Panorama
 
 
 

PROTESTO CONTRA TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Dezembro de 2007

STF tem 14 ações contra a transposição do Rio São Francisco

12 de Dezembro de 2007 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - As obras de transposição do Rio São Francisco são contestadas por 14 ações no Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o Ministério Público. Os processos estão sob a relatoria do ministro Menezes Direito, que os herdou do ex-ministro Sepúlveda Pertence.

Uma das ações mais recentes é de autoria da seccional de Sergipe da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A entidade alega que o desvio de parte da água do rio está sendo imposto, o que ignora a participação popular na gestão da Bacia do São Francisco e traz riscos para o futuro.

Antes de decidir o mérito dessas ações, o STF tem de julgar duas deliberações provisórias. Em uma delas, a Procuradoria-Geral da República pede a suspensão das obras por supostas irregularidades em estudos ambientais e na realização de audiências públicas.

A segunda deliberação que o STF precisa julgar é a liminar concedida na segunda-feira (10) pelo Tribunal Federal da 1ª Região que determinou a paralisação dos trabalhos. A Advocacia-Geral da União (AGU) está preparando o recurso ao Supremo. Nos dois casos, porém, não há prazo para a decisão.

Por meio de nota, a secretária-geral de Contencioso da AGU, Grace Maria Fernandes Mendonça, afirmou que a discussão não é nova no STF e que a União já conseguiu suspender várias liminares anteriores concedidas por tribunais de primeira e segunda instâncias.

Em 19 de dezembro do ano passado, o então ministro Sepúlveda Pertence rejeitou as liminares requeridas em dez ações cíveis. Apesar disso, a promotora Luciana Cury, coordenadora das Promotorias de Justiça da Bacia do São Francisco, alega que a discussão agora é diferente.

Segundo Luciana, os pedidos de liminares rejeitados diziam respeito ao licenciamento ambiental, quando Sepúlveda alegou não haver ainda risco de danos concretos. No entanto, com a concessão da licença de instalação para as obras, o governo teria descumprido determinações e cometido outras falhas.

“A decisão do ministro Pertence não mostra que o STF concorda com ilegalidades que estão sendo cometidas no projeto. Demonstra, sim, que a corte não apreciou ainda a matéria no mérito”, disse Cury em entrevista à Agência Brasil.

De acordo com a promotora, o projeto de transposição apresenta blocos de irregularidades: violações constitucionais, omissões relevantes quanto ao impacto ambiental, realização de audiências públicas fora da Bacia do São Francisco, e aprovação irregular das obras pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, sem que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco tenha avaliado um recurso que contesta as obras.

De 2004 a 2006, quando o projeto permaneceu embargado por liminares, a promotora acredita que o governo federal poderia ter feito adequações. Ela considera a greve de fome do Bispo de Barra (BA), Dom Luiz Flávio Cappio, uma manifestação de alguém que conhece as comunidades da região do São Francisco: “Ele luta por uma causa que tem ligação com aquilo que o Ministério público defende, que é o meio ambiente e a vida. É importante que se tenha uma solução que venha a contemplar a todos”.

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CNBB pede a Lula que seja retomado estudo sobre transposição do São Francisco

12 de Dezembro de 2007 - Gláucia Gomes - Repórter da Agência Brasil - Brailia - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, recebem o presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, para conversar sobre a greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, contra a transposição do Rio São Francisco.

Brasília - O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Lyrio Rocha, e o secretário-geral, dom Dimas Lara Barbosa, pediram hoje (12) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que sejam retomados os estudos sobre a transposição do Rio São Francisco, atualmente suspensa por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

No encontro, os representantes da CNBB conversaram com o presidente sobre a manifestação realizada pelo bispo de Barra, na Bahia, dom Luiz Flávio Cappio, que está em jejum desde 27 de novembro contra a transposição.

O presidente da CNBB disse que este é o começo de um diálogo e, por isso, ainda não é possível saber que mudanças vão ocorrer depois do encontro com o presidente Lula.

“A presidência da CNBB apresentou seus pontos de vista, ouviu as justificativas da Presidência da República, apresentou uma sugestão, colocou-se à disposição para intermediar um diálogo entre as partes e propôs que se retome um estudo sobre a transposição e as propostas alternativas”, afirmou dom Geraldo Lyrio Rocha. Para ele, o governo não se mostrou fechado ou intransigente ao diálogo, inclusive em relação a possibilidade de realizar estudos com especialistas que tenham divergências ao projeto.

O secretário-geral da CNBB disse ter argumentado com o presidente Lula sobre a existência de opiniões divergentes a respeito do projeto e sugerido um empenho do governo para explicá-lo à sociedade.

"A complexidade técnica do programa é tão grande que eu sugeri que houvesse um esforço da parte do governo para explicar o que vem a ser transposição ou como eles preferem dizer interligação de bacias, porque parece que não existe ainda informação suficiente por parte da população”, ponderou dom Dimas Lara Barbosa.

Esta é a segunda vez que o bispo dom Luiz Flávio Cappio entra em greve de fome em protesto contra as obras de transposição do Rio São Francisco. Em 2005, dom Cappio ficou 11 dias sem comer e só terminou a greve depois que o governo se comprometeu a promover uma discussão nacional sobre o projeto e dar atenção especial aos impactos ecológicos e à situação das populações ribeirinhas.

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Pastoral diz que obras de transposição não foram paralisadas e cobra postura firme da Igreja

12 de Dezembro de 2007 - Marco Antônio Soalheiro - Repórter da Agência Brasil - Brasília - O representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na Bahia e coordenador da articulação popular pela revitalização do São Francisco, Rubens Siqueira, disse hoje (12) à Agência Brasil que a manutenção da greve de fome do bispo de Barra, na Bahia, dom Luiz Flávio Cappio, é compreensível diante da falta de garantias quanto à paralisação das obras de transposição do rio.

