15/01/2008 - Gisele Teixeira-
O Projeto GEF Mangue, que visa a conservação
e uso sustentável da biodiversidade de manguezais
em áreas protegidas no Brasil, começa
a ser implementado este ano. Cinco áreas
nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste irão
receber US$ 20 milhões
do governo brasileiro e de instituições
internacionais para ações de preservação
do ecossistema e geração de renda.
O recurso vai financiar, por quatro anos, oficinas
de capacitação, revisão da
legislação ambiental e atividades
econômicas sustentáveis. A iniciativa
é uma cooperação técnica
entre o Ministério do Meio Ambiente, Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(Pnud) e GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente,
na sigla em inglês), entre outras instituições.
Estima-se que o Brasil abrigue
em torno de 9% dos manguezais do mundo. Estas áreas
são, junto com os recifes de corais, os maiores
berçários do ecossistema marinho e
fazem uma interface entre o ambiente costeiro e
o marinho. Mesmo assim, encontram-se ameaçados
devido a fatores como a carcinicultura desordenada
e ilegal, a expansão de áreas urbanas,
turismo e pesca predatórios, além
de poluição por petróleo e
esgoto.
Os manguezais ocupam 13,4 mil
quilômetros quadrados do território
brasileiro - o equivalente a quase metade da área
de Alagoas - e abrigam cerca de 800 espécies
de plantas, moluscos, peixes e aves. As regiões
piloto do GEF Mangue somam 5.680 quilômetros
quadrados, o que significa metade de toda a região
de mangue do país.
Maria Carolina Hanzin, uma dos
coordenadoras do GEF Mangue, informa que o GEF Mangue
será implantado em cinco mosaicos de unidades
de conservação: Reentrâncias
Maranhenses, Delta do Parnaíba, no Piauí;
estuário do Rio Mamanguape, na Paraíba;
Mosaico de Unidades de Conservação
do litoral de São Paulo e Paraná e
Reservas Extrativistas Marinhas do Pará.
A expectativa é que posteriormente a experiência
seja aplicada em outros manguezais.
As áreas serão trabalhadas
em projetos específicos, de acordo com as
peculiaridades de cada região. No litoral
do Maranhão, por exemplo, em uma área
de 2,5 milhões de hectares e que compreende
16 municípios, será elaborado um zoneamento
ecológico e econômico e fortalecido
o Conselho da Área de Preservação
Ambiental. No Piauí, o foco é o manejo
do caranguejo-uçá, espécie
muito explorada na região, bem como a identificação
de alternativas econômicas à criação
do crustáceo.
Na Paraíba, as iniciativas
são para gestão integrada de recursos
hídricos e costeiros e, no Pará, por
exemplo, para a implantação de uma
gestão ecossistêmica de pesca que abranja
nove reservas extrativistas. Por fim, São
Paulo e Paraná devem abrigar projetos de
fortalecimento de instrumentos econômicos
e mecanismos financeiros para sustentabilidade das
UCs.
Dos US$ 20 milhões previstos
para o programa, US$ 5 milhões devem vir
do GEF e US$ 15 milhões do governo brasileiro,
por meio do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais), do Ministério
do Meio Ambiente e do Instituto Chico Mendes. A
quantia deve começar a ser liberada no primeiro
trimestre deste ano.