontre para combater o desmatamento e fortalecer a governança, precisa ser muito rápida, porque o mercado está voltando, o ´leão do desmatamento' está com fome outra vez, o preço da soja e da carne estão subindo e está compensando desmatar de novo", alerta.

Outro contraponto apresentado pelos representantes das ONGs é que o diploma que os colaboradores do fundo irão receber para comprovar a doação pode desestimular ações unilaterais de redução de emissões. Com o diploma em mãos, uma empresa deixaria de adotar medidas internas para reduzir suas emisssões, por exemplo.

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Amorim defende em Bali uso de biocombustíveis e cobra recursos para países em desenvolvimento

12 de Dezembro de 2007 - Luana Lourenço - Enviada especial - Bali (Indonésia) - Na abertura da etapa ministerial da 13ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13), o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que discursou em nome da delegação brasileira, defendeu hoje (12) metas de redução de emissões de gases de efeito estufa mais ambiciosas para países desenvolvidos, cobrou compromissos financeiros dessas nações e afirmou que os biocombustíveis têm um potencial ainda não explorado no combate ao aquecimento global.

O ministro destacou o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas para cobrar atitudes mais enérgicas dos países industrializados do mundo, que contribuíram historicamente para as emissões de gases estufa. "Eles devem ter novos e mais ambiciosos objetivos de redução das emissões que sejam legalmente obrigatórios e devem cumprir suas obrigações financeiras, a fim de ajudar os países mais pobres a fezer sua parte".

Ser citar nominalmente os Estados Unidos, mas em uma referência direta, Amorim classificou como "extremamente preocupante" o fato de o maior emissor de gases estufa ainda se recusar a aderir ao Protocolo de Quioto

Amorim também criticou os Estados Unidos e a União Européia ao defender o uso de biocombustíveis como possibilidade de enfrentamento do aquecimento global. Há uma semana, os países propuseram destarifar uma lista de produtos ambientais, mas não incluíram o etanol, o que o ministro classificou de protecionismo.

"Os biocombustíveis produzidos nos países em desenvolvimento apresentam grande potencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. No entanto, grandes consumidores de energia do mundo desenvolvido têm colocado todo tipo de barreira aos biocombustíveis dos países em desenvolvimento, mas ao mesmo tempo gastam bilhões de euros e dólares
subsidiando seus produtos ineficientes", afirmou.

A posição brasileira contrária à inclusão dos mecanismos de mercado como resposta preferencial às mudanças climáticas também foi destacada durante o discurso e reafirmada em entrevista a jornalistas brasileiros.

Sobre uma possível mudança de posição do Brasil nas negociações, que ao longo da semana ampliou o diálogo com outros países e aceitou concessões inclusive em relação a temas de desmatamento, Amorim afirmou que "quando se está num nível técnico e passa para o político, sempre há uma mudança de tom".

Amorim disse que espera que a elaboração efetiva do Mapa do Caminho - roteiro para o futuro regime global de mudanças climáticas que sucederá o primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto - seja o resultado dessa COP, que termina na próxima sexta-feira (14).

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Com chegada de ministros, conferência sobre o clima entra na fase final

12 de Dezembro de 2007 - Luana Lourenço - Enviada especial - Bali (Indonésia) - Após uma semana e meia de muita negociação e poucos resultados concretos revelados, a 13ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13) entrou em uma segunda etapa, a fase ministerial. Ministros e chefes de Estado participaram da cerimônia de abertura e até sexta-feira (14) deverão bater o martelo sobre os resultados da conferência, com o estabelecimento do chamado Mapa do Caminho, um roteiro para o futuro regime global de mudanças climáticas que sucederá o primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon disse que as mudanças climáticas "são o maior desafio moral da nossa geração" e citou os resultados científicos apresentados ao longo do ano pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) como um sinal de urgência por respostas políticas ao aquecimento global. "A hora de agir é agora. O mundo está de olho nas negociações em Bali", afirmou.

Em um discurso interrompido por aplausos, o primeiro ministro da Austrália, Kevin Rudd, empossado recentemente, disse que o país pretende reduzir em 60% as emissões de gases de efeito estufa até 2050.