“Dom Luiz está na expectativa dos desdobramentos da liminar. Até agora, um dia e meio depois da decisão [liminar concedida pelo desembargador Antônio Souza Prudente, Tribunal Regional Federal da 1ª Região], ela não foi cumprida. A notícia que temos é que continuam as obras e, inclusive, foi reforçado o efetivo de soldados na região”, argumentou Siqueira.

Segundo o coordenador da pastoral, ao anunciar a intenção de recorrer da liminar, o governo federal sinalizou que não pretende atender às reivindicações do bispo e de movimentos populares que apóiam o protesto. Siqueira se mostrou preocupado com o estado de saúde de dom Cappio.

“Sabemos da determinação, da clareza e da lucidez com que ele está fazendo esse embate, com a intenção de ir até o fim. A preocupação é pelo pior”.

Na avaliação da CPT, a Igreja Católica deveria adotar uma posição mais firme, e se mostrar contrária à forma como se conduz o projeto da transposição do São Francisco.

“A igreja está muito reticente e duvidosa. Mesmo que ela não se pronuncie a respeito do jejum, não há dúvida de que deveria ser mais crítica diante de uma postura totalitária do governo frente à decisão judicial. Há um amordaçamento geral não só na igreja, mas na própria sociedade. Estamos em uma ditadura branca e até agora ninguém colocou o dedo na ferida”, afirmou Siqueira.

Enquanto dirigentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pediram hoje (12) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a retomada de estudos sobre a transposição do Rio São Francisco, o representante da CPT afirmou que o projeto não está sendo bem explicado para a população local.

“A verdade do projeto não se discute, se esconde, pois se for revelada, o povo potencialmente beneficiário vai ser contra, porque vai pagar a conta da água usada nos grandes empreendimentos.”

Para Siqueira, a transposição proposta favorece apenas criações de camarão e fruticultura irrigada, não tendo como prioridade a água para consumo humano ou para melhorar a condição de produção dos sertanejos. O melhor caminho, segundo ele, seria a exploração sustentável das terras, do clima, da energia solar e da água para o desenvolvimento do semi-árido.

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Bispo diz que mantém greve de fome, mesmo com liminar que suspende transposição

12 de Dezembro de 2007 - Marcela Rebelo - Repórter da Agência Brasil - Brasília - A liminar que suspende as obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco não foi suficiente para interromper a greve de fome do bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, que teve início no dia 27 de novembro e hoje (12) completa 16 dias.

"A liminar pode, de repente, ser suspensa. Então nós queremos uma decisão mais segura, uma decisão mais permanente, para que a gente possa, então, deixar o jejum", afirmou o bispo hoje em entrevista à Rádio Nacional. A liminar, concedida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, acata recurso do Ministério Público Federal (MPF).

Apesar de ressaltar que a liminar foi "um grande passo", o bispo disse que só terminará com a greve de fome quando a obra for, de fato, paralisada. "Na hora em que pararem as obras, que a liminar se confirmar e o exército sair do eixo norte e do eixo leste da transposição, eu também estarei saindo daqui", destacou.

Esta é a segunda vez que o bispo entra em greve de fome em protesto contra as obras de transposição do Rio São Francisco. Em 2005, dom Cappio ficou 11 dias sem comer e só terminou a greve depois que o governo se comprometeu a promover uma discussão nacional sobre o projeto e dar atenção especial aos impactos ecológicos e à situação das populações ribeirinhas.

"Nesses dois últimos anos, as nossas tentativas de fazer acontecer o acordo não tiveram sucesso. O governo se fez surdo a todas as iniciativas de diálogo, que foi assumido. E, como resposta, o que aconteceu? O início das obras utilizando o Exército Brasileiro. Isso nos deixou muito indignado", afirmou o bispo.

A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia anunciou algumas medidas para garantir o pronto-atendimento de dom Luiz Flávio Cappio, caso seja necessário. Entre as ações, acertadas por representantes da secretaria estadual e da secretaria municipal de Sobradinho (onde o bispo se encontra), está a reserva de um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na cidade baiana de Juazeiro. Além disso, será garantida assistência do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) e reforço de medicamentos ao hospital de Sobradinho.

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CNBB afirma que se preocupa com saúde do bispo em greve de fome na Bahia

10 de Dezembro de 2007 - Bárbara Lobato - Da Agência Brasil - Brasília - Em resposta ao ato de greve de fome do bispo da Diocese de Barra (BA), Dom Luiz Flávio Cappio, a Comissão de Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota oficial hoje (10) em que se diz preocupada com a saúde do bispo.

A nota ressalta que é importante ampliar o debate sobre as questões que envolvem a revitalização e transposição do Rio São Francisco e “cobra um gesto de boa vontade do Governo, das Igrejas e da sociedade civil para resolver a questão”.

A CNBB solicitou uma audiência com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para tentar achar uma solução para o jejum de dom Cappio. A assessoria da Presidência da República ainda não confirmou o agendamento da reunião.

O bispo Cappio informou que só suspende a greve de fome de 14 dias se houver a paralisação das obras de transposição do Rio São Francisco e o arquivamento do projeto. Esta é a segunda vez em dois anos que o bispo deixa de se alimentar pela mesma causa. A greve de fome anterior durou 11 dias e foi encerrada após um acordo com o governo federal.

O Projeto de Integração do Rio São Francisco às Bacias do Nordeste Setentrional pode atingir cerca de 12 milhões de habitantes da região mais árida do Brasil. As obras dos primeiros trechos começaram em junho deste ano e estão sendo executadas pelo Batalhão de Engenharia do Exército.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)

 
 
 
 

 

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