10 de Dezembro de 2007 O
simpático urso polar do Greenpeace
mostrou ao público o que pode acontecer
com sua casa no Pólo Norte caso a temperatura
do planeta suba mais do que 2 graus centígrados
nos próximos anos.
Bali, Indonésia
— Representantes dos governos fugiram, na
primeira semana de discussões da Conferência
sobre o Clima, da questão central que
é cortar drasticamente emissões
de gases do efeito estufa. Sucesso da revisão
do Protocolo de Kyoto depende das negociações
da segunda semana.
A impressão que ficou
após o término da primeira semana
de negociações em Bali é
que os representantes dos governos não
levaram a sério seus próprios
discursos na abertura da Conferência
da ONU quando falavam da importância
e urgência de dar uma resposta ambiciosa
e efetiva aos habitantes do nosso planeta.
Até agora verificou-se que a essência
da discussão – cortar drasticamente
as emissões de gases de efeito estufa
- não está sendo seriamente
considerada e há ainda quem defenda
um futuro baseado naquele antigo e ineficiente
modelo de desenvolvimento.
Confira aqui a avaliação
do Greenpeace sobre o Mandato de Bali e o
que precisamos fazer para combater as mudanças
climáticas.
Mais uma vez os grandes
vilões foram os EUA, Japão e
Austrália, que ratificou o Protocolo
de Kyoto na abertura dos trabalhos em Bali
e colocou todos os holofotes sobre si, mas
manteve a mesma postura obstrutiva e reacionária
de antes. Os australianos manobraram para
bloquear a aceitação de metas
mais ousadas para redução de
suas emissões (ignorando as recomendações
do IPCC), a ajuda financeira para os paises
pobres se adaptarem às conseqüências
das mudanças climáticas e a
dotação de recursos para transferência
de tecnologia aos países em desenvolvimento.
Os EUA e o Japão
não ficam atrás, ora rejeitando
tudo que tenha relação com aspectos
financeiros ora buscando abrir a porta do
mecanismo de desenvolvimento limpo para a
energia nuclear, que além de emitir
gases de efeito estufa, definitivamente não
é a solução para o futuro
da matriz elétrica mundial.
Enquanto isso, manifestantes
de todo o mundo foram às ruas protestar
contra o corpo mole que muitos governos estão
fazendo para enfrentar o problema. Confira
aqui a galeria de fotos.
Infelizmente, naquilo que
mais interessa ao Brasil – a inclusão
da redução de emissões
via desmatamento (que representa mais de 70%
de nossas emissões) - a discussão
está estagnada. Os países ricos
como o Canadá (ganhador de três
prêmios “Fóssil do Dia” por impedir
o avanço das negociações
durante a Conferência) estão
“chantageando” as nações em
desenvolvimento condicionando o avanço
da discussão à possibilidade
do país receber créditos florestais
baratos.
“Não dá para
desvirtuar o processo deste jeito e transformar
um ciclo virtuoso em um ralo de carbono e
de dinheiro”, disse Paulo Adario, diretor
da campanha da Amazônia do Greenpeace
no Brasil, diretamente de Bali, Indonésia.
Os delegados e negociadores
buscam em Bali um “mapa do caminho”, para
determinar o processo das negociações
dos próximos dois anos, sem no entanto
uma clara definição do conteúdo
a ser alcançado, tampouco uma agenda
concreta sobre os rumos a serem tomados até
2009, ano limite para a conclusão do
Mandato de Bali.
Semana passada circulou
um rascunho sobre o que deveria ser esse mapa.
O texto reconhece a importância e urgência
em evitar os piores efeitos da mudança
climática. Diz ainda que, para isso,
os países industrializados devem reduzir
suas emissões entre 25 e 40% até
2020, com o pico das emissões acontecendo
até 2015, para então passar
a reduzir “para muito menos que a metade”
até o meio do século.
A redução
de emissões via desmatamento será
agregado ao mapa, mas ainda não se
sabe em quais condições as recomendações
virão, já que existem divergências
entre os potenciais países beneficiários
desse sistema e detentores das florestas tropicais
do planeta, tais como Brasil, Indonésia
e Índia. Porém, a aprovação
final desse documento – que deve se dar pelos
ministros que chegam essa semana em Bali –
deve ser bastante dificultada em função
de uma série de resistências
dos países sobre o teor do documento.