Rudd, que assinou o Protocolo de Quioto há uma semana, reconheceu que "ações unilateriais não resolverão o problema" e, numa referência aos Estados Unidos, disse que os países têm que assumir compromissos efetivos em relação às mudanças climáticas, estejam eles dentro ou fora do âmbito do protocolo. "Não haverá plano B, não temos outro planeta para fugir", afirmou.

A dois dias do final da reunião, alguns resultados já foram anunciados antes das decisões ministeriais. Depois de muito negociar, os países concordaram em implementar o chamado Fundo de Adaptação, com recursos para preparar as nações mais vulneráveis para lidar com os impactos das mudanças climáticas.

O Banco Mundial vai bancar o fundo e o Global Environmental Facility (GEF) será o gestor temporário, até o estabelecimento de um comitê com 16 membros referendados pela Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas.

Um documento sobre a redução de emissões por desmatamento também foi acordado pelos integrantes do grupo de trabalho internacional formado para debater o assunto e deverá orientar a criação de um mecanismo para o tema em meados de 2008, depois de receber sugestões dos países.

Já o debate sobre transferência de tecnologia, anunciado desde o início da COP como um dos principais desafios para alavancar a redução de emissões de gases de efeito estufa, principalmente nos países em desenvolvimento, ficou de fora da agenda de mudanças climáticas este ano.

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Amorim quer criar "clima positivo" para negociações sobre aquecimento

11 de Dezembro de 2007 - Luana Lourenço - Enviada especial - Bali (Indonésia) - “Queremos criar um clima positivo entre os países". A afirmação foi feita hoje (11) pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, depois de anunciar que convidou 15 países para um café da manhã nesta quarta-feira (12).

Entre os convidados estão os Estados Unidos, nações da União Européia, Índia e China, grandes protagonistas das negociações globais do futuro regime de mudanças climáticas que sucederá o primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto.

"O objetivo é aproximar o diálogo. As negociações não se encerram aqui[em Bali], temos que nos acostumar, trabalhar com uma geometria variável", afirmou.

Para o ministro, o "senso de urgência" da 13ª Conferência da Partes sobre o Clima (COP-13), que termina na próxima sexta-feira (14), não pode criar uma "atmosfera de confrontação" entre os países.

"Temos dois anos e não dois dias", afirmou, em referência ao prazo que deverá ser estabelecido no Mapa do Caminho, roteiro que provavelmente sairá da reunião de Bali para a negociação do documento que sucederá o Protocolo de Quioto até 2009.
Amorim adiantou que seu discurso durante a abertura da etapa ministerial da COP, amanhã (12), vai enfatizar a posição brasileira contrária a inclusão de mecanismos de mercado como forma prioritária de lidar com a questão de emissões de gases de efeito estufa.

"Mecanismos de mercado são ótimos, devem ser usados, mas não são uma panacéia, não resolvem todos os problemas; as responsabilidades são comuns e diferenciadas mas são também representados de maneira primordial pelos governos e as instituições internacionais".

Hoje, o grupo de trabalho criado para discutir a redução de emissões por desmatamento - um dos principais temas da agenda brasileira em Bali - chegou a um consenso e acordou um texto que será apresentado ao órgão subsidiário de assessoramento técnico e científico da Convenção da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Na prática, o sucesso nesse acordo estabelece as bases para a negociação internacional do assunto.

"A questão não se encerrou nessa decisão, foi o primeiro passo num tema extremamente complexo. Como estamos tratando de temas técnicos, é necessário muitas vezes que se desenvolvam tecnologias capazes de permitir a formulação de projetos", apontou o subsecretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, chefe da delegação brasileira em Bali, embaixador Everton Vargas.

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Dez anos do Protocolo de Quioto têm bolo de aniversário gigante em Bali

11 de Dezembro de 2007 - Luana Lourenço - Enviada especial - Bali (Indonésia) - A Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13) lembrou hoje (11) os dez anos do Protocolo de Quioto, marco do atual regime global de mudanças climáticas. Como parte da comemoração, os ativistas da organização não-governamental (ONG) Greenpeace ofereceram um bolo de aniversário gigante.

