20 de Dezembro
de 2007 - Bárbara Lobato - Da Agência
Brasil - Brasília - Líderes
indígenas da etnia Cinta Larga se reuniram
hoje (20) com o ministro da Justiça,
Tarso Genro, e com o presidente da Fundação
Nacional do Índio (Funai), Márcio
Meira, para apresentar reivindicações
que envolvem o desenvolvimento da comunidade
na Terra Indígena Roosevelt, em Rondônia.
A pauta de reivindicações
contém dez itens. Entretanto, os índios
deram destaque na reunião para o fim
da exploração de diamantes na
terra indígena e para mudanças
na atuação da Polícia
Federal no local. Os indígenas também
sugeriram projetos de desenvolvimento sustentável
a fim de fornecer alternativas de sobrevivência
à população.
Segundo o cacique Marcelo
Cinta Larga, o governo pretende atender “a
maioria das demandas em janeiro”. Na avaliação
do cacique, a atuação da PF
é um dos pontos que mais incomoda as
etnias Cinta Larga, Surui e Apurinã.
“Tem que pensar qual maneira poderia trabalhar
sem prejudicar as comunidades indígenas”,
ressaltou.
O cacique disse que a polícia
aborda os índios de maneira rude, colocando
armas no peito dos que querem entrar na aldeia.
Além disso, os policiais pedem para
que mulheres e crianças tirem a roupa
para serem revistados.
Outra reivindicação
que envolve a PF é que há garimpeiros
na região retirando minerais preciosos
e, de acordo com as lideranças indígenas,
os policiais não fazem nada.
“Eles [os garimpeiros] não
entram pela barreira da Polícia Federal.
Eles passam por dentro floresta". De
acordo com o cacique, cerca de 80 garimpeiros
fazem extração de diamantes
no local.
O Cinta Larga ainda acrescenta:
“o índio não tem vergonha de
passar por dentro da barreira. O índio
passa pela barreira e só de saber que
o índio foi para a casa no rumo do
garimpo, eles [os policiais] intimam o índio
e processam o índio.”
Para serem ouvidos pelo
governo, os indígenas detiveram cinco
pessoas no último dia 8, entre elas
o comissário das Nações
Unidas (ONU) David Martins Castro e o procurador
da República Reginaldo Pereira. O presidente
da Funai foi ao local e negociou a libertação
dos reféns.
A Agência Brasil procurou
a assessoria de imprensa do Ministério
da Justiça que informou que o órgão
público a fazer pronunciamento sobre
a questão seria a Funai.
Procurada pela Agência
Brasil, a assessoria da Funai informou que
hoje não poderia dar informações
sobre o assunto devido a agenda lotada do
presidente.
Atualmente, cerca de 2 mil
índios vivem na Terra Indígena
Roosevelt. De acordo com o cacique Cinta Larga,
o presidente da Funai garantiu que vai atender
algumas reivindicações, entre
elas, verificar irregularidades em terras
indígenas, a partir de janeiro.