19
de Dezembro de 2007 - Tripulação
do Esperanza estende faixa exigindo o fim
da caça às baleias.
Canberra, Austrália — Avião
e navio serão enviados para monitorar
frota baleeira japonesa. Nós também
estamos lá, com o Esperanza.
Muito bem-vindo o anúncio
do governo australiano de que vai tomar uma
série de medidas para proteger as baleias
no Santuário da Antártica contra
os baleeiros japoneses, que este ano planejam
matar mais de mil animais na região,
entre os quais 50 jubartes e 50 fins, espécies
ameaçadas de extinção.
A decisão tomada
pela Austrália esta semana aumenta
a pressão diplomática sobre
o Japão, que já foi questionado
pelos Estados Unidos sobre essa absurda 'caça
científica', mas é preciso promover
ações urgentes sob a Convenção
Internacional de Espécies Ameaçadas
(CITÉS) para evitar a matança.
"O governo pode tomar
medidas concretas para proteger a indústria
de observação de baleias da
Austrália, que fatura cerca de US$
300 milhões por ano, fazendo um protesto
formal na CITÉS contra a proposta do
Japão de matar jubartes", afirma
Steve Shallhorn, diretor executivo do Greenpeace
Austrália.
"Qualquer quantidade
de carne de jubarte que chegar aos portos
do Japão será ilegal sob a convenção
CITÉs", afirmou Shallhorn. "As
baleias jubartes estão listadas no
Apêndice 1 da CITÉS, que não
permite a comercialização de
produtos de espécies ameaçadas."
A Austrália informou
que pretende enviar aviões de reconhecimento
e o navio Oceanic Viking para monitorar a
frota baleeira japonesa na Antártica.
O Greenpeace também está na
região, com o navio Esperanza, para
defender a vida de milhares de baleias que
estão no momento sob ameaça.
Confira o nosso blog de
Oceanos, com os relatos de Leandra Gonçalves,
coordenadora da campanha de Baleias do Greenpeace
Brasil, sobre a expedição do
Esperanza no Santuário de Baleias da
Antártica.
20 anos sem caça
no Brasil
No último dia 18
de novembro foi comemorado o vigésimo
aniversário da Lei Federal 7,643 que
determinou a proibição da caça
às baleias em águas territoriais
brasileiras.
A instituição
da caça industrial de baleias no Brasil
aconteceu em 1910, com a criação
da empresa Copesbra, de capital brasileiro
e japonês. Com sede na Paraíba,
a empresa operou por todo o litoral nacional
até 1986, quando o então presidente
José Sarney sancionou a lei proibindo
a caça - de autoria dos então
parlamentares Fábio Feldmann e Gastone
Righi, e o vice-almirante Ibsen de Gusmão
Câmara. Alei entrou em vigor no ano
seguinte.
Apesar da importância
da data e dos protestos internacionais contra
o Japão e sua pretensa caça
científica, o atual governo brasileiro
ainda não se pronunciou sobre o assunto,
o que seria importante para aumentar a pressão
sobre os japoneses. No ano que vem, na reunião
da Comissão Internacional Baleeira
(CIB) no Chile, o Japão e seus aliados
tentarão derrubar a moratória
à caça - e com isso, o sonho
de muitos de se criar o Santuário de
Baleias do Atlântico Sul. Esperamos
que as autoridades brasileiras tomem logo
uma posição para garantir a
sobrevivência das baleias em todo o
mundo
+ Mais
Enquanto o mundo pede o
fim da caça às baleias, Japão
sonha com o novo Nisshin Maru
17 de Dezembro de 2007 -
Internacional — Apesar dos apelos globais
contra a matança de baleias, governo
japonês planeja a construção
de um novo navio-fábrica, três
vezes maior do que o atual.
Cidadãos e governos
de todo o mundo têm pressionado cada
vez mais o Japão, pedindo para que
o país desista de suas atividades baleeiras
no santuário de baleias no Oceano Antártico.
Mas começam a apartecer sinais de que
os japoneses planejam construir num novo navio-fábrica
com o qual poderão estender a caça
de baleias por décadas.
A idéia é
substituir o Nisshin Maru, que tem 20 anos
e pegou fogo no início deste ano, ficando
seriamente avariado, tendo que ser rebocado
de volta ao porto no Japão. Ele está
de volta ao mar este ano depois de passar
por uma grande reforma.
