Socióloga divulgará
Declaração dos Direitos
dos Povos Indígenas em aldeias
20 de Dezembro de 2007 -
Leandro Martins e Beth Begonha - Repórteres
da Rádio Nacional da Amazônia
- Brasília - A socióloga Kring
Kaingang vai divulgar nas aldeias brasileiras
a Declaração dos Direitos dos
Povos Indígenas, elaborada pela Organização
das Nações Unidas (ONU). Kring
é representante do Conselho Nacional
de Segurança Alimentar e integra a
Coordenação Geral de Defesa
dos Direitos Indígenas da Fundação
Nacional do Índio (Funai).
Ela foi a única indígena
brasileira que participou das discussões
sobre a declaração, documento
que levou 20 anos para ser concluído.
Em entrevista ao programa
Amazônia Brasileira, da Rádio
Nacional da Amazônia, Kring Kaingang
apontou a questão territorial como
o tema mais polêmico entre os indígenas
e o governo brasileiro. Segundo a socióloga,
desde os governos militares, as autoridades
federais consideram apenas os direitos individuais
dos indígenas, como educação
e saúde, mas negam o direito coletivo
ao território, argumentando que o território
pertence à nação, e não
às comunidades.
"Pela primeira vez,
temos um instrumento internacional de direitos
humanos dos povos indígenas que valoriza
o conceito de direito coletivo, que era uma
preocupação muito grande de
todos os povos indígenas do mundo também",
disse Kring, ao comentar a declaração
da ONU.
Ela explicou que o reconhecimento
do direito coletivo é importante para
a sobrevivência dos povos indígenas:
"Foram reconhecimentos extremamente importantes,
que de alguma forma refletem aquelas demandas
que os povos indígenas do mundo têm.
As políticas ambientais, o próprio
uso do território - ele é um
direito coletivo, não é um direito
individual."
Os indígenas brasileiros
temem a aprovação de projetos
de lei que permitam a exploração
mineral em seus territórios. Eles também
receiam que projetos nacionais, como o da
Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no
Pará, provoquem inundações
por barragens em áreas indígenas.
Eles pretendem usar a declaração
para barrar a mineração e as
grandes obras do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) que atingem reservas
indígenas.
A Declaração
dos Direitos dos Povos Indígenas inclui
aspectos relevantes sobre os direitos culturais
e étnicos coletivos; o direito à
terra e aos recursos naturais; a manutenção
das estruturas econômicas e os modos
de vida tradicionais; o direito consuetudinário
(conjunto de normas não escritas, mas
consagradas pelos usos e costumes tradicionais
de um povo; e o direito coletivo à
autonomia.
Kring Kaingang informou
que, em fevereiro do próximo ano, haverá
um seminário nacional para que os indígenas
brasileiros discutam o conteúdo da
documento elaborado pela ONU. O encontro será
promovido pela Confederação
das Organizações Indígenas
Brasileiras (Coiab), pelo Warã Instituto
Indígena Brasileiro e pela Articulação
dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas
Gerais e Espírito Santo (Apoine).
+ Mais
Servidora da Funasa em Manaus
alerta para nova ocupação do
órgão por indígenas
19 de Dezembro de 2007 -
Amanda Mota - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - A servidora da
Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) no Amazonas e membro da Comissão
dos Servidores Públicos Federais no
estado, Edileuda Freire, alertou que os índios
que ocuparam por 16 dias o prédio do
órgão em Manaus ameaçam
invadir novamente o local. De acordo com Edileuda,
a situação coloca os funcionários
sob forte pressão, alterando a rotina
de trabalho.
Os servidores se reuniram
ontem (18) para discutir a situação.
"Estamos sem condições
de trabalhar diante dessa forte pressão
de possíveis ocupações
do prédio pelos indígenas. Vamos
fazer um documento após essa reunião
e enviar às autoridades competentes
para resolvermos esse mal-estar. A gente não
se opõe às manifestações
indígenas. O que não concordamos
é com a maneira violenta e agressiva
como estão sendo praticadas. Se for
o caso, nós também estamos dispostos
a paralisar as atividades em todo estado",
afirmou a servidora.
O indígena Enos Munduruku,
uma das lideranças responsáveis
pela ocupação, confirmou a possibilidade
de nova invasão, caso o acordo feito
entre eles e a direção da Funasa
em Brasília não seja cumprido.
