15 de Dezembro de 2007 -
Jovens de todo o mundo reunidos em Bali convocam
governantes para agirem contra as mudanças
climáticas.
Bali, Indonésia — Acordo para combater
as mudanças climáticas adia
metas de corte de emissões de CO2 para
2050, mas Brasil fez sua parte e assumiu compromissos
para reduzir as suas, combatendo o desmatamento.
Faltou substância:
o acordo para combater as mudanças
climáticas fechado no sábado
em Bali, durante a Convenção
da ONU sobre o Clima, ignorou os apelos da
ciência e da população
em geral e estabeleceu que as metas de redução
de emissões de gases do efeito estufa
sejam fixadas explicitamente somente para
2050. A meta intermediária de 2020,
que previa a redução de emissões
entre 25 e 40%, foi incluída apenas
de forma implícita.
No entanto, pela primeira
vez, foi incluída no texto final da
reunião a questão da redução
de emissões causadas por desmatamento
de florestas tropicais. O Brasil fez a sua
parte e assumiu compromissos “mensuráveis,
transparentes e verificáveis” de redução
de emissões.
"O Brasil deu uma contribuição
muito importante para o acordo que incluiu
o desmatamento no ´mapa do caminho´
da convenção de clima. Como
75% das emissões brasileiras vêm
do desmatamento, isso significa um compromisso
com metas concretas de redução
do desmatamento", disse Paulo Adario,
coordenador da campanha Amazônia do
Greenpeace.
O acordo final do documento também
inclui um mandato para negociar uma segunda
fase do Protocolo de Kyoto até 2009,
iniciando um processo para financiar e fornecer
tecnologias limpas para os países em
desenvolvimento e um fundo para ajudar as
vítimas do aquecimento global.
O Greenpeace considera um passo positivo a
referência à necessidade de os
países ricos apoiarem o combate ao
desmatamento nos países em desenvolvimento
como o Brasil, o que inclui financiamento,
assistência técnica e transferência
de tecnologia.
"Mas ainda falta o
principal”, disse Paulo Adario. “Faltam fontes
concretas de recursos financeiros - nacionais
e internacionais - em volume suficiente para
zerar o desmatamento em menos de uma década.”
No caso do Brasil, o desmatamento
zero será a grande contribuição
do país para estabilizar o clima global
e para o futuro da humanidade. A perda de
florestas, além de dramática
é muito acelerada – uma área
equivalente a um campo de futebol é
perdida a cada dois segundos.
"Sem dinheiro não
haverá floresta, sem floresta não
há clima, sem clima não há
futuro” , afirma Paulo Adario.
O compromisso com redução de
emissões pelo países em desenvolvimento
foi liderado pelo Brasil, África do
Sul e China e permitiu o acordo final do ‘mapa
do caminho’. Serviu também de justificativa
para os Estados Unidos poderem voltar atrás
na estratégia que haviam adotado -
de bloquear qualquer acordo - e que
levou o governo Bush ao total isolamento em
Bali.
“Esse recuo americano, que
permitiu o acordo final em Bali, tem o dedo
do Brasil, da África do Sul e dos demais
países do G77”, completa Marcelo Furtado,
diretor de campanhas do Greenpeace no Brasil.
Tendo que enfrentar a críticas abertas
e sem precedentes, os Estados Unidos tiveram
que recuar e parar de causar transtornos na
reunião. No entanto, as táticas
desleais da administração Bush
deixaram o Mandato de Bali sem nenhuma referência
aos cortes cruciais necessários para
enfrentar o aquecimento global e jogaram a
ciência para a nota de rodapé.
Confira aqui a posição
do Greenpeace sobre o Mandato de Bali e o
Protocolo de Kyoto.
“Sem nenhum escrúpulo, a administração
de Bush tem tirado dinheiro das ações
para combater o aquecimento global que a ciência
diz serem necessárias”, disse Gerd
Leipold, Diretor Executivo do Greenpeace Internacional.
“Eles destinaram à ciência uma
nota de rodapé”.
Isso acontece exatamente no ano em que vencedor
do Prêmio Nobel, o Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC,
na sigla em inglês), mostra claramente
os inaceitáveis impactos das mudanças
climáticas. Esta semana, os cientistas
afirmaram que o Ártico pode viver verões
sem gelo dentro de 5 a 6 anos e que o 2007
foi o sétimo ano mais quente da história.
Consideramos que essa reunião teve
avanços em alguns temas, como ajudar
países pobres a se adaptarem aos impactos
das mudanças climáticas e dar
suporte ao avanço das tecnologias limpas.
Como resultado, o dinheiro finalmente vai
começar a circular e chegar aos mais
vulneráveis.
No entanto, o total de recursos
acordado em Bali é troco se comparado
às necessidades de adaptação
necessárias e aos trilhões para
fazer nossa tão sonhada revolução
energética. Esse dinheiro não
foi visto em parte alguma. Os países
desenvolvidos não vieram com nada substancial
para oferecer. É bom eles terem em
mente que é mais barato agir contra
o aquecimento global do que pouco ou nada
fazer.