10/12/2007 Aproveitando
o período de compras do Natal, a Secretaria
de Estado do Meio Ambiente (SMA) realizou
neste sábado (08/12) o Mutirão
Ambiental para restringir o uso de sacolas
plásticas. As atividades de educação
ambiental e conscientização
da população
foram desenvolvidas em diversos municípios
do Estado, mas a SMA centralizou esforços
em grandes pontos de vendas da Capital, onde
as pessoas eram estimuladas a trocar as embalagens
plásticas pelas sacolas de pano, que
foram distribuídas graças a
doação da ONG Planeta Sustentável.
No Shopping Eldorado, único a permitir
a realização da campanha dentro
das suas instalações, um grupo
teatral chamava a atenção para
o volume das embalagens plásticas que
ia se formando, na medida em que os compradores
eram motivados a fazer a troca pelas sacolas
reutilizáveis. A campanha entusiasmou
muitos compradores, que vinham espontaneamente
se informar com os monitores da SMA, solicitando
a troca pela sacolinha de pano.
Presente ao local, o secretário
Xico Graziano explicava os objetivos da campanha,
que tem como mote “Evite sacolas plásticas
– Neste Natal dê um presente para a
Natureza”. Segundo Graziano, a idéia
é conscientizar os cidadãos
para que todos façam a sua parte e
não esperem apenas pelas ações
governamentais. “É preciso que a população
seja estimulada a mudar seus hábitos
de consumo. Não há necessidade
de levarmos as compras em várias sacolas
plásticas e até usar uma embalagem
dentro da outra, como quando compramos pão,
por exemplo”, ponderou o secretário
do Meio Ambiente.
A regulamentação
da Lei Estadual dos Resíduos Sólidos,
que está a cargo da SMA, em breve deve
ser encaminhada para o governador, conforme
informou o secretário. “Nela, devem
ser estabelecidos procedimentos que darão
maior responsabilidade aos fabricantes ou
geradores de resíduos plásticos
ou de 'pets'. A idéia é avançar
na reciclagem, mas também no reúso
e nas embalagens retornáveis, buscando
reduzir o volume do lixo”.
A tática do mutirão
foi a forma encontrada pela Secretaria do
Meio Ambiente para chamar a atenção
para os problemas ambientais mais prementes,
concentrando esforços na divulgação
de um tema. O recurso já foi utilizado
no “Mutirão Verde”, em setembro, o
primeiro a ser realizado pela atual gestão
e deve se repetir em março próximo,
quando a idéia é promover o
mutirão de pilhas e baterias, motivando
os consumidores a fazer o descarte adequado
desses produtos. Posteriormente, está
programado também o mutirão
da água, para conscientizar a população
sobre o problema iminente de escassez desse
recurso e a necessidade do consumo racional.
A Secretaria realizou, também,
pelo seu site na internet, uma promoção
cultural, dirigida às crianças,
que concorrem a ingressos para assistir o
Cirque Du Soleil.
O plástico e o meio
ambiente
Além dos problemas
gerados pelo acúmulo de lixo - com
a necessidade de áreas cada vez maiores
para aterros sanitários, as embalagens
plásticas entopem bueiros, comprometem
o escoamento das águas pluviais, contribuindo
para as enchentes, ao mesmo tempo que também
acrescentam mais poluição aos
corpos d'água.
Nos oceanos e florestas,
podem provocar a morte de mamíferos,
aves e peixes por asfixia ou mesmo por ingestão,
prejudicando a digestão de alimentos.
É comum encontrar-se animais marinhos
mortos nos mais diferentes pontos do mundo,
cuja autópsia revela a existência
de sacos plásticos no estômago.
São milhares de focas, leões
marinhos, aves e peixes mortos todos os anos
por ingestão de embalagens plásticas.
Há relatos de navegadores
que vêem, com freqüência,
sacolas plásticas boiando em alto-mar.
As estimativas são de que, todos os
anos, a ingestão de plásticos
causa a morte de cerca de um milhão
de aves marinhas, cem mil mamíferos
e inúmeros peixes. Esse é um
problema comum à maioria dos países.
Na Índia, por exemplo, existem sérias
restrições ao seu uso, pois
tem sido a causa da morte de muitas vacas
– animais sagrados naquele país.
Enquanto não
se desenvolvem embalagens seguramente degradáveis,
o melhor é buscar a redução
de seu uso, pois a estimativa é de
que 18% do volume do lixo levado diariamente
para os aterros em São Paulo seja de
sacos plásticos, que podem levar mais
de 300 anos para se decompor. O Brasil produz
anualmente 210 mil toneladas de filme plástico,
com o qual são fabricados os saquinhos.
As estimativas revelam que os brasileiros
jogam fora, todos os meses, um bilhão
de sacolinhas, o que dá uma média
de 66 unidades para cada consumidor.
Texto: Eli Serenza
Foto: Pedro Calado