3 de Janeiro de 2008
- Renata Pompeu - Repórter da Agência
Brasil - Elza Fiúza/ABr - Brazlândia
(DF) - Produtor de hortaliças orgânicas,
Luciano Fernandes, mostra produção
que atende novas normas do Ministério da
Agricultura
Brasília - Os preços altos são
o principal obstáculo para aumentar o consumo
dos orgânicos no país, avalia o produtor
rural Luciano Fernandes.
Ele explica que, como são
produzidos em condições especiais,
muitas vezes o valor final dos orgânicos é
superior ao dos produtos tradicionais.
“Gasta bem mais mão-de-obra
em relação ao produto convencional,
além da perda com insetos que os comem”,
ponderou o produtor rural, que trabalha com vegetais
orgânicos em uma chácara próxima
a Brasília.
Mesmo sem usar agrotóxicos,
Fernandes afirma ser possível combater pragas
que geralmente atacam as plantações.
“A gente usa vários produtos orgânicos
para ajudar a combater [as pragas]. Mas, na maioria
das vezes, é o próprio equilíbrio
do ambiente que evita os insetos. A longo prazo,
quando você deixa de jogar veneno, outros
predadores vêm para sua chácara e combatem
os insetos.”
Antes mesmo de o decreto com novas
regras para a produção e comercialização
de orgânicos no Brasil ser editado, o produtor
já observava normas previstas, como o uso
sustentável do solo.
O comerciante Verinaldo da Silva
ressalta que a relação custo-benefício
no consumo de orgânicos costuma compensar.
E afirma que consumir orgânicos é um
investimento em saúde.
“Quando se tem um produto diferenciado,
sempre há reclamação de preço.
Mas aquelas pessoas que têm consciência
sobre alimentação e que entendem o
consumo de orgânicos como investimentos em
saúde não reclamam, porque sabem que
você investe em uma alimentação
boa e acaba não tendo prejuízo com
remédio, por exemplo”, destacou.
+ Mais
Novas regras para produtos orgânicos
buscam maior confiabilidade da certificação
3 de Janeiro de 2008 - Renata
Pompeu - Repórter da Agência Brasil
- Elza Fiúza/ABr - Brazlândia (DF)
- Plantação de alimentos orgânicos
que atendem novas regras do Ministério da
Agricultura
Brasília - Desde a última sexta-feira
(28) está em vigor decreto que cria novas
regras para a produção e comercialização
de produtos orgânicos no Brasil.
Entre as principais mudanças
está a criação do Sistema Brasileiro
de Avaliação da Conformidade Orgânica,
que visa a assegurar a confiabilidade da certificação
dos produtos orgânicos.
Caberá ao Ministério
da Agricultura, juntamente com os secretarias estaduais,
fiscalizar entidades responsáveis pela certificação
dos produtos.
Cada entidade só vai poder
emitir selos de garantia de procedência depois
de autorizada pelo sistema e pelo Instituto Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Inmetro).
A nova norma ainda permite a produção
paralela na mesma propriedade de produtos orgânicos
e não-orgânicos. A exigência
é que haja uma separação do
processo produtivo. Também não poderá
haver contato com materiais e substâncias
de uso não-autorizado para a produção
de orgânicos, como agrotóxicos.
O decreto tem a finalidade de
substituir a Instrução Normativa nº
7 de 1999, do Ministério da Agricultura.
Segundo o coordenador de Agroecologia do ministério,
Rogério Dias, a norma anterior abordava de
forma superficial alguns aspectos da produção
animal e vegetal.
Em entrevista à Rádio
Nacional, Dias afirmou que as novas regras vão
garantir a qualidade dos produtos vendidos com o
selo de orgânicos. “O consumidor vai poder
ter a certeza do que ele está comprando,
agora nós vamos ter realmente um quadro em
que todos os pontos da produção vão
ser tratados”, ressaltou.
O coordenador acrescenta ainda
que o consumidor brasileiro ainda não conhece
bem os produtos orgânicos. “O consumidor ainda
tem uma percepção de que o produto
orgânico é aquele sem veneno, sem agrotóxico,
e isso é um conceito básico. Mas as
pessoas não conseguem ainda saber tudo que
está por trás de uma produção
orgânica; o que faz a produção
orgânica é você ter um sistema
de produção orgânico, e para
isso você tem que observar uma série
de princípios”, explicou.
Exemplos desses princípios
são a existência de um solo vivo (conjunto
de práticas associadas ao manejo sustentado
dos recursos naturais), a presença de uma
biodiversidade de culturas no sistema e a questão
da eficiência energética. Atualmente
existem no mercado diversos tipos de produtos orgânicos,
tanto in natura quanto processados. Além
de vegetais frescos, tem crescido a oferta de manufaturados
como massa de tomate, vinhos, sucos e até
mesmo tecidos e cosméticos.
Novas instruções
normativas serão editadas para complementar
o decreto. A previsão do Ministério
da Agricultura é que elas possam ser submetidas
à consulta pública a partir de fevereiro.
As sugestões poderão ser apresentadas
pelo site do ministério, por carta e em audiências
públicas.