11/01/2008 - Lucia Leão
- A Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento
Rural Sustentável finaliza, neste semestre,
a primeira etapa do Projeto de Gestão Ambiental
Rural (Gestar) e vai disponibilizar para a sociedade
os resultados da sua implementação
em nove territórios de atuação
distribuídos por todas as regiões
do País. A apresentação será
feita em um seminário nacional e as experiências
serão sistematizadas
em uma publicação. O documento reunirá
todos os planos de gestão ambiental produzidos
com o apoio do Projeto e informações
das metodologias utilizadas, que poderão
ser aplicadas por outras comunidades de produtores
rurais familiares.
Iniciado em 2003 por meio de um
acordo de cooperação técnica
entre o MMA e a Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação
(FAO), o projeto piloto do Gestar foi implementado
junto aos suinocultores da região da Bacia
Hidrográfica do Rio Ariranha, em Santa Catarina.
A experiência indicou a necessidade de ajustes,
especialmente nos critérios de definição
dos territórios a serem trabalhados. O histórico
da ocupação territorial, de acordo
com a avaliação dos técnicos,
é decisivo no estabelecimento do vínculo
da comunidade com a terra. É esse vínculo
que identifica as pessoas com o território
em que vivem e que as motiva a adotar práticas
sustentáveis para conservá-lo, que
é o objetivo principal do Projeto.
O Gestar oferece instrumentos
para as comunidades rurais assumirem a responsabilidade
pela conservação do território
em que atuam. Com apoio de parceiros locais - ONG,
universidades, associações, cooperativas,
fundações, etc. - as comunidades se
organizam, fazem um diagnóstico ambiental
da área e elaboram o Plano de Gestão
Ambiental Rural. Além da região do
Ariranha, este trabalho já foi concluído
nos projetos do Triângulo Mineiro (MG), Mampituba
(divisa RS/SC) e Paulo Afonso/Xingó (AL,
SE, BA). Nos próximos meses serão
finalizados os planos do Baixo Amazonas (Santarém-PA),
BR-163 (Itaituba-PA), Portal da Amazônia (norte
do MT - Alta Floresta) Araguaia (nordeste do MT
- São Félix do Araguaia) e Serra Geral
(norte de MG - Montes Claros-MG).
Para a próxima etapa, o
MMA estuda uma ampliação do Gestar
que, além de comunidades de agricultores
familiares, pode focar a gestão ambiental
rural em áreas indígenas e de outras
comunidades tradicionais.
+ Mais
MMA inicia implantação
de polinizadores
11/01/2008 - Chegou a hora de
o Brasil implementar o projeto internacional "Conservação
e Manejo de Polinizadores para uma Agricultura Sustentável
através de uma Abordagem Ecossistêmica"
- do qual o País foi convidado a participar,
ao lado de África do Sul, Quênia, Gana,
Índia, Paquistão e Nepal, pela Organização
das Nações Unidas para Alimentação
e Agricultura (FAO). No fim de 2007, após
dois anos de negociação, o Comitê
do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) aprovou
a liberação de recursos para o projeto.
"Aguardamos agora o momento
de assinar o acordo de doação para,
em seguida, definir como serão feitas as
chamadas para os subprojetos e iniciar a implementação
do projeto ainda esse ano", revela Marina Landeiro,
responsável pela iniciativa no Departamento
de Conservação da Biodiversidade (DCBio).
No Brasil, o projeto é coordenado por Braulio
Dias, diretor do DCBio do Ministério do Meio
Ambiente.
O projeto submetido ao GEF para
financiamento inclui quatro componentes: levantamento
de conhecimentos básicos sobre polinizadores;
aplicação de boas práticas
de manejo em benefício dos polinizadores;
capacitação em vários níveis;
estabelecimento de políticas públicas;
e disseminação de resultados para
conscientizar a sociedade sobre a importância
da polinização. Em linhas gerais,
o grande objetivo do projeto - que envolve a Iniciativa
Brasileira de Polinizadores e diversos parceiros
do governo e da sociedade - é promover a
implementação da Iniciativa Internacional
para a Conservação e o Uso Sustentável
dos Polinizadores (IPI), uma decisão da Conferência
das Partes da Convenção sobre Diversidade
Biológica.
"Queremos estabelecer áreas
agrícolas cercadas por natureza intacta -
para assim sustentar os polinizadores e, por fim,
mudar a paisagem agrícola no País",
reitera Marina. "Nossa intenção
é mostrar ao agricultor que, mantendo a biodiversidade
por meio de boas práticas agrícolas,
ele terá ganhos em qualidade e quantidade".
A idéia inicial é criar 20 sítios
experimentais em todos os biomas, para que sirvam
de modelo para o projeto de grande escala.
Em anos recentes, o desmatamento
e o uso indiscriminado de pesticidas têm levado
à escassez de polinizadores - abelhas, mamangavas,
besouros, borboletas, morcegos, pássaros
e outros animais que realizam o serviço ecológico
fundamental que é a polinização.
Além das evidentes implicações
ambientais, a ausência de polinizadores em
vários agroecossistemas tem resultado em
perda de produtividade e de qualidade na produção
agrícola.