Cerca de 70% dos municípios
do Paraná já contam com aterros
sanitários implantados através
de programas da Secretaria do Meio Ambiente.
A Mineropar realiza os estudos para determinar
o melhor local para a implantação
dos aterros. Segundo o geólogo e coordenador
de estudos de áreas apropriadas para
os aterros sanitários no Estado, Sérgio
Maurus Ribas, o aterro é considerado
hoje o único método seguro,
do ponto de vista técnico, de disposição
final de lixo.
De acordo com Ribas, o que
normalmente acorre são falhas na concepção
e nos projetos dos aterros sanitários,
e também falhas na operação
deles, que resultam em problemas ambientais.
Como exemplo, ele cita, o Aterro da Caximba,
localizado na região sul de Curitiba,
que recebe o lixo de 15 municípios
da Região Metropolitana.
O aterro da Caximba iniciou
em 1989, em substituição ao
lixão da Lamenha Pequena e outros que
hoje estão incorporados na malha urbana
de Curitiba. “O projeto inicial era considerado
modelo nacional e previa uma vida útil
de 10 anos, para um volume bem menor de lixo.
Hoje o Aterro da Caximba
recebe cerca de 2.400 toneladas de lixo por
dia e já extrapolou em muito a previsão
inicial do projeto, com todos os problemas
ambientais que isto acarreta”, diz Ribas.
Com a perspectiva de esgotamento
da vida útil do Aterro da Caximba,
a Mineropar desenvolveu um trabalho em parceria
com a Coordenação da Região
Metropolitana de Curitiba (Comec), e com o
Instituto Ambiental do Paraná (IAP),
com objetivo de definir critérios de
avaliação e selecionar áreas
potenciais para disposição de
resíduos sólidos urbanos. Este
trabalho iniciou em 2003 e resultou na definição
de critérios de análise do meio
físico para priorização
de áreas para instalação
de novos aterros sanitários.
Ribas explica que em vários
municípios do interior do Paraná,
a destinação do lixo é
executada de forma tecnicamente correta, em
aterros controlados, aliados a programas de
conscientização da população
com respeito à redução,
reutilização e reciclagem dos
resíduos sólidos urbanos.
Em alguns casos, no entanto,
os aterros têm recebido o lixo de outros
municípios, sem serem planejados para
tal, gerando problemas operacionais. Como
exemplo, estão os aterros sanitários
da Lapa e de São Mateus do Sul, que
passaram a receber lixo das cidades de Palmeira,
Porto Amazonas, São João do
Triunfo e outros municípios, que tiveram
seus lixões interditados pelo Instituto
Ambiental do Paraná (IAP), órgão
da Secretaria de Estado do Meio Ambiente.
No caso de São Mateus do Sul, os resíduos
são utilizados na recuperação
das cavas de extração do xisto
pela Petrobras.
Os municípios da
Costa Oeste e do Sudoeste do Paraná,
com maior exigência de respeito à
natureza, mantêm aterros sanitários
com boas condições operacionais
e de proteção ao meio ambiente.
O mesmo não ocorre nos municípios
do litoral e Norte do Estado, salvo exceções.
GEÓLOGO - A escolha
de locais apropriados para instalação
de aterros sanitários exige a execução
de estudos geológicos e geotécnicos
detalhados. Ribas explica que a importância
do geólogo na pré-seleção
das áreas para instalação
de aterros sanitários está na
ponderação das opções
pela análise dos atributos do meio
físico, geológicos e geomorfológicos,
hidrológicos e hidrogeológicos,
socioeconômicos e operacionais, indicando
as áreas viáveis ao empreendimento.
Na fase de pré-seleção
de áreas, explica o geólogo,
é fundamental caracterizar o tipo de
solo e profundidade, coeficiente de permeabilidade,
movimentos de massa e erodibilidade, subsidências,
condições de compactação,
textura, declividade do terreno, planícies
de inundação, afloramentos de
rocha e matacões, substrato rochoso,
drenagem, profundidade do nível de
água, áreas de recarga de aqüíferos,
poços e nascentes, entre outros atributos
do meio físico.
Com relação
aos atributos socioeconômicos é
necessário observar a densidade populacional,
a distância do núcleo populacional,
a aceitabilidade da população
e de entidades ambientais, a valorização
da terra, distância e os acessos de
disponibilidade de energia elétrica,
bem como o tempo de operação
do aterro e estudos de viabilidade técnica
e econômica.
Segundo Ribas, por questões
econômicas, a vida útil de um
aterro sanitário deve ser programada
para mais de 20 anos, em uma área não
muito distante, com facilidade de acesso e
operação, com água e
energia elétrica.
A área deve ainda
ter um substrato rochoso fácil de escavar,
de preferência impermeável, com
um solo profundo e argiloso para ser usado
na cobertura e compactação das
células de lixo. “É necessário
cerca de um m³ de terra para cobrir cinco
toneladas de lixo. Se não tiver essa
quantidade de terra na área do aterro,
deve ser buscada em outro local com as conseqüências
de gastos com o transporte e o impacto ambiental
de outra área”, explica.
Solução -
Para Ribas, a solução dos lixões
nas cidades se baseia no princípio
dos três R’s: “Reduzir”, por meio de
uma mudança de atitude, o que evita
principalmente o desperdício, “Reutilizar”
o máximo possível e “Reciclar”
os materiais recuperando parte das matérias-primas.
Esses princípios
podem ser expandidos com a aplicação
de outros Rs que são “Responsabilizar”
os geradores pelo destino final dos resíduos
ao longo da cadeia produtiva, “Reverter” para
a origem os resíduos e “Recuperar”
as áreas degradadas.
De acordo com Ribas, o problema
do lixo nas cidades é um assunto vasto
e complexo que necessita a atuação
de todas as entidades governamentais nas diversas
áreas do conhecimento, no que está
sendo chamada de Engenharia Sanitária
e Ambiental. É necessário também
um esforço dos órgãos
públicos para divulgação
e convencimento da população
em geral dos benefícios da implantação
do Aterro Sanitário.