Segundo o jornal Suisan
Keizai, da indústria pesqueira japonesa,
"o Nisshin Maru está ficando velho
e sua capacidade para armazenar carne de baleia
não é suficiente para atender
a demanda exigida pela recente expansão
da atividade de pesquisa baleeira. Há
algumas vozes pedindo um novo navio-fábrica.
O atual, Nisshin Maru, pegou fogo não
apenas este ano, mas também uma vez
no passado. E nos dois casos, as causas do
incêndio ainda não foram identificadas..."
As tais 'vozes' que pedem
por um novo navio são as únicas
beneficiárias do programa de caça
às baleias do Japão: um punhado
de burocratas que estão gastando dinheiro
público para prosseguir com um programa
de pesquisa que não gera ciência
útil e carne de baleia que fica estocada
sem mercado de venda.
A Agência Pesqueira
Japonesa tem silenciado sobre os relatórios
sobre os bilhões de iens de dinheiro
público japonês gastos no novo
navio-fábrica baleeiro. Recente pesquisas
de opinião pública no Japão
revelam uma queda no consumo de carne de baleia
entre os jovens japoneses. A Agência
e o punhado de burocratas que se beneficiam
da caça às baleias sem dúvida
apostam que os planos de se construir a nova
embarcação permaneçam
escondidos até que seja tarde demais
para interrompê-los.
Clique aqui e assista aos
vídeos do nosso projeto A Trilha das
Grandes Baleias para entender porque somos
contra a caça promovida pelo Japão.
Como é esse novo
navio-fábrica baleeiro?
Se os baleeiros japoneses
querem um navio-fábrica que possa armazenar
toda a carne de baleias obtida no atual programa
de pesquisa (intitulado Jarpa II), ele precisa
ser capaz de estocar até 6 mil toneladas
de carne. O atual navio, o Nisshin Maru, tem
a capacidade de armazenar cerca de 2 mil toneladas.
Isso revela que o novo navio-fábrica
terá que ser pelo menos três
vezes maior do que o atual.
O Nisshin Maru custou 7
bilhões de iens (cerca de US$ 63 milhões)
20 anos atrás. O novo navio deve então
custar entre 14 e 21 bilhões de iens
(entre US$ 125 milhões e US$ 188 milhões).
Quem financia a construção?
O financiamento privado
do novo navio é improvável já
que nenhum banco ou instituição
financeira privada emprestaria dinheiro para
a caça às baleias devido à
queda no consumo de carne de baleia no Japão
e ao risco existente para sua reputação
internacional.
Por isso, é mais
provável que a nova embarcação
seja financiada com dinheiro público
de instituições do governo japonês,
principalmente a Fundação para
a Cooperação de Pesca em Alto-mar.
Em março de 2007,
a Fundação mudou suas regras
para dar empréstimos, informando que
assim o fará para proposta que se encaixem
na categoria de "cooperação
em esforços internacionais para o manejo
de recursos pesqueiros". As novas regras
contêm a frase que claramente sugere
sua intenção de providenciar
empréstimo para as atividades baleeiras:
"Cooperação
em esforços internacionais para o manejo
de recursos pesqueiros se aplica a propostas
que contribuem para a pesquisa e estudo do
manejo de espécies de peixes, incluindo
mamíferos marinhos..."
Sem surpresa, o presidente
da Fundação é Michio
Shimada, ex-diretor geral da Agência
Pesqueira Japonesa, que gerencia as operações
baleeiras do país. A Agência
Pesqueira Japonesa também deu cerca
de 1,2 bilhão de iens (ou US$ 10,5
milhões) em subsídios anuais
para a Fundação.
Se a Fundação
está emprestando dinheiro para a construção
de um novo navio-fábrica baleeiro,
então o dinheiro de impostos do Japão
será usado para financiar o empreendimento.
Quem está construindo
o navio?
O Greenpeace fez uma pesquisa
em 23 estaleiros no Japão, perguntando
se eles aceitariam uma oferta para construir
o navio-fábrica. A única empresa
entre os principais estaleiros que não
deu uma resposta negativa definitiva foi a
Mitsubishi Heavy Industry LTD.