"A gente entende que
a responsabilidade dessa questão não
é dos funcionários, mas sim
da direção da Funasa. Estamos
tentando dialogar para que isso [a invasão]
não aconteça", disse o
indígena.
O atual coordenador da Funasa no estado, Narciso
Barbosa, admitiu que a situação
é delicada, mas que todos os aspectos
serão considerados para a resolução
do problema.
"Eu assumi essa coordenação
diante de uma situação extremamento
delicada e praticamente no fim do ano. Ainda
assim, estou tomando pé de tudo a fim
de resolver os problemas. Não posso
agir de forma precipitada e incoerente. Além
disso, temos que definir as linhas de atuação
para 2008, para que possamos realmente ter
ações concretas e objetivas
e resolver problemas sérios, como também
o da situação do Vale do Javari,
onde o grande número de casos de hepatite
e malária prejudicam a saúde
indígena", afirmou.
A reunião em Manaus
também contou com a participação
do diretor do Departamento de Saúde
Indígena da Funasa, Wanderley Guenka,
e da direção do Sindicato dos
Servidores Públicos Federais do estado
(Sindsep/AM).
Segundo a assessoria de
comunicação da Funasa, representantes
do Ministério Público e da Polícia
Federal também foram convidados, mas
não compareceram.
Na tarde de ontem (18),
cerca de 70 indígenas se reuniram com
Narciso Barbosa e o secretário de Saúde
do Amazonas, Wilson Alecrim, para reivindicar,
novamente, a exoneração da atual
chefe do Distrito Sanitário Especial
Indígena de Manaus (Dsei), Maurasina
Sabóia, e a nomeação
de um indígena para a função.
Após quatro horas
de conversa, ficou acertado que será
encaminhado à direção
da Funasa a proposta para substituição
do cargo e a indicação do indígena
Isael Munduruku.
+ Mais
Policiais e representante
da Funai vão conferir denúncia
de abusos sexuais no Amapá
18 de Dezembro de 2007 -
Verônica Bemfica - Repórter da
Rádio Nacional da Amazônia -
Brasília - Um representante da Fundação
Nacional do Índio (Funai), uma delegada
e agentes da Polícia Civil se deslocaram
hoje (18) para os municípios de Pedra
Branca do Amapari e Serra do Navio, no Amapá,
para verificar a denúncia de que meninas
indígenas de 11 anos estão sendo
abusadas sexualmente por garimpeiros.
A denúncia foi apresentada
à Comissão de Direitos Humanos
da Assembléia Legislativa do Estado
na última sexta-feira (14) pelos deputados
estaduais Paulo José (PR) e Camilo
Capiberibe (PSB).
Na denúncia consta
que além do abuso sexual, os garimpeiros
estão levando as jovens indígenas
para a comunidade de Tucano 2, no município
de Serra do Navio.
O grupo que embarcou para
investigar também vai visitar a Aldeia
Aramirã, na Terra Indígena Waiãpi.
O administrador regional da Funai de Macapá,
Frederico Oliveira, diz que se o caso for
confirmado terá de acionar outros órgãos
federais.
"Teremos que acionar
a PF [Polícia Federal] e o MPF [Ministério
Público Federal] e denunciar também
à Procuradoria Federal da Funai. E
se não passar de mentira vamos acionar
os meios legais, jurídicos para que
sejam responsabilizados aqueles que deram
declarações descabidas",
afirma.
Também para hoje
a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa marcou sessão com a autora
da denúncia, a delegada da Polícia
Civil em Serra do Navio, Janete Picanço.
"Não era de conhecimento de ninguém,
nem do setor de segurança do governo,
que foi pego de surpresa, nem da Assembléia
Legislativa, nem das associações
indígenas”, comenta o o deputado estadual
Camilo Capiberibe. “Nós estamos fazendo
uma sessão extraordinária para
ouvir ela que é a denunciante para
que ela possa dar os detalhes."
A comissão também
deve visitar a região após ouvir
as pessoas envolvidas.
+ Mais
Indígenas querem
participar de discussões sobre estrada
que ligará Porto Velho a Manaus
17 de Dezembro de 2007 -
Amanda Mota - Repórter da Agência
Brasil - Manaus - Populações
indígenas que vivem nas áreas
de influência da BR-319 estão
preocupadas com sua integridade territorial,
disse hoje (17) o assessor do departamento
etno-ambiental da Coordenação
das Organizações Indígenas
da Amazônia (Coiab), Marcelo Gusmão.