”O que restará para
essa segunda semana? Fica a pergunta: vamos
salvar a reunião no segundo tempo do
jogo? Não será a primeira vez,
mas é no mínimo decepcionante
depois de tantas manchetes no jornal e na
TVs sobre os impactos do clima no meio ambiente,
na sociedade, e na economia”, alerta Marcelo
Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace
no Brasil, que também está em
Bali acompanhando as negociações.
“Nessa reunião não
queremos apenas um plano de trabalho, queremos
conteúdo. Queremos um compromisso que
nos leve efetivamente a redução
das emissões dos gases efeito estufa
e colaborem no combate ao aquecimento global”,
diz ele.
+ Mais
Protestos ao redor do mundo
para salvar o clima
10 de Dezembro de 2007 Milhares
de pessoas saíram às ruas no
sábado, Dia Global de Ação,
para exigir compromisso efetivo dos governantes
com o combate às mudanças climáticas.
Internacional — Ativistas saíram às
ruas em diversos países para exigir
medidas concretas dos governos para combater
as mudanças climáticas.
Na primeira semana da reunião
mais importante do ano para discutir o aquecimento
global e seus efeitos no planeta, o Greenpeace
realizou uma série de atividades na
Indonésia e em outros 19 países
para exigir dos governantes atenção
total à questão das mudanças
climáticas.
No sábado, dia 8
de dezembro, para celebrar o Dia Global de
Ação, milhares de ativistas
foram às ruas e participaram de uma
variedade de protestos para garantir que os
ministros que chegarem a Bali para a rodada
final de negociações tomem as
medidas necessárias para termos um
plano claro de enfrentamento das mudanças
climáticas.
"Uma mensagem mais
clara e alta vinda das principais cidades
do mundo é primordial para manter a
pressão sobre os governantes e garantir
que a Conferência de Bali seja uma marco
no combate ao aquecimento do planeta”, disse
Luis Piva, coordenador da campanha de clima
do Greenpeace no Brasil.
+ Mais
Com um bolo gigante, celebramos
em Bali os 10 anos do Protocolo de Kyoto
11 de Dezembro de 2007 Greenpeace
levou um bolo gigante à Conferência
do Clima para comemorar os 10 anos do Protocolo
de Kyoto. O primeiro pedaço foi dado
ao ministro do Meio Ambiente do Japão,
país que vem sabotando as negociações
em Bali.
Bali, Indonésia — Primeiro pedaço
foi dado ao ministro do Meio Ambiente do Japão,
país que vem sabotando as negociações
na Conferência do Clima.
Para celebrar os 10 anos
do Protocolo de Kyoto, que estabeleceu a meta
de redução de 5,2% nas emissões
de gases do efeito estufa, em relação
aos níveis de 11000, o Greenpeace levou
à Conferência da Convenção
da ONU sobre o Clima, em Bali, um bolo gigante,
decorado com florestas, orangotangos e símbolos
de energias renováveis como turbinas
eólicas e painéis solares.
O bolo foi partido pelo
ministro do Meio Ambiente japonês, Ichiro
Kamashito, que recebeu o primeiro pedaço.
O Japão é um dos países
que mais tem sabotado a conferência,
ao lado dos Estados Unidos, Canadá
e Austrália.
“Está claro que Kyoto
precisa evoluir e ser fortalecido. É
também irônico que, no dia do
aniversário deste importante tratado,
o país que sediou a reunião
da ONU há 10 anos (o Japão)
seja justamente uma das nações
que tentam hoje paralisar as negociações”,
disse Stephanie Turnmore, da campanha de clima
do Greenpeace Internacional.
“Estes países devem
honrar este Tratado aceitando a proposta de
uma nova meta de corte de emissões
entre 25 a 40% até 2020, incluindo
também a discussão sobre florestas
no segundo período de compromisso”,
disse Turnmore.
Criada para fortalecer e
ser estendida ao longo do tempo, a primeira
fase do Protocolo de Kyoto, que vai de 2008
a 2012, contempla uma meta de redução
de 5,2% com base nos níveis de 11000.
A Conferência de Bali está negociando
os compromissos para a segunda fase, que começa
no início de 2013. Kyoto é o
tratado ambiental que mais avançou
e que tem praticamente todos os países
comprometidos com alguma forma de ação
contra o aquecimento global, exceto os Estados
Unidos, o grande poluidor do planeta.
