23 de Janeiro de 2008 - Marco
Antônio Soalheiro - Repórter da Agência
Brasil - José Cruz/Abr - Brasília
- Secretário-executivo do Ministério
do Meio Ambiente, João
Paulo Capobianco, e minsitra Marina Silva, participam
de entrevista coletiva sobre o aumento do desmatamento
na Amazônia.
Brasília - Dados preliminares divulgados
hoje (23) pelo Ministério do Meio Ambiente
e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) apontam um desmatamento na região
amazônica de 3.235 quilômetros quadrados
entre agosto e dezembro de 2007, o equivalente a
cerca de 320 mil campos de futebol.
Os órgãos não
falam em crescimento percentual pela indisponibilidade
de informações completas do mesmo
período de anos anteriores. Mas, segundo
a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o número
representa uma tendência “preocupante” de
aumento.
“O governo não quer pagar
para ver. Não vamos aguardar a sorte, e sim,
trabalhar para fazer frente a esse processo”, disse
a ministra.
A maior parte dos desmatamentos
detectados no período se concentrou em três
estados: Mato Grosso (53,7% do total desmatado),
Pará (17,8%) e Rondônia (16%).
Entre as causas para o aumento,
Marina citou a seca prolongada e uma possível
influência do avanço da produção
de soja e da pecuária nas regiões.
Ela evitou responsabilizar diretamente as atividades
econômicas, mas ao lembrar que a carne e a
soja estão com preços internacionais
favoráveis, afirmou: “ Não acredito
em coincidência.”
A ministra disse que será
feita uma averiguação detalhada nos
locais para um diagnóstico mais preciso:
“Faremos um zoom para verificar”.
As derrubadas ocorreram em maior
intensidade nos meses de novembro e dezembro. Nesse
período, foram desmatados 1.922 quilômetros
quadrados de floresta.
Segundo Marina, os números
serão debatidos com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva amanhã (24), às 9h,
em reunião no Palácio do Planalto.
No encontro, que terá participação
de outros ministros, serão discutidas as
medidas para fortalecer a fiscalização
nos locais considerados mais críticos.
De acordo com o secretário
executivo do Ministério do Meio Ambiente,
João Paulo Capobianco, municípios
como São Felix do Xingu e Cumaru do Norte,
ambos no Pará, e Colniza, em Mato Grosso,
tradicionalmente apresentam altos índices
de desmatamento.
A matéria foi alterada
para correção de informação
(nome de um dos municípios citados)
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Área desmatada na Amazônia
pode ser o dobro dos números preliminares
23 de Janeiro de 2008 - Marco
Antônio Soalheiro - Repórter da Agência
Brasil - José Cruz/Abr - Brasília
- Secretário-executivo do Ministério
do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco,
durante entrevista coletiva sobre o aumento do desmatamento
na Amazônia.
Brasília - A área desmatada na Amazônia
entre agosto e dezembro de 2007 pode ser o dobro
dos 3.235 quilômetros quadrados desmatados
anunciados hoje (23) pelo Ministério do Meio
Ambiente. A estimativa maior pode ser explicada
pelas diferenças entre os dois sistemas de
monitoramento da floresta.
Segundo o diretor do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Gilberto
Câmara, os dados preliminares não refletem
a totalidade da devastação ocorrida
na região. "São apenas uma parte
do que está acontecendo. Neste período
não temos imagens de satélite detalhadas.
O Inpe chama a atenção do governo
para que tome medidas de prevenção
cabíveis”, afirmou Câmara em entrevista
concedida ao lado da ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva.
O Inpe trabalha com dois sistemas
de monitoramento da Amazônia: um que detecta
o desmatamento em tempo real (responsável
por apontar os dados preliminares) e outro com imagens
de satélite mais minuciosas, que divulga
resultados anuais. Como a variação
média entre o levantamento preliminar e o
consolidado chega a 40%, o secretário executivo
do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João
Paulo Capobianco, acredita que o desmatamento real
nos últimos cinco meses possa chegar a 7
mil quilômetros quadrados.
Segundo Capobianco, o aumento
deu-se em meses atípicos e pode ser uma antecipação
de algo previsto para 2008, por causa da estiagem,
ou significar a retomada efetiva do desmatamento
na região. “Trabalhamos com a pior hipótese”,
admitiu.
O secretário ressaltou
que, entre agosto de 2006 e agosto de 2007, foi
registrada a segunda menor taxa de desmatamento
anual da história da Amazônia. “Queremos
garantir que esta conquista se mantenha”, ressaltou.
Capobianco citou medidas que serão
colocadas em prática pelo MMA para diminuir
a derrubada de árvores. Entre elas, a definição
de uma lista suja de municípios, onde estarão
proibidas autorizações de novos desmatamentos,
e o embargo de propriedades que fizeram corte ilegal
da floresta, para impedi-las de comercializarem
produtos. “O monitoramento será feito por
radar. Se os produtores desobedecerem aos embargos,
os compradores respondem solidariamente”, explicou.