Criado em 1997, o acordo determina que as nações industrializadas devem reduzir, até 2012, as emissões de gases de efeito estufa em aproximadamente 5% abaixo dos níveis registrados em 11000.

Ratificaram o tratado e criaram metas 37 países desenvolvidos - incluindo a Austrália, que anunciou a adesão há uma semana - e a Comunidade Européia. O maior poluidor do planeta, os Estados Unidos, se recusou a assinar o acordo. Os países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, não têm metas no âmbito do protocolo.

"Do ponto de vista de emissões, Quioto é um acordo pífio, que só representará a reduçao de 4% do que seria necessário". A avaliaçao é do autor de um dos capítulos mais importantes do Protocolo, o que trata da redução de emissões de gases de efeito estufa por países industrializados, professor Luiz Gylvan Meira Filho.

Ex vice-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) e atualmente vinculado ao Instituto de Estaudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), Gylvan Meira acredita que, passados dez anos dos acordos de Quioto, os resultados positivos do Protocolo estão principalmente nos mecanismos de mercado criados pelo documento.

"O lado bom de Quioto é que a inovação que ele introduziu nas negociações internacionais, com instrumentos como o MDL [mecanismo de desenvolvimento limpo] tem se mostrado importante para o engajamento do setor privado", apontou.

Para o próximo período de comprmisso dos países - a partir de 2012 - Gylvan Meira aposta na continuaçao de Quioto somada a um novo mecanismo para incluir compromissos de redução para os países em desenvolvimento e para os Estados Unidos.

O embaixador argentino Raul Estrada, principal negociador do Protocolo em 1997, afirmou que para o futuro é preciso ampliar a discussão sobre as responsabilidades das nações e suas contribuições para combater o aquecimento do planeta.

"Não faz sentido essa discussão entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre quem vai reagir primeiro. Países como China, India e Brasil terão que se comprometer mais. Todos estão sendo chamados a participar de um tema que é global, estratégico e humanitário, porque estamos perto de uma crise que pode afetar a todos''.

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Marina Silva pede engajamento de todos os países para conter aquecimento global

12 de Dezembro de 2007 - Luana Lourenço - Enviada especial - Bali (Indonésia) - A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que representará o Brasil nos próximos dois dias de negociações da 13ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-13), disse hoje (12) que todos os países devem contribuir para enfrentar o aquecimento global. Segundo ela, os países desenvolvidos devem continuar liderando o processo, com metas adicionais de redução de emissões.

Marina ressaltou que o Brasil tem posição proativa nesse contexto, principalmente por meio das políticas de preservação das florestas. Ela destacou os esforços na redução de desmatamento da Amazônia, que nos últimos três anos apresentou queda de cerca 60%. De acordo com a ministra, no entanto, é preciso construir novos padrões de desenvolvimento para a Amazônia para continuar reduzindo o desmatamento.

A ministra, no entanto, afirmou que a imposição de metas de redução de desmatamento, defendida por algumas organizações não-governamentais (ONGs), não necessariamente implicaria melhores resultados.

"Se há cinco anos alguém chegasse e perguntasse para o Ministério do Meio Ambiente quantas toneladas de carbono gostaríamos de reduzir, com certeza não diríamos que era 500 milhões, se questionassem em quanto queríamos diminuir o desmatamento, com certeza teríamos dificuldade de dizer que seria 59%. O importante é que o Brasil está fazendo um plano, definindo uma política de mudanças climáticas", apontou Marina.

Em relação ao rumo das negociações internacionais em Bali, a ministra disse que é preciso equilibrar as responsabilidades entre os países que já alcançaram a estabilidade econômica e as nações que ainda estão a caminho desse objetivo. Até sexta-feira (14), os países participantes devem apresentar um roteiro para a preparação do regime global de mudanças climáticas que substituirá o Protocolo de Quioto.

"Há um cálculo que precisa ser feito: como os paises desenvolvidos vão dar suporte em termos de transferência de tecnologia, de capacitação, para que os países em desenvolvimento contribuam sem que isso comprometa a necessidade de combater pobreza, de viabilizar condições básicas das populações", avaliou a ministra.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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