24 de Dezembro de 2007 -
Marco Antônio Soalheiro - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- O Brasil tem condições de
mostrar para a sociedade e para
a comunidade internacional que a produção
de etanol é sustentável tanto
do ponto de vista ambiental quanto econômico.
A afirmação é do pesquisador
e chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) Solos, Celso
Manzatto, responsável pela coordenação
do zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar,
que está sendo planejado pela empresa,
com previsão de conclusão para
outubro de 2008.
O trabalho é feito
em parceria com a Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), Universidade
de Campinas (Unicamp), secretarias estaduais
de agricultura e meio ambiente, dentre outras.
Está ainda na fase inicial, que compreende
a completa sistematização dos
dados sobre solo, clima, uso da terras, cobertura
vegetal e aspectos hídricos de todas
as regiões do país.
“Estamos selecionando áreas
potenciais para cultivo da cana-de-açúcar,
considerando que não interessa a expansão
em área com algum tipo de restrição
ambiental, nem competir com área de
produção de alimentos”, explicou
Manzatto.
Apesar das críticas
que o estudo recebe de ambientalistas e de
representantes de agricultores quanto à
falta de antecedência, Manzatto considera
o zoneamento agroecológico “uma atividade
extremamente estratégica e pioneira
no Brasil”, que permitirá um planejamento
inédito da expansão de uma cultura
de forma ordenada e com critérios econômicos
e ambientais.
Segundo o pesquisador, a
possibilidade de produção de
cana-de-açúcar na Amazônia
esbarra em restrições climáticas,
de solo e ambientais, na falta de infra-estrutura
adequada da região e também
em “discussões políticas que
não cabem à Embrapa” .
Manzatto prevê condições
para que a cultura da cana-de-açúcar
cresça fora do eixo centro-sul (Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás,
São Paulo, Minas e Paraná),
que hoje concentra a produção
nacional. Maranhão, Piauí e
Tocantins são estados onde já
foram identificados potencial técnico
para receber a expansão.
+ Mais
Avanço do biocombustível
brasileiro depende de ajustes, diz especialista
24 de Dezembro de 2007 -
Marco Antônio Soalheiro - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- A produção de biocombustíveis
pode render resultados econômicos positivos
sem precedentes para o Brasil caso cresça
acompanhada de adequações tributárias
e da adoção de um planejamento
unificado de políticas de incentivo.
A análise foi feita
em entrevista à Agência Brasil
por Roberto Rodrigues, reconhecido como um
dos maiores especialistas nacionais do setor:
é coordenador do Centro de Agronegócio
da Fundação Getulio Vargas (FGV),
presidente do Conselho do Agronegócio
da Federação da Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp) e membro
da Comissão Interamericana de Etanol.
Segundo Rodrigues, alguns
estados brasileiros têm alíquotas
do Imposto Sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) altíssimas,
que inibem o crescimento do consumo de etanol.
Externamente, o problema é a inexistência
de um mercado consolidado de etanol. A solução
seria a ampliação da produção
do produto em outros países.
“Ninguém vai substituir
o petróleo se um único país
estiver produzindo de forma maciça.
O Brasil deve vender tecnologia e conhecimento
para outros países. E os países
consumidores devem criar regras legais que
determinem a mistura compulsória do
etanol na gasolina.”
Ao lembrar que não
se constrói mercado a partir do voluntarismo,
Rodrigues critica a falta de consenso de autoridades
brasileiras sobre o tema. “Temos que ter modelo
distributivo de renda, atento às questões
ambientais e logísticas. Há
um conjunto enorme de decisões que
passam por diversos organismos ministeriais
que não conversam entre si”, afirmou.
Se o Brasil conseguir superar
os entraves, o membro da Comissão Interamericana
de Etanol garante que o "horizonte para
o biocombustível é positivo".
Ele lembra que organismos internacionais de
energia calculam para os próximos 30
anos um crescimento da demanda mundial por
combustíveis líquidos de 55%,
com oferta de petróleo inversamente
proporcional. Prognóstico que faz do
etanol e do biodiesel opções
naturais.
Rodrigues não se
arrisca a dizer que árvores não
serão arrancadas no Brasil para plantação
de cana, mas também não crê
que a expansão da cultura se torne
uma ameaça para a Amazônia, em
virtude de uma preferência lógica
pelas áreas de pastagens.
“É muito mais barato e mais fácil.
Avançar na floresta, onde não
existe logística de escoamento, é
perda de dinheiro.”
A produção
de cana em áreas já desmatadas
da Amazônia merece, segundo ele, ser
melhor estudada, ainda que seja voltada para
atender apenas a demanda de insumos e suprimentos
dos 20 milhões de habitantes da região.
Os possíveis riscos
de a expansão da cana interferir na
produção de alimentos do Brasil
são descartados por Rodrigues. “Dos
62 milhões de hectares agricultados
do Brasil, 5% são cultivados com cana-de-açúcar.
Temos potencial de 90 milhões de hectares
atualmente ocupados por pastagens, aptos a
culturas agrícolas. Desses, 22 milhões
tem condições de produzir cana,
o que permitiria ampliar 7 vezes a área
atual cultivada. Em 15 anos, podemos produzir
o dobro de cana por hectare, multiplicando
por quinze a produção anual
de etanol do Brasil, que chegaria a 300 bilhões
de litros ao ano. Sobraria ainda 68 milhões
de hectares para alimentos.”
+ Mais
Lula defende acordo com
prefeitos e governadores para reduzir desmatamento
31 de Dezembro de 2007 -
Marcela Rebelo - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva defendeu que governadores
e prefeitos se comprometam a reduzir o desmatamento
no país. Lula afirmou hoje (31), em
seu programa de rádio Café com
o Presidente, que a preocupação
dos brasileiros com o meio ambiente vem aumentando.
No entanto, na avaliação de
Lula, é preciso adotar medidas mais
rígidas.
"Cada vez mais o povo
está tomando consciência de que
nós precisamos cuidar do mundo que
nós vivemos. O Brasil, nos últimos
três anos, está conseguindo diminuir
o desmatamento em 60%, o que é uma
coisa extraordinária. E nós
precisamos ser mais duros", disse.
"Eu já pedi
para a ministra Marina [Silva] mapear quais
são as cidades que têm mais desmatamento
para a gente convocar os prefeitos aqui, convocar
os governadores e fazer um acordo, eu diria
um compromisso, de que nós temos a
obrigação de evitar o desmatamento",
completou.
O presidente reiterou que
o governo brasileiro está cuidando
da questão ambiental nos fóruns
internacionais. "O ministro Celso Amorim,
a ministra Marina [Silva] foram a Bali, na
Indonésia, em que nós apresentamos
uma proposta, reiteramos a proposta de Nairobi,
que nós tínhamos apresentado.
Ou seja, os países ricos, que são
os que mais poluem o planeta, precisam assumir
a responsabilidade de pagar pela preservação
que os países mais pobres estão
fazendo."
Lula ressaltou ainda que
o país vem se destacando na área
de biocombustível. "Além
de a gente estar diminuindo o desmatamento,
o Brasil hoje é o país que tem
maior conhecimento tecnológico na área
de biocombustíveis, seja o etanol ou
seja o biodiesel."
O presidente lembrou também
que, a partir de amanhã (1º),
os postos de abastecimento de combustíveis
serão obrigados a vender óleo
diesel adicionado com 2% do biodiesel (B2).
"É importante lembrar que a partir
do dia 1º todo óleo diesel brasileiro
terá 2% de biodiesel", afirmou
Lula.