10 de Janeiro
de 2008 - Gilberto Costa - Repórter da Rádio
Nacional da Amazônia - Brasília - Até
domingo (13), 500 índios residentes no Vale
do Javari, no oeste do Amazonas, poderão
atravessar o Rio Javari, que delimita a fronteira
do estado com o Peru, para buscar atendimento médico
contra a malária no país vizinho.
Desde 3 de dezembro, sete indígenas
morreram (cinco crianças). A causa principal
foi a reincidência de malária. Segundo
a Fundação Nacional de Saúde
(Funasa), o Distrito Sanitário Espacial Indígena
do Vale do Javari registrou no ano passado 39 mortes
provocadas pela malária, tuberculose, meningite
e hepatite tipo B e D (delta).
Segundo o coordenador do Conselho
Indígena do Vale do Javari (Civaja), Clóvis
Marubo, os índios estão recorrendo
a autoridades estrangeiras para pedirem assistência
por causa da precariedade da saúde na região.
"Se o governo brasileiro não faz nada,
é bom que alguém faça alguma
coisa por nós. Estamos pedindo socorro, estamos
lidando com vida, com ser humano. Ninguém
está fazendo nada", reclamou.
A situação no Vale
do Javari é de conhecimento das autoridades
públicas brasileiras. Em 15 de agosto, representantes
da Funasa, da Fundação Nacional do
Índio (Funai), da prefeitura de Atalaia do
Norte (município próximo à
região), do Ministério Público
Federal e dos indígenas assinaram um Termo
de Ajustamento de Conduta (TAC).
O TAC continha 18 cláusulas
onde são listadas providências de curto
e médio prazo para reverter os problemas
de saúde e de ensino na região. O
documento também estabelecia que a Funasa
deveria concluir, até 31 de dezembro, a construção
de quatro pólos-base para assistência
à saúde no Vale do Javari.
Em nota de esclarecimento, a Funasa
afirma que apenas "um pólo já
está em fase de construção
e as outras obras serão iniciadas no final
deste mês". Além do atraso na
construção dos pólos-base,
a Funasa não terminou a investigação
sobre a saúde dos indígenas. Conforme
o TAC, a coleta de amostras deveria ser concluída
até 15 de setembro.
+ Mais
Índios de Roraima começam
a colher frutos de projeto de manejo sustentável
5 de Janeiro de 2008 - Paula Renata
- da Rádio Nacional da Amazônia - Brasília
- Durante todo o mês de janeiro, mais três
comunidades indígenas de Roraima vão
colher melancias pelo projeto Pati Á, criado
pela Prefeitura de Boa Vista em 2005.
A expectativa é que até
o final de março, período em que começa
o inverno, sejam colhidas mais de 12 toneladas.
Ao todo 13 comunidades participam
do Pati Á. No início, foi feita uma
capacitação e os indígenas
receberam orientações sobre manejo,
produção e vendas. A atividade incentiva
a geração de renda por meio da produção
da melancia.
A Prefeitura de Boa Vista fornece
insumos, defensivos, sementes e óleo diesel
para o funcionamento de moto bombas, além
de assistência técnica permanente dos
técnicos agrícolas da Secretaria Municipal
de Gestão Ambiental e Assuntos Indígenas.
"As comunidades estão
se inserindo no mercado de produção
dentro do município, estão começando
a sair da questão de produzir apenas para
o seu sustento e vislumbrar o mercado", disse
o o coordenador do Pati Á, Eliander Pimentel.
"Existe uma mudança social grande em
cima disso, saindo daquela inércia de só
ganhar do governo. Essa é a intenção".
Além de abastecer o mercado
local, algumas comunidades vendem a melancia para
outras cidades o ano todo. O preço de cada
unidade é R$ 3. Em 2007, cada produtor indígena
lucrou cerca de R$ 4 mil reais com a venda das melancias.