Segundo ele, os índios
desejam participar mais ativamente do processo
para construção da rodovia que
vai interligar Porto Velho (RO) a Manaus (AM).
E, a exemplo do ocorrido com a BR-163, que
liga Cuiabá (MT) a Santarém
(PA), eles querem ser ouvidos em audiências
públicas.
"Pelo menos dez povos
vivem ao longo dessa área: Palmari,
Apurinã, Parintintin, Tenharim, Torá,
Mura. Conversamos com indígenas de
Manicoré, Tapauá e Borba, e
todos querem uma audiência específica
com os indígenas", disse.
De acordo com Gusmão,
as principais demandas são a demarcação
das terras indígenas e a retirada dos
não-índos dessas terras.
"Eles também
pedem a regularização de documentos
como carteira de identidade e certidão
de nascimento, além do atendimento
à saúde e o desenvolvimento
de projetos de sustentabilidade econômica.
Por fim, não querem que haja sobreposição
de unidades de conservação em
terras indígenas e que a educação
ocorra de forma diferenciada, respeitando
suas as culturas".
As reivindicações
foram apresentadas no fórum sobre a
BR-319, realizado nesta segunda-feira pela
Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e
Departamento Nacional de Infra-Estrutura de
Transportes (Dnit), do Ministério dos
Transportes.
Os resultados da atividade
serão aproveitados no Estudo de Impacto
Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental
(Eia/Rima), exigidos pelo Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) para realização da obra.
Desde março, os documentos
estão sendo elaborados pela Ufam e
se relacionam a cerca de 260 quilômetros
dos quase 880 quilômetros que compõem
a BR-319.
A coordenadora-geral do
Meio Ambiente do Dnit, Ângela Parente,
destaca que a localização da
estrada na região Amazônica impõe
ao empreendimento características especiais
e que os aspectos indígenas não
devem ser deixados de lado.
"Manaus é a
única capital do país que não
tem acesso rodoviário. A BR 319 foi
construída na década de 70,
mas a necessidade de fazermos o Eia/Rima veio
em função da localização
na Amazônia", disse.
"A questão indígena
é tão prioritária quanto
a construção da rodovia. É
claro que eles serão ouvidos e respeitados.
Vamos cumprir tudo o que a legislação
ambiental brasileira exige".
O co-coordenador geral do
Eia/Rima da Ufam, Alexandre Rivas, explica
que os estudos feitos pela Ufam são
a primeira etapa do processo de construção
da BR-319.
"Esse é um momento
preliminar às audiências públicas,
como parte da metodologia para realização
do Estudo de Impacto Ambiental. Temos que
ouvir também as comuniddes para conhecer
as necessidades, demandas e aspirações
que elas têm para que então possamos
incorporar essas preocupações
nas recomendações que serão
dadas pelo estudo".
De acordo com o Dnit, o
trecho que interliga Manaus até o quilômetro
198 da estrada já foi executado, com
recursos do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC).
A entrega do estudo e do
relatório de impacto ambiental está
prevista para março de 2008. Depois
disso, o processo de construção
da obra entra na fase das audiência
públicas nas áreas de influência
do empreendimento.
Concluindo-se essa etapa,
o Ministério dos Transportes aguardará
do Ibama a licença de instalação
para o início das obras no trecho avaliado
pela Ufam, o que deve acontecer no segundo
semestre do próximo ano.
+ Mais
Índios yanomami sofrem
com surto de malária em Roraima e no
Amazonas
14 de Dezembro de 2007 -
Camila Vassalo - Da Agência Brasil -
Brasília - Índios da etnia Yanomami
que moram em Roraima e no Amazonas estão
sofrendo com surto de malária. Cerca
de 600 mil casos já foram registrados
na região, de acordo com o diretor
da Hutukara Associação Yanomami,
Dário Vitório Kopenawa Yanomami.
O surto também está afetando
as comunidades indígenas.
Em entrevista hoje (14)
ao programa Amazônia Brasileira, da
Rádio Nacional da Amazônia, Dário
Vitório disse que os índios
estão muito preocupados com a saúde
nas aldeias. “Registramos vários casos
de índios yanomami com tuberculose,
doenças sexualmente transmissíveis
(DST), meningite e câncer, inclusive
muitos índios acabaram morrendo”, disse
Dário.
Representantes da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) estão
cuidando da saúde da comunidade indígena,
mas, segundo Dário, os funcionários
têm dificuldade para prestar atendimento
por causa da falta de remédios e equipamentos.