O Painel Intergovernamental
sobre Mundaças Climáticas (IPCC,
na sigla em inglês) deste ano concluiu
que o Protocolo de Kyoto está funcionando
e definiu com sucesso a estrutura e os mecanismos
e simulou ações nacionais. No
entanto, notou-se que Kyoto ficou restrito
a limites modestos de emissões.
“Kyoto é uma base
forte para criar a resposta política
de que precisamos para combater as mudanças
climáticas, porém as metas de
redução estabelecidas para o
primeiro período de compromisso são
insuficientes se a humanidade quiser manter
a elevação da temperatura da
Terra abaixo dos 2°C”, afirma Luís
Piva, coordenador da campanha de clima do
Greenpeace no Brasil. “Convocamos todos os
países a honrar este acordo, respeitar
os seus cidadãos e as futuras gerações
e fazer o que tem que ser feito."
+ Mais
Desligue, desconecte, divirta-se!
Faça turismo, mas sem esbanjar energia
13 de Dezembro de 2007 No
dia de ação global contra as
mudanças climáticas, aconteceu
em bali o Festival da Geração
Solar.
Bali, Indonesia — O Greenpeace e a Associação
de Hotéis de Bali lançaram a
bordo do Rainbow Warrior um programa de uso
eficiente de energia para promover o turismo
responsável na ilha.
O Greenpeace e a Associação
de Hotéis de Bali, em parceria com
a Corporação de Desenvolvimento
do Turismo de Bali (BTDC, na sigla em inglês)
divulgaram esta semana um ambicioso programa
de uso eficiente de energia para promover
o turismo responsável na ilha. Bali
é um dos destinos turísticos
mais famosos e freqüentados do mundo.
O lançamento do programa
“Desligue, desconecte, divirta-se – Energia
eficiente em Bali” foi realizado a bordo do
navio do Greenpeace Rainbow Warrior que está
atracado em Nusa Dua, praia de Bali onde acontece
a Conferência de Mudanças Climáticas
da ONU até o dia 14 deste mês.
“Assim como vários
outros setores da economia, o turismo contribui
muito para o problema das mudanças
climáticas. Qualquer pessoa deve fazer
a sua parte para mitigar o aquecimento do
planeta. O governo da Indonésia dá
as boas-vindas a este esforço do Greenpeace
no sentido de compensar problemas associados
à ineficiência do uso de energia”,
disse Rachmat Witoelar, Ministro do Meio Ambiente
da Indonésia.
Entre outubro e novembro
de 2007, o Greenpeace realizou pesquisa-piloto
em 15 hotéis de Bali, para mapear o
modelo atual de consumo de energia, as práticas
de conservação ambiental e a
vontade dos hotéis em introduzir medidas
de eficiência energética em suas
instalações.
O programa “Energia Eficiente
em Bali” envolverá todos os resorts,
hotéis, albergues, restaurantes, cafés,
clubes e bares da ilha e inclui os seguintes
elementos:
- Cursos de atualização
e seminários regulares informando sobre
medidas econômicas de eficiência
energética e tecnologias modernas de
energias renováveis que podem ser adotadas
pela indústria hoteleira;
- Auditorias energéticas
gratuitas, para identificar práticas
não eficientes e sugerir medidas corretivas;
- Treinamento periódico
para funcionários dos estabelecimentos
turísticos sobre conservação
de energia, água e gerenciamento de
resíduos para funcionários de
hotéis;
- O Greenpeace fornecerá
materiais educativos sobre eficiência
energética e conservação
de energia para turistas, hóspedes
e visitantes;
- O Greenpeace também
trabalhará com o governo indonésio
para providenciar atrativos como subsídios
que incentivem o investimento em energia renovável
e em medidas de eficiência energética.
“O programa lançado
em Bali enfrenta diretamente as emissões
de gases estufa do setor turístico
ao propor como solução medidas
de eficientização da infra-estrutura
hoteleira. Os outros setores devem seguir
este exemplo de uso racional da energia que
a indústria de turismo de Bali está
dando”, comenta Ricardo Baitelo, coordenador
da campanha de Energias Renováveis
do Greenpeace no Brasil.
Seminário mostra que o Brasil está
pronto para investir em energia eólica.