Mudanças Climáticas
- 16/01/2008 - Pesquisadores brasileiros que estão
na Estação Antártica Comandante
Ferraz para as atividades científicas do
verão 2007/2008 enfrentam o inverno mais
rigoroso dos últimos 20 anos. Eles verificaram
também que mais uma vez houve redução
da camada de ozônio.
Desde dezembro último eles
desenvolvem projetos que fazem parte do 4º
Ano Polar Internacional, como o de estudo do buraco
na camada de ozônio e sobre variações
climáticas.
As conclusões finais só
saírem em 2010, mas os resultados científicos
começam a ser divulgados este ano. “O Ano
Polar está permitindo à comunidade
científica participar de uma grande campanha
observacional para desenvolver pesquisas nos ambientes
Ártico e Antártico, aprofundando o
conhecimento quanto à conexão dos
pólos com outras latitudes, as mudanças
climáticas e sua interação
com o meio ambiente da Terra”, diz Neusa Paes Leme,
pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe/MCT) que coordena o projeto Atmosfera
Antártica e suas conexões com a América
do Sul, onde o estudo da camada de ozônio
e da radiação ultravioleta é
um dos objetivos.
Segundo ela, em 2007, a redução
da concentração do ozônio na
camada foi 15% menor do que em 2006, quando foi
registado um novo recorde em tamanho e destruição
da camada de ozônio. A concentração
do gás CFC (Cloro-Flúor-Carbono),
responsável pelo fenômeno, ainda é
alta e os modelos indicam que a camada só
estará normal em 2060, se comparada com a
concentração de 1980.
A camada de ozônio é
monitorada em Ferraz, no período de agosto
a março, desde 2001 e em campanhas especiais
em setembro e outubro, desde 1992. No período
da ocorrência do buraco de ozônio, a
concentração sobre Ferraz é
reduzida em torno de 65% e a radiação
ultravioleta (UV) pode aumentar em 500%, atingindo
valores de regiões tropicais.
Além da pesquisa sobre
a camada de ozônio, o Inpe também tem
projetos ligados ao estudo da alta, média
e baixa atmosfera, meteorologia, aquecimento global,
gases do efeito estufa, a radiação
UV, a relação sol-atmosfera (clima
espacial), o transporte de poluição
e oceanografia.
Os pesquisadores estão
elaborando três publicações
com dados dos projetos para periódicos científicos.
O projeto de meteorologia produziu um documento
com informações sobre o clima da região
com registros da temperatura de Ferraz desde 1986
e da Baia do Almirantado desde 1949.
Outras atividades
Nesta temporada foram realizadas outras atividades
como instalação da antena GPS, manutenção
do sistema de registros meteorológicos da
torre de coleta de dados, e a instalação
de uma nova web-câmera no módulo do
projeto Geoespaço para monitorar simultaneamente
a entrada da Baía do Almirantado e arredores
da Estação Comandante Ferraz. As imagens
estão disponíveis ao público
no site do projeto da Meteorologia: www.cptec.inpe.br/antartica.
Foi testado o robô para
levantamento fotográfico e obtenção
de imagens de vídeo das formas de vida marinha
encontradas no fundo da Baía do Almirantado.
Operado de forma remota, o robô, especialmente
adaptado para executar missões de exploração
nas águas geladas, realizou cinco mergulhos,
atingindo 26 metros de profundidade.
Entre o material coletado estão
amostras de água do mar para o estudo da
estrutura da comunidade do microfitoplâncton
em função das variações
de maré e amostras de matéria orgânica
dos principais tipos de solos da Antártica
Marítima. Um dos objetivos é o estudo
da introdução de poluentes oriundos
de outras áreas do planeta no ecossistema
antártico.
Nas pesquisas envolvendo a fauna
antártica – região onde se reproduzem
cerca de 40 espécies de aves, sendo oito
espécies de pingüins e as demais espécies
são aves voadoras –, foi realizado o monitoramento
do vírus da Influenza Aviaria e o Vírus
da Doença de NewCastle em Pingüins da
Ilha Rei Jorge, além do estudo das condições
ambientais extremas da Antártica, como o
frio intenso, que influenciam as características
fisiológicas, reprodutivas e comportamentais
das espécies que vivem ou se reproduzem neste
ambiente.
Segundo os pesquisadores, a primeira
fase de atividades de vários projetos teve
a rotina alterada em função da ausência
de água no sistema de abastecimento da Estação,
o que modificou alguns dos objetivos previstos,
pois as medições que dependem desse
recurso seriam impraticáveis ou corriam o
risco de gerarem dados inverídicos em relação
ao padrão usual de Ferraz.
Para mais informações, acesse http://www.inpe.br/antartica/
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Assessoria de Imprensa do INPE