“Outra dificuldade que a Funasa tem é
a questão demográfica. Além
dos obstáculos naturais, a área
é muito extensa”, acrescentou Dário.
Esses problemas, segundo
Dário, prejudicam o monitoramento das
condições de saúde de
15 mil índios yanomami. “As aldeias
são de difícil acesso. Só
dá para ir de avião”, afirmou.
Outra questão preocupante
para Dário é as invasões
constantes nas reservas por parte dos garimpeiros,
fazendeiros e pescadores. “Como a reserva
tem 9 milhões de hectares, isso facilita
as invasões. Já enviamos vários
documentos para Brasília, Polícia
Federal e Ministério Público
Federal, mas não houve nenhuma solução
até o momento”, explicou.
Segundo o líder indígena,
atualmente cerca de mil garimpeiros trabalham
no território indígena, provocando
um desmatamento enorme. Conforme ele, os Yanomami
já enviaram um documento para a Fundação
Nacional do Índio (Funai) pedindo a
retirada dos invasores, mas receberam a resposta
que não é possível tomar
nenhuma ação no momento.
+ Mais
Parceria internacional fará
levantamento de línguas indígenas
na Amazônia
16 de Dezembro de 2007 -
Amanada Mota - Repórter da Agência
Brasil - Manaus - Apesar de concentrar mais
de 150 línguas indígenas distintas
em seu território, a Amazônia
ainda precisa fortalecer o estudo dessas línguas
para desenvolver educação indígena
nas escolas e contribuir para a preservação
cultural desses povos. Para melhorar a documentação
das línguas indígenas, um grupo
de pesquisadores do Brasil e do exterior pretende
articular um programa conjunto de pesquisas
para capacitar estudantes e promover a troca
de informações entre os estudiosos.
A parceria foi acertada
no início do mês, numa conferência
em Manaus que reuniu especialistas do Brasil
e do exterior. O encontro foi organizado pela
Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e
pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa).
Um dos objetivos do encontro
foi estreitar e fortalecer a cooperação
internacional entre as cinco instituições
participantes que trabalham com a lingüística
indígena: Ufam, Inpa, Universidade
Livre de Amsterdã, Leiden Universiteit
(Holanda) e o Centre d'Études des Langues
Indigènes d'Amerique, vinculado ao
Centro Nacional de Pesquisas da França.
De acordo com o professor
do departamento de Antropologia da Ufam, Frantomé
Pacheco, a documentação das
línguas indígenas é importante
porque muitas delas têm pouquíssimos
falantes – algumas com pouco mais de dez –
e estão ameaçadas de extinção,
apesar da presença desses falantes
na zona urbana de Manaus.
"Manaus é uma
cidade multilíngüe por causa do
alto número de falantes indígenas
que aqui vivem. Diante desse quadro, que também
se repete na região amazônica,
queremos fortalecer as investigações
lingüísticas porque muitas dessas
línguas estão desaparecendo”,
argumenta Pacheco. É preciso chamar
a atenção de estudantes e professores
para o registro dessas línguas",
afirma.
Segundo Pacheco, o estudo
e a documentação dessas línguas
deve incluir aspectos fonológicos,
gramaticais e discursivos. Para ele, a pesquisa
acadêmica resultará no reforço
da identidade cultural das populações
indígenas, por meio da formação
de professores que poderão criar um
programa de revitalização dessas
línguas.
"Sabendo como os elementos
das línguas são usados, as pessoas
poderão entender e interagir nas relações
sociais. Isso poderá ajudar no fortalecimento
dessas línguas e das culturas desses
povos que as falam", avalia.
O evento teve apoio da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas
(Fapeam) e do Ministério das Relações
Exteriores da França e do Instituto
Nacional das Línguas Orientais (Inalco).
+ Mais
Indígenas pedem a
Morales que interceda com Lula contra construção
de usinas no Rio Madeira
14 de Dezembro de 2007 -
Ana Luiza Zenker* - Da Agência Brasil
- Brasília - Representantes de organizações
indígenas dos departamentos bolivianos
de Pando e Beni foram à sede do governo
boliviano em La Paz. Eles querem pedir ao
presidente Evo Morales que intervenha com
colega brasileiro, Luiz Inácio Lula
da Silva, para frear a construção
das usinas hidrelétricas no Rio Madeira,
um dos principais afluentes do Rio Amazonas,
aproveitando a visita do presidente brasileiro
à Bolívia.
De acordo com as organizações,
a construção das usinas coloca
em risco comunidades camponesas, extrativistas
e indígenas dos povoados de Chacobo,
Tacana, Cavineño, Esse Eija, Yaminahuas
e Pacahuara, nos dois departamentos (como
se chamam os estados na Bolívia).
Os movimentos indígenas
e camponeses dizem que, apesar de terem solicitado
medidas cautelares à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos, Convenção
Americana de Direitos Humanos, Protocolo de
São Salvador e princípios elementares
do Direito Internacional para evitar a construção
das represas, o Brasil pretende continuar
com o projeto.
O executivo da Federação
Sindical de Trabalhadores Camponeses de Pando
(FSTCP), Manuel Lima, explicou que a demanda
foi apresentada aos organismos internacionais
porque o Estado boliviano não assumiu
seu papel de defender a soberania nacional
e zelar pelo meio ambiente.
Desde 2006, os movimentos
sociais de Beni e de Pando estão em
estado de emergência para evitar a construção
das usinas, o que segundo ele viola os princípios
para a convivência pacífica das
nações.
Lima explicou que o complexo
hidrelétrico e de navegação
do rio Madeira afeta as populações
ribeirinhas dos rios Madre de Dios e Beni,
porque não foi feito um estudo de impacto
ambiental sério e porque viola o direito
à vida em harmonia. Ele comentou ainda
que existe um mal-estar nas populações
ribeirinhas, porque não foram consultadas
pelas empresas brasileiras com o consentimento
do presidente Lula.
Na última segunda-feira
(10), foi realizado o leilão para a
construção da usina hidrelétrica
de Santo Antônio, em Rondônia,
a primeira a ser construída das duas
que fazem parte do Complexo do Rio Madeira.
O leilão da usina de Jirau está
previsto para o ano que vem. Juntas, a previsão
é que as duas hidrelétricas
produzam 6.450 megawatts de energia.
+ Mais
Estudo inédito vai
avaliar a alimentação dos indígenas
18 de Dezembro de 2007 -
Sabrina Craide - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - A Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) vai fazer
uma pesquisa inédita para saber como
anda a alimentação dos índios.
O estudo vai analisar, principalmente, a situação
alimentar e nutricional das mulheres em idade
fértil (entre 14 e 49 anos) e de crianças
com menos de cinco anos, para promover políticas
públicas adequadas às populações
indígenas.
O presidente da Funasa,
Danilo Forte, explicou que um dos objetivos
do estudo é saber quais são
as diferenças existentes entre os povos
indígenas para elaborar soluções
específicas para cada região.
“Os costumes, a alimentação,
o tipo de comportamento, são diferentes.
Têm comunidades que são nômades,
outras são fixas. Cada etnia, cada
aldeia dessas têm um comportamento alimentar,
nutricional e cultural totalmente diversificado”,
disse.
O estudo, que vai custar
cerca de R$ 3,5 milhões, será
feito em parceria com a Associação
Brasileira de Pós-Graduação
em Saúde Coletiva (Abrasco), e financiado
pelo Banco Mundial.
O pesquisador do Grupo de
Saúde Indígena da Abrasco Ricardo
Ventura Santos disse que além de saber
como está a alimentação
dos índios, a pesquisa vai determinar
as principais causas dos problemas que afligem
essas comunidades.
“A questão nutricional
envolve uma multiplicidade de determinantes,
que vão desde a questão do saneamento,
à exposição a doenças
diarréicas e pneumônicas, até
causas muito mais amplas relacionadas à
forma de inserção das sociedades
indígenas na sociedade brasileira como
um todo, incluindo o tamanho das terras indígenas,
a inserção no mercado de trabalho,
as oportunidades educacionais e o serviço
de saúde prestado”, afirmou.
Santos destacou o ineditismo
da pesquisa. “Nós temos pesquisas nacionais
para a população brasileira
desde a década de 70, mas não
temos uma caracterização ampla
para as populações indígenas.
O que nós temos são estudos
de casos de algumas etnias em regiões
específicas no Brasil”, lembrou.
O pesquisador disse que,
além de fazer questionários
sobre os hábitos dos índios,
os pesquisadores vão medir e pesar
os índios, coletar sangue para medir
a hemoglobina e colher dados nos serviços
de saúde da região.
O mapeamento da situação
alimentar e nutricional dos índios
brasileiros começa em janeiro do ano
que vem, e até dezembro de 2008 os
resultados devem estar concluídos.